
Produtores do RS poderão refinanciar dívidas por até 20 anos após impactos das enchentes
Diante dos prejuízos provocados pelas fortes enchentes que atingiram o Rio Grande do Sul em maio de 2024, a Comissão de Agricultura da Câmara dos Deputados aprovou, nesta terça-feira (20), o Projeto de Lei 320/2025. A proposta estabelece a possibilidade de prorrogar dívidas rurais no estado por até duas décadas, com período de carência de três anos. A medida busca dar suporte aos produtores que enfrentam sérias dificuldades financeiras após repetidas catástrofes climáticas.
O texto agora segue para análise da Comissão de Assuntos Econômicos. Uma emenda recente ampliou o alcance da proposta, incluindo também as empresas cerealistas entre os beneficiários da renegociação. Enquanto isso, agricultores intensificam mobilizações em mais de dez regiões do estado. Acampados em pontos estratégicos de rodovias, eles exigem respostas efetivas do governo e pressionam pela inclusão de mecanismos mais amplos de securitização de dívidas. Os protestos, que mantêm caráter pacífico, completam sete dias nesta quarta-feira.
Pelo projeto, cada produtor poderá renegociar até R$ 5 milhões em contratos formalizados até 30 de junho de 2025, o que permitiria liberar espaço para novas linhas de crédito e retomar a produção.
Luiz Silva, presidente do Sindicato Rural de Getúlio Vargas, reforça a urgência da medida: “A continuidade das nossas atividades depende disso. Temos enfrentado anos seguidos de perdas severas, o que comprometeu completamente nossa capacidade de quitar dívidas, tanto de custeio quanto de investimento”.
Safras comprometidas e queda na produção
As perdas no campo vêm se acumulando. Segundo dados da Emater-RS, a colheita da soja na safra 2024/2025 sofreu queda drástica: a produtividade média no estado caiu para 1.957 kg por hectare, uma redução de 38,4% em relação ao ciclo anterior. Com esse desempenho, o Rio Grande do Sul, que tradicionalmente rivaliza com o Paraná na vice-liderança da produção nacional de soja, caiu para a quinta colocação no ranking.
Para muitos produtores, esta já é a quarta ou até a quinta safra consecutiva prejudicada por fenômenos extremos, como secas prolongadas e enchentes severas. Lucas Gelinski, produtor rural da região, relata o drama vivido no campo: “Perdemos mais da metade da soja nesta safra e, no ano passado, o prejuízo passou de 80%. Estamos no limite, esperando que o Congresso e o governo se movam. Precisamos que a securitização vire prioridade”.
A aprovação do projeto pode representar um alívio importante, mas o setor produtivo continua em alerta, cobrando medidas estruturais que ofereçam maior segurança frente à instabilidade climática que, ano após ano, ameaça a sustentabilidade da agropecuária gaúcha.
Escrito por Compre Rural
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ℹ️ Conteúdo publicado pela estagiária Ana Gusmão sob a supervisão do editor-chefe Thiago Pereira
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