Condado de Marion/Ocala considerada a “Capital Mundial do Cavalo“, concentra a maior população de cavalos dos EUA, produz campeões, movimenta a maior vitrine de leilões de jovens puro-sangue do mundo e sustenta uma economia ancorada em solo, clima e tradição equestre.
Ocala, na Flórida, não ganhou o rótulo de “Capital Mundial do Cavalo” por acaso ou apenas por marketing. A designação nasceu da soma de fatores físicos (solo calcário e clima ameno), densidade de fazendas, volume de criação, produção de campeões e peso econômico da atividade. O título é usado oficialmente por entidades locais, com destaque para a FTBOA (Florida Thoroughbred Breeders’ & Owners’ Association), para posicionar o condado no mapa global do cavalo. Há uma disputa histórica com Lexington (Kentucky), que também reivindica o posto, mas Ocala sustenta o discurso com números, infraestrutura e legado competitivo.
O Condado de Marion abriga mais de 1.200 fazendas de cavalos e a maior população equina de um único condado dos EUA, reunindo cerca de 75 mil animais, dos quais quase metade é puro-sangue inglês. A cadeia gera 28,5 mil empregos diretos e indiretos e ocupa 561 mil acres dedicados à equinocultura na Flórida, sendo 210 mil acres apenas no Condado de Marion. O que há em solo é mais que pecuária de elite, há peso econômico, paisagismo protegido, turismo rural e política de uso do solo voltada à permanência da atividade equestre como identidade territorial.
A Flórida figura há décadas entre os três maiores produtores de potros puro-sangue da América do Norte. As fazendas do estado já produziram 52 campeões nacionais, 6 vencedores do Kentucky Derby, 7 do Preakness, 6 do Belmont, 28 campeões da Breeders’ Cup e 6 Cavalos do Ano. A região tem laços diretos com dois vencedores da Tríplice Coroa: Affirmed, nascido e treinado em Ocala (1978), e American Pharoah, treinado em Citra, no mesmo eixo. O milheiro histórico do Dr. Fager (1968) segue tratado como façanha ainda não igualada.
No eixo comercial, a Ocala Breeders’ Sales Company (OBS) domina o mercado global de leilões juvenis: detém 75% do mercado norte-americano de cavalos de corrida de 2 anos e gira mais de US$ 190 milhões/ano em vendas. Estima-se que 15 mil jovens da safra norte-americana, quase 3/4 da criação anual, recebam a educação inicial na Flórida, majoritariamente no Condado de Marion.
Embora o puro-sangue seja o cartão de visitas, Ocala se consolidou também como polo multifunção. A região reúne Quarto de Milha, Standardbred e esportes hípicos olímpicos, sustentando circuitos, escolas, clínicas, centros de treinamento e hotéis para cavalos. Eventos como o HITS Ocala Winter Circuit e o Live Oak International atraem atletas, investidores e compradores do mundo inteiro, reforçando o giro do agro-equestre com público, mídia e exportação de genética.
O título de Capital Mundial do Cavalo passou de narrativa local a ativo econômico. Clima que reduz estresse térmico, solo calcário que forma ossatura mais densa, escala produtiva que dilui custo, classe exportadora de genética, arranjo institucional de lobby e vocação urbana que protege áreas verdes sustentam um ecossistema que produz campeões, liquidez e reputação. Mais que slogan, Ocala transformou a equinocultura num vetor de desenvolvimento regional, dando ao cavalo o papel de infraestrutura econômica, cultural e territorial.
Ainda que Lexington reivindique o mesmo trono, Ocala escolheu não disputar narrativa, escolheu acumular dados, produções, prêmios, empregos e hectares. Em ranking de discurso, há debate; em ranking de entregas, Ocala faz valer o título na prática.
Quer ficar por dentro do agronegócio brasileiro e receber as principais notícias do setor em primeira mão? Para isso é só entrar em nosso grupo do WhatsApp (clique aqui) ou Telegram (clique aqui). Você também pode assinar nosso feed pelo Google Notícias.