Quem faz a engorda de bois em confinamento, tem reclamado do preço pago pelos frigoríficos que vem causando prejuízo tendo em vista os altos custos de produção.
Os baixos preços da arroba do boi e a concentração de plantas nas mãos dos grandes frigoríficos são as principais preocupações dos pecuaristas em Mato Grosso. Os problemas foram apresentados durante reuniões realizadas pela Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat) em Rondonópolis e em Barra do Garças.
As reuniões fazem parte de uma série de encontros que a Acrimat vai realizar neste mês para recolher as demandas dos produtores e reforçar a atuação da entidade em prol da pecuária de corte. As reuniões serão realizadas em outros quatro municípios.
Em Barra do Garças, o produtor Nelson Jallageas, que faz a engorda de bois em confinamento, reclamou do preço pago pelos frigoríficos, que vem lhe causando prejuízo tendo em vista os altos custos de produção. “A forma com que estão pagando os bois, com o monopólio dos frigoríficos que estão taxando como boi-China e o boi não-China, está trazendo prejuízos muito grandes para os pecuaristas”.
Já o produtor Marcelo Machado, que possui propriedade em Porto Alegre do Norte (MT), destacou que a ausência de plantas frigoríficas para atender sua região é uma das principais dificuldades, visto que precisa percorrer 600 quilômetros do seu município até Barra do Garças para abater o gado.
“Nosso principal problema é a falta de indústrias frigoríficas que possam nos assistir. Cabe muito nós discutirmos sempre ações de mercado e ações técnicas para levar um pouco de solução para o pecuarista. Além disso, tem o apagão da mão de obra qualificada, que é realidade em todo o Estado”, disse.
Em Rondonópolis, o produtor Lairto João Sperandio Filho também falou sobre as dificuldades todas as vezes que precisou comercializar seu gado, com o baixo valor da arroba praticado, e contou como conseguiu solucionar este problema: abriu seu próprio frigorífico, que tem atendido os produtores da sua região.
“A gente produz, mas, quando precisa vender, o pessoal judia no preço. Até montei um frigorífico com o intuito de parar de sofrer nas mãos dos grandes. Graças a Deus está indo muito bem. A ideia é essa. A união faz a força. Temos que nos unir”, apontou.
E a expectativa, segundo Lairto, é que, a partir da reunião com a Acrimat, outros pecuaristas possam se mobilizar para juntos enfrentarem os problemas dos baixos preços, do monopólio dos grandes frigoríficos e outras dificuldades do mercado.
“É muito importante cada vez mais estamos unidos para conseguir lutar contra o sistema. Nós somos só a ponta. Hoje quem manda no mercado são os grandes. Não adianta a gente querer bater de frente. Mas se a classe se unir, com certeza nós podemos conseguir vantagens, pois sozinho ninguém vai conseguir nada. Acredito que é de suma importância nós trazermos os problemas e contarmos com soluções. Pessoas trouxeram soluções para que possamos copiar, ter ideias do que fazer”.
O produtor Alexandre Mattos também ressaltou que tem passado dificuldades por problemas semelhantes no mercado da carne e destacou a necessidade da mobilização do setor para conseguir melhorias.
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“É uma reunião muito oportuna devido ao momento em que a gente passa, conturbado, e a necessidade de nos unirmos, juntarmos e criarmos ideias para conquistar melhores condições de trabalho e de qualidade de vida”.
“Hoje o que o produtor precisa é de uma assistência no campo com estrutura, energia, transporte e segurança. O que foi debatido aqui, já conquistamos algumas melhorias, mas ainda é um caminho longo a se trabalhar. Acredito que, com a reunião, já temos alguns pontos para rever e melhorar e esperamos que, aos poucos, a associação venha a nos atender”, completou Alexandre.
Com informações da Acrimat.