
O encontro reuniu mais de 600 pessoas, entre produtores, técnicos da Assistência Técnica e Gerencial (ATeG), sindicatos rurais e lideranças do setor.
A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) encerrou, na sexta-feira (19), o Circuito de Resultados do Projeto Campo Futuro 2025 com a apresentação dos custos de produção da pecuária de leite, em Chapecó (SC).
Promovido em parceria com a Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Santa Catarina (Faesc), o encontro reuniu mais de 600 pessoas, entre produtores, técnicos da Assistência Técnica e Gerencial (ATeG), sindicatos rurais e lideranças do setor.
O presidente da Faesc, José Zeferino Pedrozo, ressaltou a importância da iniciativa. Segundo ele, “a CNA envia seus técnicos para levantar informações de diversas cadeias produtivas, e Santa Catarina teve o privilégio de ser escolhida para receber esta apresentação tão relevante”.
Pedrozo também destacou a força e a representatividade da pecuária leiteira no Sul do Brasil. “Os três estados da região são referência nacional na produção de leite. Sediar este painel representa o reconhecimento à relevância do nosso setor. Esse momento de aprendizado e análise técnica é essencial para obtermos dados que orientarão e projetarão o futuro dessa atividade tão importante”, enfatizou.
Para o presidente do Sindicato Rural de Chapecó, Luiz Carlos Travi, o raio X promovido pelo projeto é um diagnóstico essencial para a cadeia produtiva local. “O Projeto Campo Futuro percorreu várias cidades e Chapecó tem a tradição de sediar grandes encontros. Para nós, é uma oportunidade valiosa de ampliar o conhecimento”.
O presidente da Comissão Nacional de Pecuária de Leite da CNA, Ronei Volpi, reforçou a necessidade de investir em informação e gestão. “O futuro do setor está em vocês, que dedicam parte do tempo para adquirir conhecimento para aprimorar a gestão e fortalecer a atividade”, afirmou.
O assessor técnico da CNA, Guilherme Dias, destacou a importância da realização do último encontro do Campo Futuro em Chapecó. “O Campo Futuro, em funcionamento desde 2007, já esteve presente em todos os estados brasileiros, abrangendo mais de 66 atividades agropecuárias e totalizando 1.863 painéis analisados até 2024. Além disso, a cada mês, são acompanhados os preços de mais de 4 mil insumos”.
Guilherme ressaltou ainda que, além da participação da CNA, o projeto conta sempre com a chancela de instituições de pesquisas independentes e idôneas, que garantem o rigor científico dos levantamentos.
Análise dos custos de produção
O pesquisador do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), Giovanni Penazzi, apresentou os dados relacionados aos custos da produção, que mostram que entre 58% e 70% dos custos de produção da atividade estão relacionados à alimentação dos animais.
“Os dados também apontaram o desafio em manter a mão de obra capacitada, pois a depender do porte da atividade, até 30% dos nossos custos estão relacionados com a mão de obra”.
Como aumentar a rentabilidade
A segunda palestra do dia foi ministrada pelo diretor da Labor Rural, Christiano Nascif, que abordou estratégias para aumentar a rentabilidade do produtor de leite.
“Como a atividade leiteira tem muito dinheiro imobilizado, você precisa ter alta eficiência para transformar o recurso do leite. Porque o lucro é o resultado das coisas bem-feitas, e coisa bem-feita é a eficiência em produzir mais e melhor, com os mesmos ou até menos recursos, o famoso ganho de escala”, explicou.
Oferta e demanda de lácteos no Mercosul e no mundo – O pesquisador da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), Glauco Carvalho, apresentou um panorama do atual cenário do setor que aponta para a queda de preços.
“O cenário de aumento na oferta atual, refletido no comportamento dos preços, especialmente no mercado internacional, é caracterizado por uma importação elevada, embora o volume importado mostre sinais de redução, mesmo mantendo-se em patamares significativos. Paralelamente, a produção de leite apresenta crescimento, mas a demanda não acompanha, resultando em desaceleração do mercado”.
Casos de sucessos
O produtor de leite, Jailson Falkoski, de Dionísio Cerqueira (SC), e o técnico da AteG, Jonas Conte, compartilharam os avanços conquistados pela família na atividade leiteira com o apoio do Sistema Faesc/Senar e Sindicato Rural de Dionísio Cerqueira.
“Somos produtores desde 2000, quando meus pais iniciaram a atividade com duas vacas. A partir de 2010, focamos mais na atividade agropecuária. Quando iniciamos o programa ATeG em 2022, tínhamos 20 vacas em lactação, além de pastagens anuais e perenes. Aumentamos a produção em 82% em três anos, e nós nem acreditávamos que seria possível. Estamos muito felizes com isso”, relatou.
Outro caso de sucesso apresentado no evento foi o dos produtores Marcos Berno e Débora Liesch, de Peritiba, que relataram as expressivas melhorias conquistadas na propriedade a partir da implementação da ATeG, em parceria com o técnico de campo Ander Renã Téo. Eles integram um grupo da ATeG constituído por meio do Sindicato Rural de Concórdia.
Segurança no meio rural
A abertura do evento contou com a participação do comandante da Polícia Militar Ambiental de Santa Catarina, coronel Fabrício Berto da Silveira, que destacou os avanços na segurança no meio rural. Ele ressaltou a ampliação do Programa Rede Rural de Segurança, desenvolvido pela Polícia Militar e Polícia Militar Ambiental, em parceria com a Assembleia Legislativa e com o apoio do Sistema Faesc/Senar e dos Sindicatos, agora presente em todo o Estado.
O coronel reforçou a importância da proximidade com o setor produtivo agrícola para construir soluções conjuntas que aliem segurança, progresso econômico e responsabilidade ambiental, reafirmando o compromisso da Polícia Militar Ambiental em atuar com equilíbrio, diálogo e responsabilidade.
Circuito de resultados
Antes de Chapecó (SC), houve encontros em Rio Branco (AC) com a pecuária de corte; em Jaguaré (ES), com os cafés arábica e conilon e pimenta do reino; em João Pessoa (PB), com a cana-de-açúcar; e em Sorriso (MT) com a suinocultura.
Fonte: CNA/Senar
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ℹ️ Conteúdo publicado por Myllena Seifarth sob a supervisão do editor-chefe Thiago Pereira
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