
Com origem milenar e influência direta na formação do Puro-Sangue Inglês, o cavalo Barbo, ou Berbere, é símbolo de força, resistência e história, preservado hoje por criadores dedicados na África e Europa.
O cavalo Barbo, também conhecido como cavalo Berbere, é uma das raças mais antigas e influentes do mundo. Originário do Norte da África, especialmente das regiões que hoje correspondem à Argélia, Marrocos e Tunísia, o Barbo é reconhecido por sua força, velocidade e coragem — atributos que o tornaram peça-chave no desenvolvimento de raças modernas e no avanço da equitação europeia.
As origens do Barbo remontam ao século VIII, período em que invasores muçulmanos chegaram ao Norte da África, levando consigo técnicas de criação e adestramento que moldaram a base genética desses animais. Há controvérsias sobre sua ascendência: alguns estudiosos defendem que o Barbo e o Árabe compartilham um ancestral comum, enquanto outros sugerem que o cavalo Árabe pode ter derivado do Barbo.
Quando foram importados para a Europa, os Barbos eram frequentemente confundidos com os cavalos Árabes, já que ambos eram criados por muçulmanos berberes que falavam árabe. No entanto, apesar da semelhança de tamanho e porte, o Barbo possuía traços distintos, mais robustos, com corpo curto e musculoso, e cabeça menos arqueada.
Um dos exemplos mais emblemáticos dessa confusão é o lendário Godolphin Arabian, um dos reprodutores fundadores do Puro-Sangue Inglês, que durante séculos foi chamado de “Godolphin Barb” devido às suas origens na Tunísia. Especialistas afirmam que sua conformação se assemelhava mais a um Barbo de alta qualidade do que a um Árabe. Outros exemplares notáveis incluem o Curwen Barb e o Toulouse Barb, ambos fundamentais na formação inicial da raça puro-sangue.

Durante o século XVI, o cavalo Barbo foi amplamente valorizado na Europa. O rei Henrique VIII, da Inglaterra, chegou a importar éguas e garanhões da Barbária, incorporando sua genética ao programa de criação real. Mesmo após o período de Cromwell, quando os estábulos reais foram vendidos, criadores particulares continuaram a utilizar o Barbo como base genética.
Sua influência direta pode ser observada em raças como o Lusitano, o Andaluz e o Puro-Sangue Inglês. O Barbo contribuiu para o desenvolvimento de cavalos atléticos, velozes e resistentes, qualidades essenciais para guerras, esportes e longas jornadas.
O cavalo Barbo moderno mede entre 1,44 cm e 1,55 cm, e é conhecido por sua estrutura compacta e poderosa. Possui dorso curto, peito largo, costelas arqueadas e uma cauda inserida baixa, o que o torna ideal para manobras rápidas e movimentos de alta precisão — características que explicam sua popularidade em disciplinas como o adestramento e a equitação de resistência.

Diferente do cavalo Árabe, o Barbo não apresenta a cabeça abobadada, e por isso alguns o consideram menos refinado visualmente. Porém, sua capacidade atlética e resistência física o colocam entre os melhores cavalos do mundo para curtas e médias distâncias.
Em termos de coloração, o Barbo pode apresentar diversas tonalidades: preto, castanho, baio, cinza, dun, grullo, roan e até pinto, sendo os cinzas particularmente populares. Ele também possui crinas e caudas densas e volumosas, que reforçam sua imponência.
Os Barbos espanhóis, descendentes diretos da linhagem norte-africana, se destacam por sua inteligência, temperamento dócil e forte vínculo com o cavaleiro. São cavalos de fácil treinamento, com grande disposição para aprender e excelente adaptação a novos ambientes.
Hoje, esses animais são amplamente utilizados como montarias de lazer e esportivas, adequadas tanto para disciplinas inglesas quanto ocidentais. Graças à sua bravura e calma, são também muito populares em trilhas e provas de resistência, além de atuarem em fazendas e ranchos em várias partes do mundo.

Atualmente, o cavalo Barbo é criado principalmente na Argélia, Marrocos, Espanha e sul da França. Contudo, as dificuldades econômicas enfrentadas pelo Norte da África levaram a uma preocupante redução do número de exemplares puros.
Para reverter esse cenário, foi criada, em 1987, a Organização Mundial do Cavalo Barb, sediada na Argélia, com o objetivo de promover e preservar a raça. Em reconhecimento à sua importância histórica e genética, a Federação Equestre Internacional (FEI) nomeou o cavalo Barbo como Cavalo de Honra durante os Jogos Equestres Mundiais de 2014, realizados na Normandia, França.
O legado do cavalo Barbo ultrapassa fronteiras e séculos. De suas origens nas areias do Saara às pistas de corrida europeias, o Berbere consolidou-se como um símbolo de resistência, inteligência e nobreza, atributos que continuam inspirando criadores e cavaleiros em todo o mundo.
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