
A escolha do país certo para exportar não é apenas uma questão de demanda: envolve logística, regulamentações, acordos comerciais e afinidade cultural
O setor brasileiro de bebidas vive um momento de consolidação interna e expansão externa. Mais do que tradição, hoje o país é reconhecido por entregar qualidade, diversidade e autenticidade. De rótulos de vinho que conquistam prêmios na Europa a cervejas artesanais que ganham medalhas nos Estados Unidos, passando pela cachaça, patrimônio cultural brasileiro desde 2016, a produção nacional está cada vez mais presente nas prateleiras internacionais.
Entre 2020 e 2024, o volume de bebidas alcoólicas exportadas pelo Brasil cresceu 66%, evidenciando não apenas o apelo global de nossos produtos, mas também a competência das empresas brasileiras em atender padrões de qualidade e requisitos técnicos de mercados exigentes.
O peso do Brasil no comércio internacional de bebidas
De janeiro a maio de 2025, o Brasil já exportou US$ 122,48 milhões em bebidas alcoólicas, totalizando 152 mil toneladas. O crescimento, em relação ao mesmo período de 2024, foi de 8,4% em valores e 11,2% em volume.
Entre as principais bebidas embarcadas estão:
- Cervejas de malte (NCM 22030000) – US$ 88,14 milhões
- Outras bebidas alcoólicas (NCM 22089000) – US$ 16,24 milhões
- Rum e aguardentes de cana (NCM 22084000) – US$ 6,70 milhões
- Vinhos até 2L (NCM 22042100) – US$ 3,20 milhões
- Uísques (NCM 22083010) – US$ 1,83 milhão
Já no setor de bebidas não alcoólicas, as exportações de janeiro a maio de 2025 foram de 30,74 mil toneladas (queda de 13,9% sobre 2024) e US$ 18,44 milhões em valores (queda de 7,4%). O segmento, no entanto, acompanha tendências internacionais ligadas à saúde e bem-estar, como bebidas funcionais e opções zero álcool.
Três joias do Brasil no exterior: cachaça, vinho e cerveja
- Cachaça: exportada para mais de 50 países desde a década de 1960, é símbolo do Brasil no exterior. Em mercados como Alemanha e EUA, ocupa nichos premium, atendendo consumidores em busca de autenticidade.
- Vinhos: majoritariamente produzidos no Sul do país, os rótulos brasileiros somam premiações internacionais, mas representam apenas 2% da produção exportada, um campo fértil para crescimento.
- Cervejas: as artesanais e especiais são destaque em feiras internacionais, refletindo inovação e qualidade.
Mercados mais promissores e melhores países para exportar bebidas brasileiras
Escolher o destino certo é um passo decisivo para o sucesso. Abaixo, os países que reúnem alto potencial de consumo, condições logísticas favoráveis e afinidade com produtos brasileiros.
1. Paraguai – Liderança consolidada no Cone Sul
Com 47% das compras de bebidas alcoólicas brasileiras em 2025, o Paraguai une proximidade geográfica, facilidade logística e um alto consumo de produtos nacionais. Em 2021, importou mais de US$ 6,48 milhões em álcool brasileiro, consolidando-se como parceiro estratégico para quem busca expansão rápida na América do Sul.
2. Estados Unidos – Oportunidade para produtos premium
O mercado norte-americano tem forte apetite por produtos autênticos e artesanais. A cachaça brasileira já conquistou espaço, representando cerca de 26% do total exportado dessa bebida pelo Brasil. Com quase dois terços dos americanos consumindo álcool regularmente, há oportunidades tanto para vinhos e cervejas especiais quanto para bebidas sem álcool e funcionais, segmento em forte crescimento.
3. Bélgica – Porta de entrada para a União Europeia
Reconhecida por sua tradição cervejeira e consumo elevado de sucos e destilados, a Bélgica também se destaca como importante importadora de suco de laranja brasileiro. Além disso, como parte da União Europeia, abre portas para o acesso a um bloco econômico de alto poder aquisitivo e exigente em qualidade e certificações.
4. Uruguai – Nichos específicos e fidelidade ao produto
Embora pequeno em território, o Uruguai é um consumidor fiel de bebidas brasileiras, incluindo chás e destilados. Sua proximidade logística e afinidade cultural tornam o mercado atrativo para empresas que buscam nichos de alto valor agregado.
Cuidados essenciais na exportação
O sucesso no mercado externo depende de atenção aos detalhes:
- Registro no MAPA: obrigatório para produto e empresa.
- Adequação às exigências do importador: certificados, rótulos e análises técnicas variam conforme o país.
- Logística e manuseio: estufagem correta, empilhamento seguro e atenção a cargas perigosas (bebidas de alto teor alcoólico).
- Documentação extra: como o MSDS para transporte de produtos classificados como perigosos.
Com tradição, qualidade e diversidade, o Brasil é um competidor de peso no mercado global de bebidas. Os dados mostram que existe um caminho promissor não apenas para manter, mas para ampliar essa presença.
Produtores e exportadores que investirem em planejamento estratégico, compliance internacional e adaptação às tendências de consumo estarão melhor posicionados para aproveitar as oportunidades.
O brinde ao sucesso no comércio internacional começa com um bom plano. Quem deseja ver sua marca cruzar fronteiras deve iniciar agora a preparação para conquistar novos mercados.
Escrito por Compre Rural
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ℹ️ Conteúdo publicado pela estagiária Ana Gusmão sob a supervisão do editor-chefe Thiago Pereira
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