Decisão de manter imposto sobre o produto dos EUA consolida o domínio do Brasil no mercado chinês; operadores afirmam que soja americana segue ‘totalmente inviável’ e não veem retomada da demanda, apesar dos gestos diplomáticos
Em um movimento que sinaliza tanto um degelo diplomático quanto a manutenção de barreiras econômicas estratégicas, a China reviu sua política tarifária sobre produtos agrícolas dos Estados Unidos. Embora Pequim tenha anunciado a suspensão de algumas taxas retaliatórias, a soja americana, um item crucial na balança comercial, foi notavelmente excluída desse alívio.
A decisão, que entra em vigor em 10 de novembro por ordem da Comissão Tarifária do Conselho de Estado, elimina tarifas que chegavam a 15% sobre certos produtos agrícolas. Analistas em Pequim interpretam a medida como um gesto de coordenação diplomática e uma tentativa de estabilizar as relações, especialmente após o recente encontro entre os presidentes Xi Jinping e Donald Trump na Coreia do Sul.
Apesar disso, a China optou por manter duas taxas significativas: o imposto de 13% sobre a importação de soja americana e a tarifa geral de 10% sobre todos os produtos dos EUA, estabelecida durante a guerra comercial iniciada pela administração Trump.
Soja Brasileira Domina o Mercado Chinês
A consequência direta dessa política é que a soja dos Estados Unidos permanece economicamente inviável para os compradores chineses. A manutenção da tarifa de 13% garante que os embarques americanos sejam significativamente mais caros que os concorrentes.
O Brasil tem sido o principal beneficiário dessa configuração. Com cotações mais baixas e ampla disponibilidade, a soja brasileira continua sendo a escolha preferida da China. Recentemente, importadores chineses adquiriram cerca de 20 carregamentos do produto sul-americano, e operadores de mercado internacional, ouvidos pelo Safra News, afirmam não haver “nenhuma expectativa de retomada imediata da demanda chinesa pela soja dos EUA”.
Compromisso de Compra Permanece Incerto
Enquanto o mercado real favorece o Brasil, o cenário diplomático permanece nebuloso. A Casa Branca divulgou que a China teria se comprometido a adquirir volumes massivos de soja americana: 12 milhões de toneladas nos últimos dois meses de 2025 e 25 milhões de toneladas anuais nos três anos seguintes.
Contudo, Pequim ainda não confirmou oficialmente esses números. Sem um sinal concreto de compras em grande escala por parte do governo chinês, o mercado aguarda com ceticismo.
Essa barreira tarifária representou perdas bilionárias para os produtores americanos. Em 2024, apenas 20% da soja importada pela China teve origem nos Estados Unidos, uma queda drástica em comparação com os 41% registrados em 2016, antes do início das disputas comerciais.
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ℹ️ Conteúdo publicado pela estagiária Ana Gusmão sob a supervisão do editor-chefe Thiago Pereira
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