
Inovação sustentável transforma resíduo da indústria cacaueira em um novo tipo de mel – mel ‘sabor chocolate’ – com propriedades antioxidantes e potencial de mercado no segmento gourmet e funcional.
Pesquisadores apoiados pela FAPESP criaram um produto inovador: um mel com sabor de chocolate desenvolvido a partir da casca da amêndoa do cacau, um subproduto que normalmente seria descartado pela indústria. O projeto alia sustentabilidade, tecnologia alimentar e valorização de resíduos agroindustriais, representando uma alternativa promissora para o aproveitamento integral do cacau, um dos cultivos mais importantes do país.
A transformação da casca em um novo alimento
A casca da amêndoa do cacau, que geralmente é removida durante o processo de torra e moagem das sementes, possui alto teor de compostos bioativos, como polifenóis e flavonoides — substâncias conhecidas por suas propriedades antioxidantes e anti-inflamatórias. O grupo de pesquisa utilizou técnicas de fermentação controlada e hidrólise enzimática para extrair os açúcares e compostos aromáticos desse material, resultando em um mel natural com aroma e sabor semelhantes ao do chocolate.
Segundo os cientistas, o novo produto não contém aditivos artificiais e mantém uma textura viscosa e coloração escura, lembrando o mel tradicional. No entanto, apresenta um perfil sensorial diferenciado, combinando doçura e notas típicas de cacau torrado, o que o torna atrativo para aplicações na confeitaria, panificação e bebidas gourmet.
O desenvolvimento desse mel está alinhado aos princípios da bioeconomia e da economia circular, ao transformar um resíduo abundante em um ingrediente de alto valor agregado. Estima-se que, para cada tonelada de cacau processado, cerca de 10% corresponde à casca da amêndoa, que muitas vezes é subutilizada ou descartada como resíduo orgânico.
Com a inovação, o setor cacaueiro pode reduzir o desperdício e gerar novas fontes de renda, especialmente em regiões produtoras como o sul da Bahia, Pará e Espírito Santo. Além disso, o processo de produção é considerado baixo em emissão de carbono e pode ser facilmente incorporado a linhas de produção já existentes.
Potencial comercial e nutricional do mel com sabor de chocolate a partir da casca da amêndoa do cacau
Os testes iniciais mostraram que o mel de casca de cacau possui elevada atividade antioxidante, podendo contribuir para a prevenção do envelhecimento celular e o fortalecimento do sistema imunológico. O produto também apresenta baixo índice glicêmico quando comparado a açúcares refinados, o que o posiciona como uma alternativa saudável para o consumo diário.
Empresas do setor alimentício e startups voltadas à inovação já demonstram interesse na tecnologia, que pode abrir caminho para uma nova categoria de alimentos funcionais e veganos, sem origem animal e com apelo sustentável.
Inovação com sabor e propósito
O projeto, apoiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP), reforça o papel da ciência na criação de soluções que unem sabor, saúde e sustentabilidade. Ao transformar um resíduo em um produto de valor agregado, a pesquisa mostra como a inovação pode impulsionar cadeias produtivas tradicionais, fortalecendo o compromisso do Brasil com o desenvolvimento de uma agroindústria mais verde e eficiente.
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