
O estudo aponta um aumento de 150% nas dívidas em recuperação judicial desde maio, chegando a R$ 12,3 bilhões, impulsionado pela inclusão de grandes empresas como AgroGalaxy e Portal Agro.
O setor do agronegócio, que por anos foi o pilar de sustentação da economia brasileira, agora enfrenta uma realidade preocupante. As dez maiores empresas em recuperação judicial (RJ) no agronegócio acumulam uma dívida total de R$ 12,3 bilhões, de acordo com um estudo encomendado pelo Metrópoles e elaborado pelo escritório Diamantino Advogados Associados, especializado no setor. Conheça as dez ‘Gigantes do Agro’ em recuperação judicial.
Segundo o estudo, esse valor representa um aumento expressivo de 150% em relação ao montante registrado em maio deste ano, que era de R$ 5 bilhões. O crescimento acelerado foi impulsionado pela inclusão de grandes empresas, como AgroGalaxy e Portal Agro, que recentemente entraram em processos de recuperação judicial.
Aumento Explosivo das Dívidas no Setor do Agronegócio
Nos últimos dois meses, o valor total das dívidas aumentou consideravelmente, principalmente com a entrada de AgroGalaxy, de Goiânia (GO), e Portal Agro, de Paragominas (PA), ambas atuantes na venda de insumos agrícolas. Esses novos casos se juntam a outras grandes recuperações judiciais, como a do Grupo Patense, de Patos de Minas (MG), especializado no processamento de resíduos de origem animal para rações e biocombustíveis, e da Elisa Agro, de Aruanã (GO), uma das maiores empresas de agricultura irrigada do Brasil.
Essas recuperações judiciais ilustram um cenário desafiador para o agronegócio, que historicamente tem sido um dos setores mais fortes da economia brasileira. Eduardo Diamantino, sócio do escritório responsável pelo estudo, ressalta que “essas são as RJs gigantes, dos grandões”, referindo-se ao fato de que nove das dez maiores recuperações judiciais são de empresas de grande porte (pessoas jurídicas), sendo o Grupo Cella, de Sorriso e Nova Maringá (MT), o único representante de uma pessoa física no ranking.
O Avanço das Recuperações Judiciais Entre Pequenos Produtores
Além das grandes empresas, os pequenos e médios produtores rurais também enfrentam sérias dificuldades financeiras. Um levantamento da Serasa Experian revelou que o número de recuperações judiciais solicitadas por proprietários rurais (pessoas físicas) disparou nos primeiros meses de 2024. Foram registrados 106 pedidos de RJ por pequenos produtores no primeiro trimestre, um aumento de 523% em relação ao mesmo período de 2023, que teve 17 pedidos. Comparando com 2022, o crescimento foi ainda mais significativo: 2.000%, quando apenas cinco requerimentos foram registrados.
Embora as recuperações judiciais de pequenos produtores envolvam valores menores, o aumento vertiginoso de pedidos indica que a crise está se espalhando por todo o setor, afetando desde os pequenos proprietários até as grandes corporações.

Mudança de Ciclo no Agronegócio
A crise no agronegócio brasileiro é o resultado de uma combinação de fatores que formaram o que especialistas têm chamado de “tempestade perfeita”. Eduardo Diamantino observa que o setor, que viveu um período de bonança entre 2020 e 2022, agora enfrenta uma realidade completamente diferente. “Há tantos problemas que fica difícil imaginar que mais um possa acontecer”, afirma ele, referindo-se à confluência de desafios enfrentados pelos produtores e empresas do setor.
Entre 2020 e 2022, o agronegócio experimentou um crescimento impulsionado pela alta demanda global e por preços favoráveis das commodities. No entanto, o atual cenário de excesso de oferta no mercado internacional resultou em uma queda nos preços e na necessidade de ajustes severos nas operações das empresas. Além disso, o aumento dos custos de produção, impulsionado pela alta nos preços de insumos e pela elevação das taxas de juros, complicou ainda mais o panorama financeiro das empresas e produtores rurais.
As Recuperações Judiciais Mais Antigas do Ranking
O levantamento anterior do escritório Diamantino Advogados Associados, divulgado em maio de 2024, já apontava que o valor total das dívidas das principais empresas em recuperação judicial no setor era de R$ 5 bilhões. Naquela ocasião, o Grupo Serafico Agroindustrial, de Toledo (PR), liderava o ranking, com uma dívida estimada em R$ 1 bilhão. O pedido de recuperação judicial do Grupo Serafico foi concedido pela Justiça em dezembro de 2013.
Outras recuperações judiciais relevantes e mais antigas no ranking incluem a Usina Maringá, de Santa Rita do Passa Quatro (SP), e o Grupo AFG, de Cuiabá (MT), ambas iniciadas em 2020. Esses casos mostram que as dificuldades no agronegócio não são recentes, mas se intensificaram nos últimos anos com a deterioração do ambiente econômico global e doméstico.
Perspectivas Futuras
O cenário de recuperação judicial no agronegócio brasileiro deve continuar a crescer, com mais empresas e produtores enfrentando dificuldades para honrar seus compromissos financeiros. A crise no setor exige uma reestruturação financeira abrangente para garantir a sustentabilidade do agronegócio a longo prazo. Enquanto o mercado internacional lida com o excesso de oferta, as empresas brasileiras precisam buscar maneiras de reduzir custos, aumentar a eficiência e adaptar suas operações para sobreviverem em um ambiente cada vez mais competitivo e desafiador.
O estudo realizado pelo escritório Diamantino Advogados Associados, encomendado pelo Metrópoles, deixa claro que as grandes empresas não estão imunes à crise, mas também destaca o avanço significativo das dificuldades financeiras entre os pequenos produtores rurais. Se o setor deseja recuperar sua força, serão necessários ajustes profundos e soluções inovadoras que ajudem a enfrentar esse novo ciclo de desafios.
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