Confinamento deve atingir quase um milhão de bovinos no maior estado pecuário do país, diz Imea

Projeção indica avanço de 4,05% no volume de animais em confinamento e reforça tendência de maior escala por operação, mesmo com redução no número de confinadores

O confinamento mato-grossense deve registrar um dos maiores volumes da sua história em 2025. Segundo o 3º Levantamento das Intenções de Confinamento divulgado pelo Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), o estado deve terminar 928.673 bovinos confinados, resultado que representa alta de 4,05% em relação ao ciclo anterior.

A projeção revela um avanço consistente do sistema de engorda intensiva no maior estado pecuário do país, impulsionado principalmente pela melhoria nas margens, pela valorização do boi gordo e por um cenário de custos mais controlados — ainda que pressionados em alguns insumos.

Margem do pecuarista melhora e fortalece a decisão de confinar

O Imea destaca que, mesmo com a alta nos custos, a relação de troca entre milho e arroba se manteve favorável, atingindo 5,52 sacas de milho por arroba de boi gordo — patamar que incentiva a terminação intensiva. A diária de confinamento ficou em R$ 13,79, aumento de 16,47% frente ao ano anterior, porém ainda inferior aos picos de 2020/2021.

Essa combinação permitiu recompor boa parte da margem do confinador, tornando a prática mais atrativa.

Oeste lidera o confinamento; escala cresce

Entre as regiões de Mato Grosso, o levantamento mostra liderança do Oeste, que deve confinar 271.943 cabeças. Em seguida aparecem:

  • Norte – 195.945 cabeças
  • Sudeste – 145.292
  • Médio-Norte – 109.906
  • Centro-Sul – 95.427
  • Nordeste – 55.559
  • Noroeste – 54.601

Apesar do crescimento no volume total, houve redução no número de confinadores: a adesão caiu de 85,65% em 2024 para 69,57% em 2025. Quem permaneceu ampliou a escala, compensando a saída de pequenos e médios produtores — 72,73% dos que deixaram de confinar operavam estruturas de até 1.000 cabeças.

Semiconfinamento e TIP avançam no estado

A mudança no perfil do pecuarista também favoreceu a expansão de sistemas alternativos. O semiconfinamento agora representa 29,73% da intenção de engorda intensiva, enquanto a Terminação Intensiva a Pasto (TIP) aparece com 8,11%.

Esses modelos têm ganhado espaço por entregarem desempenho próximo ao confinamento tradicional, porém com custos reduzidos e menor necessidade de estrutura fixa.

Alguns ingredientes essenciais na dieta dos animais registraram aumentos expressivos:

  • Farelo de algodão: +49,35%
  • Milho: +33,98%
  • DDG: +20,33%

O milho, pressionado pela forte demanda das indústrias de etanol, continua sendo o principal fator de custo, mas a relação de troca mais favorável garantiu competitividade ao sistema.

Mesmo com maior profissionalização na gestão dos confinamentos, a proteção de preços segue tímida no estado. Apenas 4,17% dos entrevistados utilizaram trava a termo, enquanto 3,79% recorreram à Bolsa para hedge.
O Imea destaca que há grande espaço para o produtor aumentar o uso dessas ferramentas, capazes de estabilizar margens em um mercado historicamente volátil.

Levantamento não é censo

Os números divulgados refletem a amostra de informantes do Imea no levantamento concluído em outubro e não representam um censo oficial. Ainda assim, o instituto reforça que se trata de uma das maiores intenções de confinamento já registradas no estado.

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