Como é a agricultura na Coreia do Norte, controlada pelo Estado

O sistema agrícola norte-coreano é altamente controlado pelo Estado, refletindo o modelo de economia planejada; entenda

A República Popular Democrática da Coreia, conhecida como Coreia do Norte, destaca-se como um dos países mais reservados do mundo, onde as viagens turísticas são raras, devido ao seu ambiente de restrições e controle rigoroso. Embora muitos de nós tenhamos ouvido contos intrigantes sobre essa nação misteriosa, uma área menos explorada de discussão é a agricultura norte-coreana.

Primeiramente, é essencial compreender que a Coreia do Norte é caracterizada por terrenos montanhosos desafiadores e condições climáticas adversas, o que apresenta obstáculos significativos para a agricultura. A fertilidade do solo é limitada, com apenas cerca de 20% das terras consideradas aráveis. Essa restrição impacta diretamente na capacidade do país em produzir alimentos em quantidade suficiente para sua população.

Além disso, a nação enfrenta ameaças constantes de desastres naturais, como secas, inundações, tufões e invernos rigorosos, que exercem influência negativa na produção agrícola. O sistema agrícola norte-coreano é altamente controlado pelo Estado, refletindo o modelo de economia planejada. O governo central gerencia a produção e distribuição de alimentos, sendo as fazendas estatais e as cooperativas agrícolas as principais entidades responsáveis por esse setor.

Historicamente, a Coreia do Norte concentrou seus esforços agrícolas em culturas alimentares fundamentais, como arroz, milho, batatas e soja. Contudo, a produção desses alimentos tem sido frequentemente impactada por desastres naturais e questões estruturais, como a falta de fertilizantes e equipamentos modernos. A limitação de acesso a tecnologias agrícolas avançadas também é um fator prejudicial para o desenvolvimento sustentável do setor.

Impacto na produção agrícola

Diante desses desafios, a agricultura na Coreia do Norte enfrenta uma interseção complexa de fatores naturais e estruturais que continuam a moldar a dinâmica desse setor vital para a subsistência da população.

O avanço da agricultura norte-coreana para seu potencial máximo tem sido dificultado pela falta de implementação de práticas modernas, tais como irrigação eficiente, utilização de sementes de alta qualidade, aplicação adequada de fertilizantes e adoção de métodos eficientes. A produção agrícola atual não é suficiente para atender às necessidades da população, levando o país a depender da importação de cereais. Em 2022, a produção de alimentos na Coreia do Norte foi 180 mil toneladas menor do que em 2021.

Crise de fome e dependência externa

A eficiência e produtividade da agricultura no país são desafios persistentes. Desde a década de 90, a Coreia do Norte enfrentou uma grave crise de fome conhecida como A Marcha Árdua, resultando em escassez crônica de alimentos e a morte de milhares de pessoas. Desde então, o país tem dependido da ajuda externa para suprir suas necessidades alimentares.

Ênfase no militarismo e impacto social

As sanções internacionais, em resposta aos programas nucleares e de mísseis norte-coreanos, também impactaram a capacidade do país de importar alimentos, recursos agrícolas e insumos. Apesar de tentativas no passado de melhorar a produção agrícola, especialmente durante o regime do líder anterior, esses esforços muitas vezes foram eclipsados pelo foco militarista, priorizando a capacidade bélica e propaganda, resultando em altos custos sociais. As prateleiras dos supermercados exibem produtos com preços elevados, incluindo itens básicos como leite fluido, refletindo a escassez de recursos e insumos, como o reduzido número de vacas no país.

A preferência por leite em pó é comum entre os habitantes da Coreia do Norte, onde alguns supermercados são exclusivos para estrangeiros e altos funcionários locais. A população comum, por sua vez, realiza transações de produtos agrícolas nas ruas, inclusive debaixo de pontes, revelando a presença de mercados convencionais de maneira discreta. Os trabalhadores urbanos enfrentam jornadas extensas, dedicando 10 horas por dia, seis dias por semana, com apenas um dia de descanso fora de Pyongyang. Já os trabalhadores rurais laboram incansavelmente, sem folga aos domingos, e muitos constroem suas residências nos campos, chegando a abrigos subterrâneos.

Coreia

Condições de trabalho e economia

A economia norte-coreana é completamente nacionalizada, proporcionando alimentos, habitação, saúde e educação gratuitamente pelo Estado. Apesar disso, o país é classificado como um dos mais pobres do mundo. Especialistas expressam preocupação com a possível deterioração da situação, temendo uma crise alimentar tão devastadora quanto a que assolou o país na década de 1990, resultando em estimativas de 60 a 1 milhão de mortes.

A perspectiva de visitar a Coreia do Norte levanta questionamentos, considerando a constante vigilância a cada minuto durante as 24 horas.

Em conclusão, a realidade agrícola na Coreia do Norte reflete desafios significativos, desde a limitada aplicação de práticas modernas até a dependência de importações de cereais. A persistente eficiência e produtividade da agricultura, aliadas a crises passadas de escassez alimentar, ilustram a complexidade dessa questão. A influência das sanções internacionais e as prioridades focadas no militarismo em detrimento do desenvolvimento agrícola acentuam as dificuldades.

Escrito por Compre Rural

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ℹ️ Conteúdo publicado pela estagiária Ana Gusmão sob a supervisão do editor-chefe Thiago Pereira

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