
Associar alta eficiência reprodutiva a elevados índices produtivos é essencial para assegurar uma produção sustentável.
Na bovinocultura de corte em sistemas de cria, o principal produto é o bezerro, o que torna a eficiência reprodutiva o fator-chave para a rentabilidade do negócio. Dessa forma, associar alta eficiência reprodutiva a elevados índices produtivos é essencial para assegurar uma produção sustentável e garantir retorno econômico satisfatório ao produtor.
O planejamento da estação de monta, portanto, é o momento crítico dentro das propriedades de cria e deve ser realizado de forma planejada e estratégica, uma vez que baixas taxas de concepção e o aumento no intervalo entre partos impactam diretamente no número de bezerros produzidos, refletindo não apenas na rentabilidade do sistema, mas também na oferta de carne nos anos subsequentes.
Nesse contexto, a Inseminação Artificial em Tempo Fixo (IATF) tem se revelado uma solução eficaz em comparação à inseminação tradicional. Essa técnica se baseia em protocolos hormonais que regulam o ciclo estral das fêmeas, possibilitando a inseminação em momentos agendados.
Além disso, a IATF possibilita uma utilização mais estratégica de genética de alta qualidade, favorecendo o aprimoramento genético nos rebanhos de maneira mais eficiente. A concentração de partos, melhor controle sanitário e a otimização da mão de obra são outros ganhos com a técnica.
A estação ou período de monta tem por fim incrementar a eficiência reprodutiva na pecuária, onde as fêmeas aptas à reprodução são expostas ao touro ou à inseminação artificial durante um período determinado.
Com a proximidade do período de monta, que geralmente ocorre no Brasil-Central entre novembro a janeiro, os insumos e serviços relacionados à atividade tendem a ficar mais onerosos, em razão do aumento da demanda. Por isso, o planejamento antecipado é fundamental para garantir melhores condições de compra e disponibilidade de produtos.
Os hormônios utilizados no protocolo reprodutivo para a sincronização estral nas fêmeas são considerados um custo dentro da estação de monta.
Há inúmeros protocolos hormonais e estes variam conforme a categoria que será inseminada, a condição corporal, o estado fisiológico, o perfil da nutrição do rebanho, o clima, manejo e estrutura da fazenda.
Veja, na figura 1, um exemplo de protocolo hormonal com três de manejos.
Figura 1.
Exemplo de protocolo hormonal com apenas três manejos.

Além disso, o preço da dose de sêmen também é variável conforme a necessidade das fazendas, a depender da estratégia genética adotada, do volume adquirido e até mesmo das condições de negociação com as centrais de inseminação.
Do ponto de vista econômico, esses custos precisam ser analisados em conjunto, com o retorno esperado em termos de taxa de prenhez, concentração de partos, maior uniformidade dos lotes e, principalmente, incremento na produção de bezerros desmamados por hectare ao ano.
Em geral, o investimento realizado nos protocolos de IATF e na escolha do sêmen é amplamente compensado pela elevação da eficiência reprodutiva, pela redução do intervalo entre partos e pelo potencial de maior valor agregado ao bezerro produzido com genética superior no momento da venda.
Dessa forma, o desembolso com hormônios e com a genética deve ser entendido como um investimento estratégico e não apenas como despesa.
Outro ponto que reforça a importância do planejamento é a tendência de valorização desses insumos.
Nos últimos três meses, considerando monitoramento mensal da Scot Consultoria, o preço médio dos protocolos reprodutivos subiu 2,6%, considerando o exemplo do protocolo hormonal da figura 1.
Figura 2.
Preço médio dos hormônios do protocolo hormonal da figura 1, no Brasil.
O aumento do preço do protocolo hormonal e da dose de sêmen de corte (veja mais aqui) é reflexo da demanda com a aproximação da estação de monta.
Esse movimento de alta, ainda que aparentemente modesto, impacta diretamente o custo operacional da fazenda, sobretudo em propriedades de maior escala, em que a aquisição de hormônios representa um volume financeiro relevante.
Assim, a postergação da compra pode significar não apenas a perda de condições comerciais mais vantajosas, mas também o risco de indisponibilidade de determinados produtos em momentos de pico de demanda.
Veja, na figura 3, o comportamento do preço médio do protocolo hormonal descrito na figura 1. A tendência é de que o custo com os hormônios aumente no segundo semestre, momento da estação de monta no Brasil Central.
Figura 3.
Preços médios nominais por mês, de 2022 a 2025*, do protocolo hormonal** descrito na figura 1.
**protocolo hormonal sem o hormônio benzoato de estradiol (BE).
Fonte: Scot Consultoria.
Portanto, planejar a estação de monta de forma antecipada é uma medida que vai além do aspecto técnico.
Trata-se de uma estratégia de gestão econômica, que permite ao produtor diluir custos, assegurar melhores margens e reduzir riscos.
Em um setor cada vez mais competitivo, no qual a eficiência produtiva e o controle de custos são diferenciais decisivos, o alinhamento entre tecnologia reprodutiva e planejamento financeiro torna-se essencial para a rentabilidade do sistema de cria.
Fonte: Scot Consultoria
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ℹ️ Conteúdo publicado por Myllena Seifarth sob a supervisão do editor-chefe Thiago Pereira
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