
Apesar da alta nos custos e da concorrência com investimentos de renda fixa, o confinamento bovino pode oferecer retorno competitivo — desde que haja planejamento, gestão de risco e estratégia na compra de insumos.
O primeiro giro de confinamento bovino de 2025 começou com otimismo, mas logo os custos escalaram, trazendo dúvidas aos pecuaristas sobre a viabilidade econômica da atividade. A análise da Scot Consultoria revela um cenário de margens apertadas, porém ainda competitivas frente a outros tipos de investimento — principalmente quando há gestão eficiente e uso de ferramentas de proteção de preços.
Para 2025, a expectativa é de continuidade no crescimento do número de bovinos confinados. Segundo o Censo de Confinamento da dsm-firmenich, o Brasil atingiu um recorde histórico em 2024, com 7,96 milhões de cabeças confinadas. Esse aumento reflete a confiança dos produtores na atividade, impulsionada por melhorias na gestão, adoção de tecnologias e perspectivas favoráveis no mercado da carne bovina.
Alta nos custos preocupa confinadores
O preço do boi magro, responsável por até 70% dos custos do sistema, teve uma alta de 30,1% entre outubro de 2024 e março de 2025, enquanto o boi gordo valorizou 15,6% no mesmo período. A pressão se intensificou com o aumento do milho em 29,5% na praça de Campinas-SP, elevando também os custos de outros insumos energéticos como farelo de algodão, polpa cítrica e DDG.
Retorno financeiro em São Paulo supera renda fixa tradicional
Uma simulação feita pela Scot em São Paulo, considerando entrada de boiada em abril, engorda por 90 dias com ganho de 1,6 kg/dia e venda em julho/25 a R$ 325/@, indicou:
- Lucro por cabeça: R$ 304,45
- Rentabilidade do giro: 5,1%
- Retorno mensal estimado: 1,7%
Comparado ao CDI de 1,18% ao mês, o confinamento supera os retornos oferecidos por investimentos de renda fixa, mesmo com a Selic em 14,25% ao ano. Para igualar os ganhos do boi confinado, um investimento teria que render cerca de 144% do CDI, patamar não oferecido atualmente.
Outras regiões têm menor atratividade para o confinamento bovino
Segundo a Scot, apenas os estados de São Paulo e Tocantins superam o retorno de 100% do CDI. Isso significa que em outros estados o confinamento pode não ser tão competitivo, a menos que se aproveitem boas estratégias de compra, hedge e gestão de custos.
Gestão de risco é essencial
A rentabilidade positiva estimada pressupõe a realização de trava de preços (via mercado futuro ou opções), além de compras estratégicas de insumos. Os resultados podem variar amplamente conforme o custo de aquisição e a logística local.
“Em meio a uma atividade de margens apertadas, a gestão dos riscos é fundamental para garantir resultados positivos”, destaca o relatório.
Vale a pena confinar em 2025?
Se a visão for puramente de investidor, buscando retornos superiores a aplicações financeiras com menor risco, talvez o confinamento não seja a melhor opção em boa parte do país. No entanto, para o pecuarista que vê o confinamento como uma ferramenta produtiva e estratégica, o sistema pode e deve ser considerado — desde que adaptado à realidade da propriedade, fluxo de caixa e planejamento forrageiro.
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