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Concessionária nega ajuda e incêndio atinge fazenda

Além de palhada de milho, a queimada destruiu 20 anos de incorporação de matéria orgânica no solo. Fazenda pode levar anos para recuperar potencial produtivo.

Produtores rurais de Mato Grosso com propriedades às margens da BR-163 estão em alerta. A combinação entre vegetação seca e combustível de veículos tornaram frequentes os incêndios na região.

Elói Bedin, de Sorriso (MT), perdeu quase 200 hectares de palhada de milho e 20 anos de incorporação de matéria orgânica no solo. Ele registrou o boletim de ocorrência e quer saber quem vai responder pelos danos.

“Está fácil para ONGs e artistas colocarem [as queimadas] na conta do produtor, mas isso ninguém vem aqui olhar. Eles têm que saber o que realmente está acontecendo neste país”, afirma.

O produtor diz que o prejuízo poderia ter sido evitado se a concessionária Rota do Oeste, responsável pela BR-163, não tivesse negado ajuda. “Não tinha mais do que 16 metros quadrados de incêndio quando meus funcionários solicitaram o caminhão-pipa deles. Eles se recusaram e disseram que não tinham acesso para vir”, relata.

Além da propriedade dele, a queimada se estendeu também para a propriedade do tio de Eloy. O incêndio destruiu cerca de 600 hectares entre área de Reserva Legal e cobertura de palhada de milho. “O prejuízo vem a longo prazo. A área vai demorar de cinco a seis anos para voltar ao potencial que tinha antes”, conta o gerente da fazenda, Edroaldo Carlos Zatti.

A Rota do Oeste alega que seus funcionários são treinados para atuar no combate a pequenas chamas e que o incêndio registrado era de médio porte, sendo necessária a intervenção do Corpo de Bombeiros. “As equipes foram imediatamente acionadas para atendimento da situação e contaram com apoio e suporte do aparato da concessionária, por meio da disponibilização de caminhão-pipa”, comunica.

Às vésperas do início de mais uma safra, o agricultor Moacir Smaniotto Junior precisou da ajuda de funcionários e vizinhos para salvar das chamas 5.000 hectares de palhada de milho e todo o algodão recém-colhido.

Smaniotto Junior também culpa a concessionária responsável pela manutenção da rodovia. “Eles não têm tanque d’água, nem métodos de prevenção de incêndio. A faixa de domínio está abandonada”, diz.

O produtor desabafa, ainda, que tudo fica na conta do setor produtivo, que ainda é acusado de causar as queimadas. “Não queremos fogo. Queremos proteger o solo e a palhada, que é a nossa produtividade”, afirma.

Números impressionam

Sorriso (MT) tem registrado 25% mais casos de queimadas em propriedades rurais frente ao ano passado, segundo o sindicato rural. Thiago Nogueira, presidente da entidade, afirma que grande parte dos incêndios começam do lado de fora da porteira.

“Um produtor menor chegou a perder 80% da área. É um dado alarmante, que nos preocupa muito, porque isso vai refletir na produção. A terra é a poupança do agricultor. Ele investe nela e o fogo vem e leva tudo embora. Aí ele precisa começar do zero, gastando o dobro em adubação e correção de solo. Isso faz com que ele se descapitalize e produza mal nas demais safras”, conta.

Fonte: Canal Rural

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