A vida e o legado de Monty Roberts, o homem que revolucionou a doma com respeito e linguagem silenciosa. Conheça o verdadeiro encantador de cavalos
Monty Roberts, conhecido mundialmente como “o encantador de cavalos”, transformou a forma como o mundo entende a relação entre humanos e equinos. Nascido em uma família que seguia métodos tradicionais de treinamento — muitas vezes violentos —, ele cresceu determinado a encontrar alternativas mais humanas para lidar com os animais. Desde cedo, conviveu com a pressão do pai, que via a dor e a força como únicas ferramentas de disciplina, mas jurou que não repetiria esse caminho.
Sua trajetória começou ainda na infância, quando aos quatro anos venceu sua primeira competição montando a égua Ginger. Poucos anos depois, a experiência de observar mustangs selvagens em Nevada foi o marco de uma virada. Ali, aos 13 anos, Monty descobriu que os cavalos possuem uma linguagem corporal própria e complexa, usada para expressar medo, limites, afeto ou irritação. Ao perceber que poderia se comunicar com eles dessa forma, nasceu o método que mudaria sua vida: o “Join-Up”, técnica que busca a parceria e não a submissão do cavalo.
Segundo Monty Roberts, “um bom treinador faz o cavalo obedecer, mas um ótimo treinador faz o cavalo querer obedecer”. Essa frase resume sua filosofia, que se espalhou pelo mundo como exemplo de respeito e eficácia.
Com mais de oito décadas de vida, ele continua viajando e ensinando. Sua dedicação já lhe rendeu prêmios importantes, como a distinção MVO concedida pela Rainha Elizabeth II, com quem manteve uma amizade próxima desde 1989, e o Prêmio Humanitário George T. Angell, da MSPCA. Sua autobiografia, “O Homem que Escuta Cavalos”, vendeu mais de seis milhões de cópias, provando que sua mensagem ultrapassou os limites do hipismo e inspirou milhões de leitores.
No Brasil, Monty Roberts deixou uma marca inesquecível em 2003, durante a abertura do Rodeio Internacional de Barretos (SP). Diante de milhares de espectadores, domou em apenas uma hora um cavalo chucro de quatro anos que jamais havia sido montado. O animal, vindo do Nordeste, nunca tinha usado sequer um cabresto. Com calma e paciência, Monty mostrou a eficiência de sua doma gentil, contrastando com os métodos agressivos que conheceu na infância.
“Meu pai era muito mais forte do que qualquer pai deveria ser”, declarou antes da apresentação, reforçando sua motivação em buscar uma forma diferente de treinar.
Rodeio Internacional em Barretos Foto:André Monteiro.
Muitos acreditam que Monty Roberts serviu de inspiração para o famoso romance “O Encantador de Cavalos”, posteriormente adaptado para o cinema em Hollywood. Sua amizade de décadas com a Rainha Elizabeth II, retratada no documentário “O Cowboy e a Rainha”, também reforça sua imagem como referência global da equitação natural, que prioriza empatia e compreensão em lugar da violência.
O trabalho de Monty não se limita às arenas e livros. Na Flag Is Up Farms, em Solvang, Califórnia, funciona o Monty Roberts International Learning Center (MRILC), onde são oferecidos cursos sobre psicologia e comportamento equino. O diferencial é claro: o foco está em compreender a mente do cavalo, e não apenas em habilidades de montaria.
Além disso, a Universidade Online Monty Roberts disponibiliza mais de 700 vídeos e aulas semanais, permitindo que alunos de todo o mundo aprendam no próprio ritmo. A revista Horse & Hound já o nomeou entre os 50 maiores cavaleiros de todos os tempos, consolidando sua importância na história da equitação.
Com seu Dually Halter, ferramenta que substitui a força por comunicação, e com o método Join-Up, Monty Roberts provou que é possível treinar cavalos de forma ética e eficiente. Sua missão, como ele próprio resume, é clara:
“Meu objetivo de vida é deixar o mundo um lugar melhor do que o encontrei, para os cavalos e para as pessoas também.”
Hoje, Monty segue como um ícone da equitação moderna, lembrando a cada geração que os verdadeiros encantadores de cavalos não dominam pela força, mas pela empatia, paciência e respeito.
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