Conheça o Buzkashi, o esporte equestre considerado o mais violento do mundo; vídeo

Disputado há séculos na Ásia Central, o Buzkashi combina tradição, brutalidade e paixão cultural, sendo considerado Patrimônio Imaterial da Humanidade pela UNESCO. Será que daria certo no Brasil?

Durante séculos, nas vastas estepes da Ásia Central, cavaleiros desenvolveram uma habilidade singular: agarrar uma cabra ou bezerro do chão em pleno galope. Dessa prática nasceu o Buzkashi, que significa “agarramento de cabra”, hoje reconhecido como o esporte nacional do Afeganistão e símbolo cultural de diversos povos da região. Mais do que um jogo, ele representa uma tradição ancestral que une força física, destreza e identidade coletiva, sendo considerado Patrimônio Imaterial da Humanidade pela UNESCO.

No Buzkashi, os jogadores montados em cavalos treinados – assim como ocorre na vaquejada no Brasil – especialmente para a modalidade, ele disputam a posse de uma carcaça de cabra sem cabeça e patas, que serve como uma espécie de “bola”. O objetivo é retirar o animal dos adversários e levá-lo até a linha de meta ou a um círculo específico, conhecido como “Círculo da Justiça”.

Existem duas principais modalidades:

  • Tudabarai: a versão mais simples, em que o cavaleiro apenas precisa agarrar a cabra e manter a posse.
  • Qarajai: mais complexa, exige que o jogador atravesse uma bandeira ou marcador em um extremo do campo e depois arremesse a carcaça dentro do círculo.

Para disputar, os cavaleiros, chamados Chapandaz, utilizam roupas pesadas, capacetes e até mesmo chicotes, usados tanto para controlar os cavalos quanto para afastar os oponentes. A violência é parte da disputa: empurrões, golpes e bloqueios são comuns, o que torna o jogo uma batalha de resistência.

Embora seja amplamente associado ao Afeganistão, o Buzkashi é praticado também no Tajiquistão, Uzbequistão, Quirguistão, Cazaquistão e Turcomenistão, além de comunidades quirguizes na Turquia. Povos como Pachtuns, Hazaras, Tadjiques e Uzbeques preservam o esporte como parte de sua herança cultural.

Buzkashi
“Círculo da Justiça”. Foto: Divulgação

A prática ganhou tanta importância que, em 2012, foi reconhecida pela UNESCO como Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade. Conhecido em diferentes países por nomes como Kok-boru, Oglak Tartis e Ulak Tartysh, o Buzkashi se consolidou como uma das mais antigas formas de esporte coletivo da humanidade.

No Afeganistão, o jogo é considerado uma verdadeira paixão nacional. Segundo Ghulam Sarwar Jalal, presidente da Federação Buzkashi, o esporte chegou a ser proibido durante o regime do Talibã entre 1996 e 2001. Quando os fundamentalistas retornaram ao poder em 2021, a prática foi novamente autorizada. “Os talibãs sabem que isso deixa as pessoas felizes, é por isso que o autorizam”, afirmou Jalal em entrevista à Al Jazeera.

Veja no vídeo abaixo como funciona o Buzkashi

Buzkashi

O Buzkashi também ganhou espaço na cultura internacional. Uma cena do filme Rambo III mostra o personagem de Sylvester Stallone participando de uma partida. Já em 2012, o curta-metragem Buzkashi Boys levou o esporte às telas de Hollywood e foi indicado ao Oscar de Melhor Curta-Metragem em Live Action em 2013.

Apesar de sua tradição nômade e comunitária, o esporte vem passando por adaptações para atrair novos públicos. Regras oficiais foram criadas no século XXI, limitando a duração das partidas, definindo áreas de jogo e estabelecendo critérios de segurança. Em algumas cidades afegãs e da Ásia Central, estádios já recebem partidas organizadas, especialmente durante o inverno, quando o clima favorece a performance dos cavalos.

Buzkashi
Cena do filme Rambo III mostra o personagem de Sylvester Stallone participando de uma partida de Buzkashi. Foto: Divulgação

Tradição ao longo dos séculos

Ainda assim, a essência permanece: força, habilidade e estratégia em meio a uma disputa caótica e apaixonante. Em festivais e celebrações, multidões se reúnem para assistir aos cavaleiros em ação, reforçando a relevância do esporte como manifestação cultural viva.

Mais do que uma competição, o Buzkashi simboliza resistência, identidade e pertencimento. É a prova de como tradições ancestrais podem sobreviver ao tempo, à política e às transformações sociais, mantendo-se como um elo entre o passado das estepes e o presente das nações que ainda respiram sua cultura.

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