
Do lado da produção, não deve haver em um primeiro momento redução no alojamento e abate de aves pela indústria, o que reduz os impactos aos produtores rurais.
Brasília, 23 – A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) descarta neste momento impactos da gripe aviária sobre a cadeia produtiva. A avaliação da entidade considera o fato de apenas um foco da doença ter sido confirmado no plantel comercial do País, em um matrizeiro de aves em Montenegro (RS) e o caso estar controlado. “Entendemos que não vai haver qualquer impacto na produção. Uma vez ficando restrito a esse caso e sabendo do consumo elevado da proteína no País, superior a 50 kg per capita/ano, entendemos que não sofreremos impactos na cadeia”, disse o presidente da Comissão Nacional de Aves e Suínos da CNA, Adroaldo Hoffmann, em entrevista coletiva.
Do lado da produção, segundo Hoffmann, não deve haver em um primeiro momento redução no alojamento e abate de aves pela indústria, o que reduz os impactos aos produtores rurais. “A indústria tem condições hoje de segurar essa proteína até que as exportações sejam retomadas, enquanto o consumo interno é robusto. Esperamos que isso se resolva rapidamente e não terá impacto nenhum na cadeia produtiva”, destacou.
De acordo com Hoffmann, a expectativa do setor em relação à contenção do foco “é muito boa”, considerando as medidas adotadas pelos serviços veterinários estaduais e federal. Na quinta-feira, o Brasil entrou no período de vazio sanitário, 28 dias após desinfecção da área e prazo necessário para o País retomar o status livre de gripe aviária sem a ocorrência de novos casos. “Pelo que já foi feito nos últimos 20 a 30 anos em segurança sanitária, isso vai ser debelado rapidamente. O Brasil deve resolver o problema rapidamente e dar a resposta que o mundo espera que a gente dê”, projetou o presidente da Comissão Nacional de Aves e Suínos da CNA.
Na análise dele, o Brasil terá a oportunidade de mostrar ao mundo, diferentemente de outros países onde a doença se disseminou rapidamente no plantel comercial, que o caso no Rio Grande do Sul foi uma “fatalidade” e que não irá se repetir. “Temos a oportunidade de mostrar o quanto os protocolos do Brasil, dos produtores brasileiros, em relação às enfermidades que podem acometer à produção nacional, são robustos e são eficientes”, observou.
Neste sentido, a CNA espera a rápida normalidade das exportações. Atualmente, as exportações de carne de frango de todo o território brasileiro estão suspensas temporariamente para 20 destinos, incluindo a China, o maior comprador do frango nacional. “Esperamos que o mercado se reabra rapidamente para o frango brasileiro e o Brasil volte a exportar com normalidade”, comentou o presidente da Comissão Nacional de Aves e Suínos da CNA. A confederação encaminhará um comunicado às Embaixadas do Brasil no exterior sobre os cuidados e ações adotadas nas granjas a fim do esclarecimento dos importadores, segundo Hoffmann.
Em relação aos preços da carne de aves e derivados no País, Hoffmann também não vê impactos imediatos nos valores na indústria e no varejo. “O preço do frango vai se manter no mesmo patamar. Os motivos são que o foco vai ser debelado rapidamente, a indústria consegue absorver determinado estoque da proteína e, fora isso, o Brasil consome 70% do que produz”, avaliou. “Além disso, o frango já é uma proteína barata em relação à carne bovina e à carne suína”, pontuou.
Hoffmann esclareceu que os produtores rurais seguem os protocolos repassados pela indústria e pelos serviços veterinários oficiais. Segundo ele, a atenção da cadeia produtiva está redobrada quanto ao rigor dos protocolos. “O Brasil conseguiu evitar que isso entrasse no nosso plantel por mais de vinte anos, mas entendemos que isso não vai se repetir. Não vamos baixar a guarda. Muito pelo contrário, a gente vai fechar o cerco para que isso não volte a acontecer”, apontou, destacando que a preocupação com a doença se estende a todas as regiões em virtude da presença de aves migratórias.