Independente do país, o confinamento é uma estratégia fundamental que deve se adaptar às condições logísticas, climáticas e estruturais de cada região, mas sempre com o mesmo objetivo: produzir carne com cada vez mais eficiência e qualidade.
Recentemente, os Estados Unidos têm adotado sistemas de produção mais intensivos, reduzindo a duração das fases iniciais e enviando os animais ao confinamento cada vez mais cedo e por períodos mais longos. Já no Brasil, o confinamento ele é utilizado em sua maior parte como um modelo de estratégia para época seca do ano (sequestro de animais) e ou por investidores em busca de melhores retornos. É claro que a produção pecuária varia conforme o tipo de animal envolvido e a região em que se trabalha.
Quando falamos das diferenças na produção de gado de corte confinado entre esses dois países, há vários pontos que devemos enfatizar e analisar. Para isso, elencamos abaixo esse fatores de forma objetiva e com prioridades.
Clima
O clima é um dos principais fatores a considerar para entender as diferenças na produção do confinamento desses dois países. No Colorado, por exemplo, o ar é seco e as estações são bem definidas, com verões muito quentes e invernos muito frios. Isso, com certeza, é um desafio, mas também uma vantagem, pois climas mais frios também suportam animais de raças britânicas, que possuem algumas qualidades importantes quando falamos de carne, o que nos leva ao segundo ponto.
Raça
Nos Estados Unidos, a base é composta por animais da raça Angus e cruzamentos britânicos, com maior potencial de marmoreio e de acabamento de carcaça em menos tempo. No Brasil, o gado zebuíno é dominante, sendo principalmente a raça Nelore, o que altera o metabolismo, a deposição de gordura e o tempo de terminação. Mas a grande questão é que, no Brasil, precisamos desses animais para trazer a rusticidade que o clima exige. E, apesar de já vermos cruzamentos com raças britânicas presentes no Brasil, o zebuíno está sempre presente para trazer a rusticidade de que precisamos para nossas condições.
Dieta
Isso é um ponto que varia muito entre os dois países. Nos Estados Unidos, o milho é o rei, principalmente porque é ligeiramente mais acessível e de melhor qualidade do que o do Brasil. Além do milho, seus coprodutos são amplamente utilizados aqui, como a silagem de milho e os coprodutos da indústria do etanol (DDG, WDG, DDGS), como fontes de energia e de proteína. Então, o que vemos aqui são rações com alta inclusão de grãos sendo utilizadas.
No Brasil, o confinamento é mais flexível e observamos muitas variações nos tipos de dieta utilizados em todo o país, com o uso de coprodutos como (farelo de soja, caroço de algodão, torta de algodão, polpa cítrica, cevada entre outros; muito específicos a depender da região, o que ajuda a reduzir os custos da dieta.
Tempo de confinamento
Nos Estados Unidos, os animais geralmente entram mais leves, com cerca de 300 kg, e ficam confinados por cerca de 180 dias, podendo chegar a mais de 200 dias em programas específicos de terminação, o que também leva a um abate de animais mais pesados. No Brasil, o sistema de confinamento geralmente é utilizado como estratégia sazonal durante a seca ou em programas específicos de terminação.
No entanto, os animais geralmente entram mais pesados, com cerca de 400-450 kg, e permanecem por cerca de 90 dias em alguns casos animais podem adentrarem mais leve com média de 330 kg e o período do confinamento se estender por até 120 dias.
Independente do país, o confinamento é uma estratégia fundamental que deve se adaptar às condições logísticas, climáticas e estruturais de cada região, mas sempre com o mesmo objetivo: produzir carne com cada vez mais eficiência e qualidade.
Autores*
Pâmela Pontes
Estudante de Zootecnia na Unoeste.
Tecnóloga em Agronegócio (FATEC Botucatu).
MBA em Agronegócio (UNIASSELVI).
Pós-graduada em Agronomia (DOM ALBERTO).
Possui especializações na área de Bovinos de Corte (SENAR EAD).
Atua com produção de conteúdo técnico voltado à pecuária de corte, com base na vivência prática no confinamento da Fazenda Roseira da Serra, em Bofete-SP.
Natasha Bedresdke Petrenko
Zootecnista formada pela Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT – Sinop).
Mestra em Nutrição e Produção Animal pela Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo (FMVZ – USP).
Atualmente cursa doutorado em Ciência Animal na Colorado State University (Colorado, EUA).
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