
Uma herança do campo espanhol, o Andaluz Preto mantém sua rusticidade e valor cultural mesmo sob ameaça de extinção na Andaluzia.
O gado Andaluz Preto, também conhecido como Andaluz Negro, é uma raça taurina originária do oeste da Andaluzia, na Espanha, e carrega consigo séculos de história ligada ao trabalho agrícola e à identidade rural da região. Sua coloração tipicamente preta ou marrom-escura e sua robustez o aproximam de raças ibéricas tradicionais, como a Avileña-Negra, embora se diferenciem por sua distribuição geográfica.
Trazido da região de Castela para a Andaluzia, o Andaluz Preto se fixou principalmente em áreas como Sevilha, Córdoba, Cádiz e Huelva, onde ainda pode ser encontrado em rebanhos isolados. Antigamente, desempenhava papel essencial como animal de tração nas lavouras, mas com a mecanização da agricultura, a raça foi gradualmente direcionada para a produção de carne.
Fisicamente, trata-se de um gado forte e resistente, adaptado a condições climáticas adversas. A cabeça apresenta perfil reto ou convexo, os chifres são longos e curvados para cima e a pelagem é uniformemente preta.
- Fêmeas: 135 cm de altura na cernelha e peso entre 600 e 650 kg.
- Machos: 140 cm de altura e peso de 875 a 950 kg.

Além da rusticidade, o temperamento calmo e dócil é uma característica marcante, o que facilita o manejo nos sistemas extensivos em que geralmente são criados.
As novilhas atingem a maturidade sexual entre 18 e 20 meses e apresentam uma taxa de fertilidade de 80% a 95%, com chance de gêmeos em cerca de 1,15% dos partos. Outro destaque é o forte instinto maternal, que garante boa sobrevivência dos bezerros.
Entretanto, como outras raças andaluzas, o Andaluz Preto possui uma predisposição genética para redução da fertilidade e casos de hipermetria. Apesar disso, a incidência é menor do que em outras linhagens ibéricas semelhantes.

O Andaluz Preto já foi presença comum no campo espanhol, mas hoje enfrenta sérios desafios para sua preservação. Em 2007, havia apenas cerca de 800 indivíduos de raça pura, resultado do cruzamento indiscriminado com outras raças locais e da falta de programas de seleção estruturados.
Com esforços de preservação, o número subiu para 1.883 animais em 2011, mas caiu novamente para 1.415 registros oficiais no livro genealógico mais recente. Por isso, a raça é classificada atualmente como ameaçada de extinção.
A primeira associação da raça foi criada em 1996, mas apenas em 2005 surgiu a entidade que hoje coordena o programa de conservação, em parceria com a Universidade de Córdoba, visando preservar a identidade genética e cultural do Andaluz Preto.
Embora hoje seja criado principalmente para corte e cruzamentos, o Andaluz Preto carrega um papel simbólico para a Andaluzia. Ele representa a transição entre a pecuária tradicional e a modernização rural que reduziu o espaço das raças locais. Em muitas fazendas, ainda é mantido em condições rústicas, sem grandes melhorias tecnológicas, reforçando sua resistência natural.
Mais do que um recurso genético, o Andaluz Preto é parte viva da identidade cultural espanhola, e os esforços de conservação não visam apenas manter sua carne no mercado, mas também preservar um patrimônio histórico e biológico da Península Ibérica.
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