Cada modalidade do rodeio resgata habilidades ligadas ao manejo do gado e ao convívio do homem com os animais, mantendo viva a tradição do campo
O silêncio da arquibancada dura pouco. O locutor anuncia, o portão se abre e o coração dispara: é hora de começar mais um espetáculo do rodeio. Mais do que entretenimento, essas provas carregam a essência do campo, resgatando habilidades que nasceram no trabalho com o gado e evoluíram para competições profissionais que movimentam multidões e milhões de reais em premiações.
No Brasil, estima-se que os rodeios reúnam mais de 30 milhões de espectadores por ano, segundo dados da Confederação Nacional de Rodeio (CNAR). Cada modalidade tem sua própria técnica, história e dificuldade, mas todas têm algo em comum: exigem coragem, disciplina e respeito pelo animal. A seguir, conheça as 7 modalidades mais tradicionais do rodeio.
Montaria em Touro
Considerada a modalidade mais desafiadora do rodeio, a montaria em touros exige que o peão permaneça 8 segundos sobre o animal, com apenas uma mão presa à corda americana e a outra livre, sem encostar no corpo do touro. O uso de colete de proteção e capacete é obrigatório, já que os riscos são altos.
O equilíbrio, a coordenação motora e a frieza psicológica são determinantes. A prova é avaliada por notas de até 100 pontos, sendo metade atribuída ao desempenho do cowboy e metade ao animal. Nos Estados Unidos, a Professional Bull Riders (PBR) é referência mundial, e o Brasil se destaca como um dos maiores celeiros de campeões da modalidade.
Montaria em Cavalos
Aqui, o desafio se divide em três estilos:
- Cutiano: 100% brasileiro, utiliza arreio raso e duas cordas laterais para apoio. O peão não pode tocar no animal e precisa resistir por 8 segundos. É um símbolo da nossa cultura sertaneja.
- Sela Americana: modalidade internacional em que o cowboy deve executar o mark-out: posicionar as esporas no pescoço do cavalo na saída do brete. O movimento deve ser preciso, ou a desclassificação é imediata.
- Bareback: talvez o mais radical, sem sela, apenas com uma alça presa à cernelha. O cavaleiro usa luva especial e até protetores para o cóccix, tamanha a intensidade da prova.
Todas são julgadas por critérios técnicos e artísticos, somando notas que podem chegar a 100 pontos.
Laço de Bezerro
Também conhecido como Calf Roping, tem origem direta no manejo de bezerros nas fazendas. O competidor deve laçar o animal ainda montado, desmontar rapidamente, imobilizar as três patas e levantar os braços para encerrar a prova.
O tempo é crucial: há um limite de 120 segundos, mas as vitórias costumam sair em menos de 10 segundos. A modalidade valoriza a agilidade, a destreza e a tradição vaqueira.
Bulldogging
Prova de grande impacto visual, também chamada de Steer Wrestling. Um competidor (o esteireiro) mantém o bezerro em linha reta, enquanto outro salta de seu cavalo em movimento sobre o animal, derrubando-o e virando seu pescoço até que esteja imobilizado.
A rapidez é impressionante: provas concluídas em menos de 5 segundos são comuns em competições internacionais. É uma modalidade que exige explosão física, sincronismo e extrema coragem.
Laço em Dupla
Diferente do laço individual, aqui entram em cena dois cowboys: o cabeceiro, que laça os chifres do boi, e o peseiro, responsável por prender as patas traseiras. A sincronia é essencial – basta um erro para perder segundos preciosos.
Nos rodeios norte-americanos, essa é uma das modalidades mais populares, refletindo o trabalho coletivo típico das fazendas de gado.
Três Tambores
Marcada pela presença de mulheres, a prova dos três tambores exige explosão, técnica e parceria entre amazona e cavalo. O percurso em forma de trevo deve ser feito no menor tempo possível. Cada tambor derrubado acrescenta 5 segundos de penalidade ao tempo final.
É também uma modalidade que movimenta fortemente o mercado de genética equina. Linhagens específicas, como as de cavalos Quarto de Milha, são altamente valorizadas pela sua capacidade atlética.
Prova de Rédeas
Menos explosiva, mas de extrema beleza técnica, a prova de rédeas consiste em mostrar o controle e a docilidade do cavalo em manobras como spins (giros rápidos), rollback (troca de direção) e paradas bruscas.
Aqui, a nota vai para a harmonia entre cavalo e cavaleiro. É uma modalidade que conecta o esporte à arte da doma racional, destacando o treinamento e a genética do animal.
As modalidades do rodeio não são apenas competições, mas expressões vivas da tradição do campo. Cada prova resgata habilidades ligadas ao manejo do gado e ao convívio do homem com os animais.
Além da força cultural, os rodeios movimentam bilhões de reais por ano no Brasil, gerando empregos, turismo e promovendo a pecuária nacional. É por isso que, quando o locutor grita “abriu a porteira”, não é apenas o cowboy que entra em cena – é toda a história do nosso agro que se apresenta.
Escrito por Compre Rural
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ℹ️ Conteúdo publicado pela estagiária Ana Gusmão sob a supervisão do editor-chefe Thiago Pereira
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