Como o agronegócio impulsiona a fortuna do homem mais rico do mundo

Descubra como o homem mais rico do mundo, o magnata por trás do império de luxo francês LVMH, construiu uma parte significativa de sua fortuna através da agricultura.

O homem mais rico do mundo, conhecido como Bernard Arnault, ostenta o título de homem mais abastado do planeta, inicialmente atribuído à sua liderança no mercado de luxo, que inclui joias reluzentes, fragrâncias envolventes e uma vasta gama de produtos suntuosos, como bolsas de grife, trajes elegantes e calçados requintados.

No entanto, o fulcro do lucro da LVMH (Louis Vuitton, Moët e Hennessy), seu renomado conglomerado que arrecadou impressionantes 86,15 bilhões de euros (equivalente a R$ 470,37 bilhões nas atuais taxas de câmbio) em 2023, reside, em parte, no setor agropecuário, fornecedor de uma parcela significativa das matérias-primas utilizadas.

Nesse âmbito econômico, que vai muito além das vitrines reluzentes, o empresário de 75 anos, com uma fortuna estimada em US$ 233 bilhões (cerca de R$ 1,1 trilhão), demonstra uma estratégia peculiarmente astuta.

Dentre esses setores, o desempenho notável de mais de 1,7 mil lojas em todo o mundo e 75 marcas distintas, incluindo roupas, acessórios e bolsas da Louis Vuitton, posicionou o segmento de moda e artigos de couro como o segundo mais rentável de todos.

Em 2023, esse ramo registrou um crescimento de 9%, alcançando uma receita de 42,17 bilhões de euros (correspondendo a cerca de R$ 229,8 bilhões). “A Louis Vuitton teve um desempenho excepcional durante o ano”, afirmou a empresa durante a apresentação dos resultados em janeiro. No que diz respeito ao setor de bebidas, este obteve um faturamento de 6,6 bilhões de euros (aproximadamente R$ 35,9 bilhões), representando um aumento de 4% em relação ao ano anterior.

Como o agronegócio impulsiona a fortuna do homem mais rico do mundo
Foto: Divulgação

O couro, sendo a matéria-prima nobre fundamental para esse negócio, é proveniente de diversos curtumes especializados no processamento de peles bovinas, ovinas, de crocodilos, entre outras. Algumas dessas empresas processadoras de couro foram adquiridas, enquanto em outras, Arnault tornou-se sócio.

Duas dessas aquisições destacam-se: a empresa francesa Roux, adquirida desde 2012, e a espanhola Riba-Guixá, da qual se tornou sócio em 2015. Fundado em 1803, o Roux é conhecido por sua especialização em couro bovino de alta qualidade, sendo fornecedor para diversas marcas de luxo. Por outro lado, o Riba-Guixá, com 80 anos de história e sede em Barcelona, também é reconhecido por sua produção de couro fino.

Em 2011, um novo lance estratégico emergiu quando a LVMH adquiriu a maior parte das ações da Heng Long, uma renomada empresa de curtumes localizada em Singapura, famosa por processar couro de crocodilo desde 1950. Essa transação representou um investimento substancial de US$ 160,8 milhões (equivalente a R$ 804 milhões na época). Um dos produtos notáveis desse empreendimento foi a bolsa de luxo conhecida como Millionaire Speedy, lançada em novembro do ano passado. Esta bolsa exclusiva, avaliada em US$ 1 milhão e adornada com diamantes, causou sensação nas redes sociais, sendo feita sob medida para clientes exigentes.

A matéria-prima para essas criações excepcionais provém de fontes diversas. Parte do couro é proveniente da captura legal de crocodilos selvagens no rio Nilo, no Egito, enquanto outra parte é oriunda de fazendas de criação no Vietnã. Este último país tem sido um dos principais exportadores de couro de crocodilo, fornecendo cerca de 30 mil unidades por ano.

Além disso, a LVMH expandiu seus horizontes comerciais através da Métiers d’Art, uma empresa fundada em 2015 para facilitar aquisições e investimentos em segmentos específicos. Em 2019, a empresa adquiriu uma participação minoritária no prestigiado curtume italiano Masoni, localizado em Florença, reconhecido pela produção de couro bovino de alta qualidade.

Em 2023, foi a vez de investir no Nuti Ivo, situado na Toscana, o qual exporta a maior parte de sua produção. No mesmo ano, a Métiers d’Art estabeleceu uma parceria com o renomado curtume espanhol Verdeveleno, com sede em Valência, especializado em peles exóticas como píton e lagarto.

O reinado das uvas: uma saga de vinhos, espumantes e champanhes

Um exemplo adicional da relevância do couro para as empresas pertencentes ao magnata Arnault é evidenciado pela linha de produtos de base vegetal. Essa nova vertente foi introduzida durante o desfile da LVMH, liderado pela renomada estilista britânica Stella McCartney, em outubro de 2023, no prestigiado evento da Paris Fashion Week.

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Surpreendentemente, esse couro vegano é derivado dos resíduos da produção do célebre champanhe Veuvet Clicquot, reconhecido como uma das marcas mais luxuosas do mundo e parte integrante da vasta gama de produtos da empresa. A inovação do “couro” vegetal foi aplicada na concepção de três elegantes bolsas, dois estilos distintos de sandálias pela Louis Vuitton, e até mesmo em um suporte exclusivo para as requintadas garrafas do Veuve Clicquot Yellow Label, uma das marcas premium da renomada produtora.

Além de seu império no mundo dos vinhos, espumantes e champanhes, Arnault se destaca não apenas por sua extensa seleção de rótulos, provenientes de 26 vinhedos (sendo o mais antigo deles datado de 1365), mas também por sua reputação na produção das bebidas de mais alta qualidade do planeta.

Um exemplo concreto do poderio da gigante francesa no cenário vitivinícola é o antigo vinhedo Clos de Lambrey, situado em 8,7 hectares na prestigiada região de Côte de Nuit, na Borgonha. Este vinhedo é emblemático da excelência mantida pela holding francesa em sua expertise na viticultura.

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Foto: Divulgação

Na Idade Média, o local já era palco de atividades agrícolas, mas foi durante a agitação da Revolução Francesa, no final do século 18, que a terra passou a ser compartilhada por um total de 74 proprietários diferentes. A partir de então, a história do lugar se entrelaçou com a da famosa revolução que mudou os rumos do país.

No século 20, especificamente em 1981, o prestígio das bebidas produzidas nesta propriedade atingiu seu auge ao serem agraciadas com o título de Grand Cru, uma distinção reservada para os mais excelentes vinhos, uma homenagem à tradição vinícola francesa.

Mais recentemente, em 2014, o Domaine des Lambrays foi adquirido pela renomada LVMH, uma gigante no mundo do luxo, expandindo ainda mais seu renome. Hoje em dia, o vinhedo é lar de um excepcional pinot noir, o Clos de Lambray, reconhecido como um dos melhores em sua categoria em todo o mundo.

Por outro lado, a história da casa Moët & Chandon, também sob o guarda-chuva da LVMH, remonta a meados do século 18, quando foi fundada em 1743 na encantadora comuna de Eparney, situada no leste da França. Renomada por seus vinhos espumantes, a região é um ícone entre os amantes da bebida.

Com um vasto vinhedo de 1,1 mil hectares, cujo solo é abundantemente rico em calcário, a propriedade está localizada na rota do champanhe, abrigando algumas das cavernas mais extensas da área, com 28 quilômetros de túneis subterrâneos que servem como um labirinto para o envelhecimento do vinho.

A produção anual estimada em cerca de 30 milhões de garrafas representa uma fatia significativa do mercado local, aproximadamente 10% do total. É nesta atmosfera única que nasce o refinado cuvée Dom Pérignon, fermentado com esmero para alcançar a excelência que caracteriza os produtos dessa prestigiada casa vinícola.

Arnault investe na prática da agricultura regenerativa

No setor agropecuário, Arnault está totalmente alinhado com as últimas tendências e os principais desafios enfrentados globalmente. No âmbito da agricultura regenerativa, uma das principais frentes de atuação ecológica na economia rural em todo o mundo, a LVMH revelou uma parceria estratégica com a CBA (Aliança de Bioeconomia Circular).

Essa aliança, um network global dedicado à transição climática, foi estabelecida em 2020 pelo monarca britânico, Charles III, durante a COP27, ocorrida em novembro de 2022 no Egito. O projeto LIFE360 tem como objetivo a restauração de cinco milhões de hectares de solo degradado até 2030.

Uma das principais iniciativas desse programa, endossado pelo magnata, é a revitalização do Lago Chade, situado na África Subsaariana, próximo à Nigéria. Esse corpo d’água experimentou uma redução de 90% entre 1963 e 2001, e corre o risco de desaparecer dentro de duas décadas, devido à intensiva produção industrial de algodão, que consome grandes volumes de água.

O Living Lab, um dos braços operacionais da CBA, com apoio da LVMH, comprometeu-se a introduzir métodos de produção baseados na agricultura regenerativa para 500 agricultores da região. Esses métodos incluem o cultivo de árvores frutíferas ou madeireiras em conjunto com as plantações de algodão, visando a restauração ecológica da área.

Escrito por Compre Rural

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ℹ️ Conteúdo publicado pela estagiária Ana Gusmão sob a supervisão do editor-chefe Thiago Pereira

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