Com origem envolta em mistérios, pelagem malhada e até seis chifres, a ovelha Jacob preserva características primitivas e desperta fascínio entre criadores por sua rusticidade, beleza e história.
A ovelha Jacob é uma das raças mais singulares já documentadas no mundo. E não apenas pela aparência inconfundível, mas também pela história repleta de símbolos, mistérios e tradições antigas. Dona de uma estética quase mitológica, pelagem malhada em preto e branco e a impressionante possibilidade de apresentar quatro ou até seis chifres, a Jacob é considerada uma das poucas ovelhas verdadeiramente “primitivas” ainda existentes.
Com corpo esguio, leve e de conformação semelhante à de algumas cabras, a ovelha Jacob destaca-se pelo padrão de cores inconfundível e pelos chifres extravagantes. Tanto machos quanto fêmeas possuem chifres, e essa característica é obrigatória para registros genealógicos, já que a ausência deles indica cruzamento.
Os carneiros, especialmente os policerados, chamam atenção pelo formato:
- Dois chifres: curvatura dupla, mais comum em raças tradicionais.
- Quatro chifres: dois centrais verticais que podem ultrapassar 60 cm de comprimento e dois laterais menores, caindo ao longo da cabeça.
- Seis chifres: raríssimos, mas geneticamente possíveis.
As ovelhas também apresentam chifres, mais curtos e delicados. Nos Estados Unidos, é frequente encontrar animais policerados; no Reino Unido, a linhagem mais tradicional costuma ter dois chifres. Chifres totalmente brancos são indesejáveis, mas listrados em preto e branco são aceitos.

Outro símbolo da raça é a lã “malhada”: fundo branco com manchas pretas bem distribuídas. Idealmente, busca-se uma proporção de 40% preto e 60% branco. O rosto típico da raça é chamado de “cara de texugo”: bochechas e focinho pretos com uma faixa branca ao centro.
Detalhes curiosos sobre a lã:
- A lã preta costuma ser mais curta, pois cresce sobre pele igualmente preta.
- Já a lã branca, sobre pele clara, tende a ser mais longa.
- As pontas das mechas pretas podem desbotar para tons de marrom escuro.
- A tosa rende entre 1,5 e 2 kg de lã, de qualidade média e muito apreciada por artesãos.
Além da pelagem, os cascos são geralmente pretos ou listrados, e as pernas devem ser predominantemente brancas.
A Jacob mantém características de rusticidade e leveza porque não passou por melhoramento genético moderno, preservando aspectos antigos raros nas raças atuais.
Pesos médios:
- Carneiros: 54 a 82 kg
- Ovelhas: 36 a 54 kg

Elas apresentam:
- Dorso longo
- Garupa levemente inclinada
- Úberes e escrotos pequenos
- Cauda longa e lanosa (geralmente mantida parcialmente intacta, mesmo em animais de mercado)
A facilidade de parto é outro ponto forte: normalmente nascem um ou dois cordeiros, e os machos já chegam ao mundo com botões de chifres visíveis.
Apesar do tamanho modesto, oferecem carcaça magra, de alto rendimento e baixa cobertura de gordura, um diferencial apreciado em sistemas que buscam carne mais enxuta.
A origem da raça é um enigma. Há mais teorias do que respostas concretas. Sabe-se que:
- É uma raça antiga britânica, criada durante séculos em propriedades aristocráticas.
- Nos EUA, todos os rebanhos descendem de poucas importações feitas no século XX.
- Antes disso, na Inglaterra, eram conhecidas como “ovelhas malhadas”.

O nome atual — “Jacob” — foi inspirado no relato bíblico do Antigo Testamento sobre Jacó e Labão, quando o patriarca negociou para obter ovelhas e cabras malhadas. Muitos estudiosos consideram esse trecho uma das primeiras referências conhecidas à seleção genética orientada.
Quanto à coloração e aos múltiplos chifres, acredita-se que:
- A pelagem preta e branca pode ter origem em ovelhas mouras trazidas da Espanha ou do norte da África.
- Os genes policerados podem ter vindo de raças nórdicas e escandinavas, também encontradas nas ilhas do norte da Escócia.
- Raças como Hebridean, Icelandic, Manx Loaghtan, Navajo-Churro e outras britânicas também apresentam policeratia e podem compartilhar ancestrais.
Criadores relatam que a Jacob possui comportamento mais ativo, curioso e alerta do que ovelhas modernas — traços que muitos atribuem à preservação genética “rústica”. São ágeis, inteligentes e mostram instintos fortes de sobrevivência.
Para criadores artesanais, pequenas fazendas e projetos genéticos, a Jacob é valorizada por:
- Beleza e exoticidade (ideal para agro-turismo)
- Lã diferenciada, buscada por tecelões
- Rusticidade e fácil manejo
- Alta taxa de sobrevivência dos cordeiros
Já para produtores de carne, embora não seja uma raça de alto ganho de peso, a Jacob entrega carne magra e pouco gordurosa, atendendo nichos específicos do mercado.
Rara, antiga, bonita e misteriosa, a ovelha Jacob concentra características difíceis de encontrar juntas em qualquer outra raça: múltiplos chifres naturais, pelagem marcante, rusticidade e vínculo com a história bíblica. No mundo moderno, onde a padronização domina a criação de ovinos, a Jacob permanece como um resquício vivo de um passado distante, e talvez por isso mesmo seja tão valorizada.
Uma raça que, acima de tudo, preserva a identidade de um tempo onde genética, seleção e estética eram guiadas mais pela natureza do que pela mão humana.
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