Com margens negativas, alta no preço do milho deixa criadores em alerta

As primeiras previsões oficiais para a nova temporada, divulgadas pela Conab, indicavam uma produção recorde de 288,6 milhões de toneladas de grãos.

Com a alimentação animal respondendo por cerca de 80% do custo de produção de aves, suínos e da pecuária leiteira, a quebra esperada na produção de soja e milho na Região Sul, bem como as chuvas acima da média em algumas regiões do Centro-Oeste, é motivo de apreensão para um setor que há mais de um ano amarga prejuízos com a atividade.

“Em 2019/2020, tivemos um ano histórico de lucro na atividade, então, o pessoal se manteve firme. Mas, neste ano, essa gordura acabou, e já começamos 2022 com o pessoal vendendo granja”, conta o produtor e presidente da Associação Catarinense de Criadores de Suínos (ACCS), Losivânio de Lorenzi. Ele estima que cerca de 1.300 matrizes já tenham sido descartadas no Estado neste início de ano – o que se refletirá em menor oferta no longo prazo.

Nas contas de Lorenzi, 2022 iniciou com custos de produção na casa dos R$ 8, enquanto o preço de venda está em R$ 4,50. “Um prejuízo realmente muito forte, porque tudo aumentou. Se formos olhar farelo de soja, milho, insumos baseados em dólar, tudo isso tem aumentado muito e traz essa preocupação forte para o setor.”

O pesquisador da Embrapa Everton Krabbe explica que o mesmo cenário se repete para a produção de frango e ovos, atividades que também dependem do milho e do farelo de soja para a alimentação dos animais. “Nós tínhamos uma perspectiva, até esses problemas climáticos se desenharem, de que teríamos em 2022 uma supersafra, e isso com toda certeza não vai se confirmar. Então teremos um início de ano difícil para as cadeias de produção, praticamente uma reprise do que vivemos nos últimos meses de 2021”, avalia Krabbe.

Em outubro, as primeiras previsões oficiais para a nova temporada, divulgadas pela Conab, indicavam uma produção recorde de 288,6 milhões de toneladas de grãos – número que chegou a 291 milhões de toneladas em dezembro. O otimismo com a nova temporada ajudou a frear a alta nos preços da soja e do milho em meio às negociações mais fracas no final do ano. Em janeiro, contudo, o órgão federal cortou a sua previsão de safra em 2,3%, para 284,4 milhões de toneladas. Consequentemente, os preços da soja e do milho subiram, respectivamente, 3% e 7% na primeira quinzena de ja- neiro, segundo levantamento do Cepea.

“Diante desse cenário, se houver uma piora ou se se configurar mesmo essa diminuição do desempenho de safra, é lógico que vamos ter preços lá em cima outra vez”, alerta o presidente do Sindicato Nacional da Indústria de Alimentação Animal (Sindirações), Ariovaldo Zani, ao destacar que os preços dos grãos alcançaram patamares “proibitivos” no ano passado. Com 45% do consumo de ração animal concentrado na Região Sul, ele ressalta que a seca e as perspectivas para a produção de milho na região têm preocupado a indústria de rações.

Fonte: Globo Rural

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