
Em fevereiro, foi anunciado o plano de tentativa de restrição e devolução de algumas unidades, mas sem o sucesso esperado e uma dívida de R$ 2 bilhões, o Grupo Safras entrará em recuperação judicial, informou uma fonte ao Agribiz
Crise no Agro? Mais uma gigante do setor chegou a uma situação adversa. Após meses tentando reverter um cenário crítico com dívida estimada em R$ 2 bilhões, a companhia sediada em Mato Grosso não conseguiu chegar a um acordo com seus credores, tornando a recuperação judicial inevitável. A informação de que o Grupo Safras entrará em recuperação judicial foi anunciada com exclusividade pelo portal The Agribiz.
Os controladores do grupo, Dilceu Rossatto e Pedro Moraes Filho – CEO e sócio do Grupo Safras, resistiram até o limite contra a recuperação judicial. Nos últimos meses, adotaram medidas como a devolução de armazéns arrendados para cortar custos operacionais. Contudo, segundo fontes próximas ouvidas pelo portal, as ações foram insuficientes diante da gravidade do problema. “A companhia ainda tem dificuldade de saber o tamanho exato do problema”, revelou uma das fontes ao The Agribiz.
Internamente, admite-se que a integração com a Copagri tenha sido um ponto caótico. Falhas no sistema de gestão dificultaram o controle financeiro, agravando ainda mais a crise.
Principais credores
Entre os principais credores está a financeira paraense Flowinvest, com exposição acima de R$ 300 milhões via um Fundo de Investimento em Direitos Creditórios (FIDC). O Banco do Brasil e a Caixa Econômica Federal também figuram entre os grandes credores.
Representante jurídico da Flowinvest, o advogado Roberto Isquierdo afirmou ao AgFeed, que o fundo tem total interesse na reestruturação do Grupo Safras. Ele negou qualquer possibilidade de assumir a companhia em troca da dívida.
“Para nós, como fundo de investimento que compra direitos creditórios, no fim do dia não nos interessa ter imóvel e ativos. Nosso negócio é liquidez e, para isso, temos o total interesse em que o Grupo Safras se reerga”, afirmou.
Outro passivo relevante está no mercado de capitais, onde a companhia herdou da Copagri um Certificado de Recebíveis do Agronegócio (CRA) no valor de R$ 150 milhões, com investidores importantes como Vectis e Itaú Asset (fundos VCRA11 e RURA11). Até o momento, o Grupo Safras estava adimplente com esses títulos, mas o cenário tende a mudar radicalmente com o pedido iminente.
Descontos aos credores
A recuperação judicial poderá obrigar credores a aceitar descontos de pelo menos 50% sobre as dívidas, além dos inevitáveis atrasos nos pagamentos. No mercado, a capacidade real de recuperação do grupo é questionada: ativos avaliados em R$ 1 bilhão, metade do valor total das dívidas, colocam dúvidas sobre a real viabilidade financeira futura.
Impacto no mercado
A iminência da recuperação judicial do Grupo Safras já gera preocupação entre investidores, especialmente aqueles com exposição ao setor agro. A expectativa é de desvalorização significativa de ativos e potenciais perdas para os detentores de títulos agrícolas como os CRAs.

Investidores em ações de empresas ligadas ao setor precisarão acompanhar de perto o desenrolar do processo, já que possíveis fracassos na reestruturação financeira poderão resultar em duras penalizações no mercado.
O desafio de recuperação judicial do Grupo Safras
Para comandar o processo de reestruturação, o grupo contratou o executivo Carlos Eduardo de Grossi Pereira, o “Cacá”, experiente em turnaround e conhecido por seu sucesso anterior na gigante GTFoods. Pereira assumiu recentemente com o objetivo inicial de renegociar dívidas extrajudicialmente, mas a crise financeira mostrou-se profunda demais.
A estratégia liderada por Pereira incluiu fechar escritórios em Lucas do Rio Verde (MT) e Curitiba (PR) e reduzir a capacidade de armazenagem em cerca de 150 mil toneladas. Além disso, negociações estão em andamento com potenciais parceiros, como o BTG Pactual, que podem assumir operações de armazenamento para gerar receita e reduzir passivos.
Esclarecimentos sobre controle acionário do Grupo Safras
Embora rumores sugerissem que a Flowinvest pudesse assumir o controle do Grupo Safras em troca das dívidas, Pereira descartou essa possibilidade. Roberto Isquierdo, representante da Flowinvest, confirmou interesse na recuperação do grupo, mas negou intenção de assumir participação acionária.
Futuro dos ativos estratégicos
Apesar da crise, ativos do Grupo Safras na área de bioenergia e processamento de grãos são vistos como estratégicos para futura geração de caixa e eventuais oportunidades de mercado. Entre esses ativos estão uma usina de etanol de milho em Sorriso, com capacidade produtiva de 43 milhões de litros anuais, e unidades de processamento de grãos herdadas da Copagri.
Pereira acredita que, mesmo diante da crise, esses ativos podem atrair grupos estrangeiros interessados em operações consolidadas no agronegócio brasileiro, potencialmente oferecendo uma saída financeira importante para o grupo no médio prazo.
Em resumo, a recuperação judicial marca um capítulo decisivo na história do Grupo Safras. Embora a situação seja delicada, as medidas adotadas indicam uma tentativa séria de estabilizar financeiramente a companhia, preservando o máximo possível dos ativos e buscando uma saída para os credores e investidores envolvidos.
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