Confronto entre grupos rivais na Terra Indígena Ventarra, localizada no município de Erebango, no norte do Rio Grande do Sul, deixa quatro pessoas feridas e 11 detidos; tensão cresce com disputas internas pelo controle da comunidade
A escalada de violência na Terra Indígena Ventarra, localizada no município de Erebango, no norte do Rio Grande do Sul, atingiu um novo e grave patamar. Entre a tarde de segunda-feira (10) e a madrugada de terça-feira (11), quatro pessoas foram baleadas e onze indígenas detidos após sucessivos confrontos armados motivados por disputas internas entre grupos da etnia caingangue.
Tarde de tensão: agricultores baleados durante o plantio
Segundo a Brigada Militar, o primeiro confronto ocorreu por volta das 15h de segunda-feira. Dois agricultores — pai e filho — foram alvejados por disparos de arma de fogo enquanto realizavam o plantio dentro da reserva. Eles possuíam autorização de um dos grupos indígenas para utilizar a terra, de acordo com o comando da 1ª Companhia Independente da Brigada Militar, responsável pela segurança da região.
Ambos foram socorridos e levados ao Hospital de Caridade de Erechim, onde permaneceram internados com estado de saúde estável.
Novo tiroteio à noite: mulher indígena é ferida
Mesmo após a chegada da Brigada Militar para conter o primeiro incidente, a paz não foi restabelecida. Durante a noite, conflito em terra indígena teve um novo episódio de violência foi registrado: uma mulher indígena de 31 anos foi baleada. Ela também foi levada ao hospital e não corre risco de vida.
O total de feridos subiu, posteriormente, para quatro pessoas, segundo o boletim divulgado na terça-feira.
Ação policial e apreensões
Com a repetição dos episódios de violência, a Polícia Federal e a Brigada Militar intensificaram as ações na Terra Indígena Ventarra. O saldo da operação foi a prisão de 11 indígenas e a apreensão de seis espingardas de diversos calibres, 600 munições intactas e 500 cartuchos deflagrados.
Os detidos foram conduzidos à delegacia da Polícia Federal em Passo Fundo e, em seguida, ao presídio. Um inquérito foi instaurado para apurar as responsabilidades pelos ataques.
Conflito em terra indígena
Com 722 hectares, a Terra Indígena Ventarra é há meses cenário de disputas internas acirradas pelo controle do cacicado, o que vem gerando episódios constantes de violência.
- Setembro de 2025: um indígena foi morto durante confronto entre grupos rivais.
- Outubro: dois indígenas foram presos em flagrante por envolvimento em novo tiroteio.
- Em operação recente: a Polícia Federal encontrou armas e munições abandonadas, evidenciando o grau de armamento dentro da reserva.
Conflitos semelhantes já haviam sido registrados há quatro anos, com a expulsão de um cacique da aldeia e necessidade de uma operação policial com mais de 140 agentes federais.
Clima de insegurança e silêncio das autoridades
Além da violência direta, a tensão preocupa agricultores e moradores da região rural de Erebango e municípios vizinhos, como Getúlio Vargas. “Esperamos que a Justiça seja ágil. O clima é de nervosismo e insegurança”, afirmou à época o presidente do Sindicato Rural local.
A Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) e o Ministério da Justiça ainda não se manifestaram oficialmente sobre os desdobramentos mais recentes.
Enquanto isso, a Brigada Militar permanece mobilizada na região com o objetivo de evitar novos confrontos armados.
Quer ficar por dentro do agronegócio brasileiro e receber as principais notícias do setor em primeira mão? Para isso é só entrar em nosso grupo do WhatsApp (clique aqui) ou Telegram (clique aqui). Você também pode assinar nosso feed pelo Google Notícias.