Cientistas estão tentando desenvolver café climaticamente inteligente

A busca por alternativas em reposta as mudanças climáticas estão levando os cientistas a tentar desenvolver um café climaticamente inteligente para substituir o Arábica, o mais utilizado no mundo

Até 2050, 80% da produção de café arábica poderá sofrer um declínio significativo devido às mudanças climáticas, colocando a indústria cafeeira diante de um dos maiores desafios de sua história. Com mais de 2,2 bilhões de xícaras de café consumidas diariamente em todo o mundo, é evidente que a necessidade de encontrar alternativas ao arábica é urgente.

Atualmente, mais de 100 milhões de agricultores estão envolvidos na produção do grão, cultivando duas principais espécies: Coffea Arabica, conhecido por seu sabor e aroma superiores, e Coffea Canephora, ou café robusta, também chamado de conilon.

A Busca por Alternativas ao Arábica

O café arábica, apesar de sua popularidade, enfrenta um problema crítico. Até 2050, estima-se que até 80% da produção de café arábica possa ser comprometida pelas mudanças climáticas. Essa situação alarmante impulsionou pesquisadores da França, representados pela RD2 Vision, e do Brasil, com o Instituto Incaper, a buscar soluções viáveis. O foco é encontrar cultivares alternativas que possam substituir o arábica, garantindo a continuidade da oferta do café no futuro.

Variedades de Café Robusta emergem como uma alternativa promissora para enfrentar o aquecimento global. O café robusta não só produz mais frutos que o arábica, como também utiliza menos insumos, como fertilizantes e água. Como o próprio nome sugere, o robusta é mais resistente e adaptável. Para testar sua viabilidade, pesquisadores conduziram um estudo de cinco anos, analisando culturas de Robusta/Conilon e Arábica em três locais de grande altitude no Brasil. A pesquisa focou em três características essenciais:

  • Sustentabilidade: Capacidade de produzir mais com menos insumos.
  • Qualidade: Manter um bom sabor para atender à demanda dos consumidores.
  • Plasticidade: Adaptabilidade a novos sistemas de produção e climas alternativos.

Os resultados indicaram que algumas variedades de café robusta podem unir essas três características, tornando-se uma alternativa eficiente e “climaticamente inteligente” para substituir o café arábica em grande parte até 2050.

80% da produção de café arábica diminuirá devido às mudanças climáticas até 2050. Encontrar alternativas é hoje o maior desafio da indústria cafeeira.

Com base nesses achados promissores no Brasil, os cientistas agora buscam replicar esses resultados na Flórida. As diferenças nas propriedades do solo, na distribuição das chuvas e nas temperaturas podem impactar os resultados, e entender essas variações é crucial para avaliar a eficácia do café robusta em diferentes regiões.

Em suma, a pesquisa atual sugere que o café robusta pode desempenhar um papel fundamental na sustentabilidade da produção de café frente às mudanças climáticas, oferecendo uma solução viável para a indústria em um cenário desafiador.

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