Conheça o Randall Lineback, gado histórico que resistiu à extinção e encanta criadores

Raro e histórico, o Randall Lineback sobreviveu ao avanço das raças puras e hoje é símbolo de preservação genética na Nova Inglaterra.

A raça Randall Lineback é considerada a última sobrevivente de um grupo de bovinos conhecidos como “raças locais polivalentes”, comuns na Nova Inglaterra a partir do século XVII. Esses animais eram fundamentais para a vida rural, pois forneciam leite, carne e força de trabalho para arar a terra, tornando-se parte essencial da agricultura de subsistência que moldou a região. Apesar de sua relevância histórica, a raça esteve à beira da extinção, restando hoje apenas graças a esforços de preservação.

O surgimento do Randall Lineback está envolto em mistério, já que antecede o período de padronização de raças bovinas puras. Ainda assim, registros e padrões de coloração indicam que eles descendem de bovinos trazidos por colonos holandeses, ingleses e franceses durante o século XVII.

Ao longo do tempo, esses animais foram sendo cruzados e selecionados de maneira natural, dando origem a uma população perfeitamente adaptada às condições locais. Esse processo caracteriza o conceito de “landrace”, no qual uma raça se desenvolve em determinada região de forma isolada, moldada pelas necessidades e pelo ambiente.

Durante os séculos XVIII e XIX, os Linebacks eram presença marcante nas fazendas da Nova Inglaterra, desempenhando papel de tripla finalidade: forneciam leite, produziam carne e serviam como bois de tração. No entanto, com a chegada das raças puras especializadas no final do século XIX, que priorizavam altos volumes de leite ou maior rendimento de carne, o gado local foi sendo substituído. Essa transição marcou o declínio da diversidade genética regional.

Foto: Divulgação

O nome da raça está diretamente ligado à família Randall, em Vermont, que manteve por mais de 80 anos um rebanho fechado de Linebacks, sem cruzamentos com Holsteins. Esse rebanho foi um dos últimos refúgios da raça, mas após a morte de Everett Randall, a maior parte dos animais foi vendida para abate.
Graças a ações de preservacionistas e à atuação da Livestock Conservancy, alguns exemplares foram salvos e se tornaram a base para o atual programa de conservação. Foi a partir desse núcleo reduzido que a raça conseguiu sobreviver e iniciar sua recuperação populacional.

O Randall Lineback é facilmente reconhecido pelo seu padrão de coloração único, chamado “lineback”: uma faixa branca ao longo do dorso contrastando com laterais em tons que variam de preto a branco ruão. Além disso, podem apresentar variantes azuladas, cinzentas ou avermelhadas. O contraste da pelagem contra pastagens verdes é uma das características mais admiradas da raça.

Foto: Divulgação

São bovinos de porte médio, com vacas pesando entre 270 e 500 kg e touros chegando a 800 kg. Destacam-se por serem excelentes mães, com forte instinto de proteção, além de apresentarem parto fácil e rusticidade. A docilidade é outro traço marcante, embora exijam manejo frequente para manter seu temperamento equilibrado.

No aspecto produtivo, o leite apresenta em média 3,7% de gordura e 3,2% de proteína, números que reforçam seu potencial para a produção de derivados. Já a carne pode variar entre cortes mais magros ou marmorizados, dependendo da linhagem, oferecendo diversidade para diferentes mercados.

Apesar de mais estáveis do que no passado recente, os Randall Linebacks continuam extremamente raros e são considerados uma raça em risco de extinção. Projetos de conservação buscam não apenas manter sua população, mas também garantir a saúde genética, evitando problemas de consanguinidade.
Sua adaptabilidade a sistemas de baixo custo, propriedades familiares e fazendas de forragem coloca a raça em evidência como uma alternativa sustentável para a pecuária de pequena escala.

Mais do que apenas uma raça de gado, os Randall Linebacks representam uma relíquia viva da história agropecuária da Nova Inglaterra. Sua preservação não é apenas um esforço para manter a diversidade genética, mas também um reconhecimento da importância cultural e histórica desses animais que, por séculos, sustentaram comunidades rurais inteiras.

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