China prorroga investigação sobre importação de carne bovina até janeiro de 2026

Inicialmente, seria concluída até 6 de agosto de 2025, mas foi prorrogada para 26 de novembro e, agora, China prorroga investigação sobre importação de carne bovina até janeiro de 2026; Qual o impacto?

A indústria da carne brasileira vive mais um capítulo de tensão no comércio internacional: China prorroga investigação sobre carne bovina e mantém incertezas no mercado internacional. O Ministério do Comércio da segunda maior economia do mundo prorrogou novamente, agora até 26 de janeiro de 2026, o prazo para concluir a investigação iniciada sobre as importações da proteína vermelha. O motivo, segundo o governo chinês, seria a “complexidade do caso”, conforme comunicado oficial divulgado nesta terça-feira (25).

A investigação foi aberta em 27 de dezembro de 2024 e, inicialmente, teria encerramento previsto para 6 de agosto de 2025. No entanto, foi adiada pela primeira vez para 26 de novembro de 2025, e agora, sofre um segundo adiamento de dois meses. A medida preocupa países exportadores, especialmente o Brasil, que é o maior fornecedor de carne bovina para o mercado chinês.

Entenda o que está em jogo: riscos de sobretaxa e salvaguardas

Durante o processo investigativo, a China realizou diversas audiências com representantes de países exportadores, envolvendo tanto o setor público quanto o privado. O temor é que, ao final da análise, o governo chinês aplique medidas de salvaguardas comerciais, como limitações às importações ou a imposição de sobretaxas sobre os volumes comprados.

Na prática, essas ações seriam justificadas pelo governo chinês como mecanismos para proteger sua indústria interna de carne bovina, que estaria sendo impactada pelo forte aumento das importações nos últimos anos.

Crescimento das importações pressiona mercado doméstico

De acordo com informações do próprio Ministério do Comércio da China, as importações de carne bovina cresceram 64,93% entre 2019 e 2023. Ainda mais expressiva foi a expansão no primeiro semestre de 2024: 106,28% de aumento em relação ao mesmo período de 2019.

Esses números contribuíram para uma mudança significativa no peso das importações dentro da oferta total de carne bovina no país. Em 2019, as importações representavam 24,87% da produção total. Já no último levantamento, essa participação saltou para 43,87% — o que demonstra uma crescente dependência da proteína vinda de outros países e reforça os argumentos de que a produção doméstica perdeu espaço.

Brasil na mira, mas ainda essencial

Embora o Brasil esteja entre os mais visados por ser o maior exportador, a importância da proteína brasileira no abastecimento da China ainda é estratégica. Em 2023, cerca de 60% de tudo que o Brasil exportou de carne bovina teve a China como destino final, consolidando uma relação comercial de forte interdependência.

Contudo, a ameaça de barreiras tarifárias ou quantitativas pode desestabilizar os embarques e impactar diretamente a cadeia produtiva brasileira, que já lida com oscilações no preço do boi gordo e pressão por custos de produção.

China prorroga investigação sobre importação de carne bovina e indústria brasileira aguarda com cautela

A decisão de Pequim é acompanhada de perto por autoridades brasileiras e entidades do setor. Representantes da indústria nacional vêm atuando nos bastidores para apresentar dados que comprovem a importância da parceria bilateral e os impactos negativos de uma possível restrição comercial.

Além disso, há preocupação com o efeito dominó que medidas chinesas possam gerar em outros mercados, em especial na Ásia, onde países como Indonésia, Vietnã e Filipinas também têm aumentado suas compras da carne brasileira.

A prorrogação até 2026 prolonga um clima de incerteza sobre o comércio da carne bovina com a China, que representa bilhões de dólares por ano para a pecuária brasileira. O desfecho dessa investigação poderá moldar o cenário do setor nos próximos anos — tanto em termos de volume quanto de rentabilidade.

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