Como uma pecuarista cortou R$ 500 mil em prejuízos sem aumentar equipe ou gastar mais

Especialista mostra que manejo cuidadoso e atenção aos animais podem gerar ganhos expressivos sem aumentar custos ou equipe

No agronegócio, muitas vezes o foco está nos ganhos e na produtividade, mas as perdas podem ter impacto tão significativo quanto os lucros. É o caso da pecuarista Carmen Perez que, segundo ela relatou em entrevista ao MF Cast, conseguiu reduzir prejuízos de cerca de R$ 670 mil para R$ 110 mil por ano, sem contratar novos funcionários e sem investir em estruturas adicionais.

Ao assumir a fazenda, a taxa de mortalidade dos bezerros era de 14%, um índice elevado que gerava perdas econômicas expressivas. “Muitas vezes pensamos apenas nos ganhos, mas esquecemos de olhar para as perdas”, afirmou Carmen Perez. Na última safra, considerando o preço médio do bezerro de R$ 245/kg, essa taxa poderia representar uma perda de R$ 670 mil por ano. Após ajustes no manejo, esse valor caiu para cerca de R$ 110 mil, mostrando o impacto direto do cuidado com os animais. Siga a leitura e acompanhe o Compre Rural, Aqui você encontra informação de qualidade para fortalecer o campo.

O segredo, segundo ela, não está em tecnologia sofisticada ou contratação de mais funcionários. Trata-se de mudanças de atitude e de manejo, como reduzir o estresse dos animais durante a inseminação, o transporte e a desmama. Pesquisas indicam que uma vaca conduzida calmamente no dia da inseminação tem 10% mais chance de prenhez do que uma conduzida de forma estressante. Na engorda, o manejo gradual da desmama permite que os bezerros ganhem peso de forma mais eficiente, mantendo o sistema imunológico fortalecido e chegando ao comprador em melhores condições.

“Você não precisa aumentar a equipe nem investir em grandes estruturas”, explica. “Basta treinar e orientar a equipe existente, aplicando técnicas de manejo mais humanas. O resultado é imediato: animais mais saudáveis, produtividade maior e menos perdas econômicas.”

O cuidado com os animais também reflete na qualidade da produção e no retorno financeiro. Bezerros menos estressados chegam ao comprador mais pesados e saudáveis, aumentando o valor comercial do lote. No caso da fazenda em questão, os bezerros foram mantidos na propriedade por 15 dias após a desmama, ganhando de 650 a 800 gramas por dia, dependendo do lote, antes de serem vendidos.

Outro ponto destacado é que o bem-estar animal não é apenas uma questão ética, mas também estratégica para o negócio. “Antes, havia uma separação entre afeto e negócio”, disse a pecuarista. “Hoje sabemos que o bem-estar animal anda junto com o bem-estar do negócio. Um animal estressado produz menos, seja em leite, carne ou taxa de prenhez. Não é frescura; é estratégia.”

Mesmo com infraestrutura antiga, como um curral construído em 1978, é possível obter resultados expressivos, desde que as pessoas responsáveis pelo manejo estejam capacitadas e engajadas. Um curral moderno sem treinamento não garante eficiência; o que importa é o olhar e a atenção dos profissionais que lidam com os animais.

Além dos ganhos financeiros, o manejo cuidadoso melhora a experiência do comprador e fortalece a imagem da propriedade. Animais bem tratados chegam mais saudáveis, adaptam-se rapidamente ao novo ambiente e mantêm alto desempenho em produtividade e qualidade.

Ao final, o que fica claro é que o bem-estar animal e a rentabilidade caminham lado a lado. Pequenas mudanças, atenção e manejo humanizado podem transformar os resultados de uma fazenda sem grandes investimentos, provando que ética, cuidado e estratégia podem ser perfeitamente integrados no agronegócio.

Escrito por Compre Rural com entrevista do MF Cast.

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ℹ️ Conteúdo publicado pela estagiária Ana Gusmão sob a supervisão do editor-chefe Thiago Pereira

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