
Tecnologia testada nos Estados Unidos e na Austrália mostra como máquinas podem auxiliar no manejo de rebanhos – robôs que pastoreiam gado, em um cenário de escassez de mão de obra e busca por eficiência no Brasil.
A imagem clássica do peão a cavalo, laço na mão, pode em breve ganhar um novo parceiro nos pastos: robôs autônomos equipados com câmeras, sensores e inteligência artificial. O que parecia ficção científica já começa a ser testado em fazendas experimentais nos Estados Unidos e na Austrália — e abre um debate importante para o futuro da pecuária brasileira, onde os desafios de mão de obra e eficiência estão cada vez mais presentes.
Nos Estados Unidos, pesquisadores da Universidade Estadual do Mississippi vêm testando o Warthog, uma plataforma robótica desenvolvida pela Clearpath Robotics. O equipamento, que lembra um pequeno tanque, já demonstrou capacidade para guiar rebanhos leiteiros sem causar estresse aos animais.
O destaque é que os bezerros reagiram de forma positiva, se agrupando ao lado do robô da mesma forma que fariam com um cowboy montado a cavalo ou em um quadriciclo. Para os cientistas, o próximo passo será aplicar a tecnologia em gado de corte, onde os desafios de manejo são ainda maiores.
No Brasil, a realidade dos confinamentos de boi gordo já expõe um problema grave: a escassez de mão de obra qualificada para tocar a lida diária. Muitos pecuaristas têm relatado dificuldade em contratar vaqueiros experientes, principalmente em regiões de expansão do sistema intensivo, como Mato Grosso, Goiás e Minas Gerais.

É nesse contexto que tecnologias como robôs pastores e sistemas digitais de monitoramento poderiam atuar como multiplicadores de força de trabalho, sem substituir o peão, mas ajudando a aumentar a eficiência.
Ferramentas já utilizadas no Brasil, como colares eletrônicos de rastreamento, câmeras em confinamento e softwares de gestão animal, mostram que o pecuarista brasileiro está aberto à inovação. Os robôs poderiam ser uma evolução natural dessa transformação.
Na Austrália, a Universidade de Sydney desenvolveu o SwagBot, um robô que inicialmente servia apenas para conduzir o gado, mas que hoje consegue:
- Monitorar a saúde dos animais,
- Avaliar a qualidade e densidade das pastagens,
- Evitar o sobrepastoreio em áreas degradadas.

Essa experiência mostra o potencial da tecnologia para grandes propriedades de pecuária extensiva, muito semelhantes às brasileiras, especialmente no Cerrado e no Pantanal.
Apesar dos custos ainda elevados — um robô pode ultrapassar US$ 50 mil —, a tendência é que, assim como ocorreu com drones agrícolas, os preços caiam e a tecnologia se torne mais acessível.
Na prática, robôs não substituiriam o trabalho humano, mas ajudariam no monitoramento, condução e segurança dos rebanhos, trazendo ganhos de produtividade.

Como disse o futurista Jeff Wacker, especialista em robótica: “Nunca diga nunca quando se trata de inteligência artificial e máquinas no campo.”
Se aplicados ao Brasil, os robôs de pastoreio poderiam representar:
- Mais eficiência no manejo do boi gordo em confinamentos e pastos extensivos.
- Redução de custos operacionais, evitando perdas por manejo incorreto.
- Maior bem-estar animal, já que os testes mostram que o gado não se estressa com a presença das máquinas.
- Complemento à mão de obra, em um cenário onde faltam vaqueiros capacitados.
A chegada dos “cowboys de ferro” pode parecer distante, mas a pecuária brasileira já vive um processo de digitalização acelerada. Com o aumento da pressão por produtividade, sustentabilidade e rastreabilidade, é cada vez mais provável que os robôs pastores se tornem aliados do boi gordo em nossas fazendas.
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