
Em 2024, as 100 maiores fazendas leiteiras do país alcançaram uma média diária de 32.555 litros por propriedade, volume que representa um crescimento expressivo de 13,28% em relação ao ano anterior
A pecuária leiteira brasileira atravessa um período de notável expansão entre os grandes produtores. Em 2024, os 100 maiores fazendas leiteiras do país do país alcançaram uma média diária de 32.555 litros por propriedade, volume que representa um crescimento expressivo de 13,28% em relação ao ano anterior — o maior avanço anual registrado nas últimas duas décadas, conforme dados do levantamento elaborado pela plataforma MilkPoint.
Esse salto na produção não é isolado: é reflexo de uma evolução consistente desde 2001. Nesse intervalo, a produção conjunta do Top 100 aumentou em quase 400%, enquanto os dados disponíveis indicam que o crescimento da produção formal brasileira foi de cerca de 90% e o total, incluindo a informal, de 76,3%. Embora os números oficiais do IBGE para 2024 ainda não tenham sido publicados, as estimativas da MilkPoint Mercado apontam para uma consolidação desse cenário.
No total, os grandes produtores respondem atualmente por uma produção diária estimada em 3,2 milhões de litros — o equivalente a 4,74% de toda a captação formal do leite no Brasil.
Sudeste lidera com folga e Minas se destaca como berço da pecuária leiteira
A distribuição geográfica das maiores propriedades leiteiras reforça a hegemonia do Sudeste na produção nacional. A região ampliou sua participação no ranking em 2025, passando de 45 para 48 propriedades no Top 100. Minas Gerais permanece como protagonista, com 36 dessas fazendas, seguida por São Paulo, com 12.
A força do Sudeste é evidenciada pelos 611,2 milhões de litros produzidos, representando 51,3% do total do grupo. Esse volume é 15% superior ao do ano anterior, quando a região produziu cerca de 517 milhões de litros.
O Sul do país manteve sua estrutura com 34 propriedades, sendo 25 no Paraná, 5 no Rio Grande do Sul e 4 em Santa Catarina. Apesar da estabilidade no número de fazendas, a produtividade da região subiu 12%, sinalizando um avanço tecnológico importante.
Já o Centro-Oeste apresentou leve retração no número de representantes: de 12 para 11. Goiás lidera com 10 propriedades, enquanto o Distrito Federal contribui com uma. Mesmo assim, houve crescimento de 4% na produção local.
No Nordeste, a queda foi mais perceptível. O número de fazendas caiu de 9 para 7, espalhadas entre Ceará (3), Bahia (3) e Pernambuco (1). O resultado foi uma retração de 4,8% na produção da região.

Eficiência animal avança e Sul lidera produtividade individual
Um dos indicadores mais relevantes para medir a eficiência de uma fazenda leiteira é a produtividade por animal. Em 2025, a média das 100 maiores fazendas leiteiras do país ficou em 34,8 litros por vaca por dia — um avanço de 4,5% em relação ao ano anterior, quando a média era de 33,3 litros.
O Sul lidera nesse quesito, com impressionantes 38,3 litros por animal. O Centro-Oeste ocupa a segunda posição, com 34,3 litros, seguido pelo Sudeste, com 34 litros. O Nordeste aparece na última posição, com média de 23,8 litros por vaca, reflexo das condições climáticas mais desafiadoras e do número reduzido de propriedades na amostra.
Extensão territorial e produtividade por hectare revelam diferenças regionais
Neste ano, o levantamento também considerou a área total dedicada à pecuária leiteira, incluindo pastagens, instalações e terras voltadas à produção de alimentos para o rebanho. O Top 100 reúne, somado, 48.323 hectares utilizados exclusivamente para essa atividade.
Com base nesses dados, foi possível calcular a produtividade por hectare nas diferentes regiões:
- Sul: 32.440 litros/hectare — a mais alta do país
- Sudeste: 26.328 litros/hectare
- Centro-Oeste: 25.331 litros/hectare
- Nordeste: 8.354 litros/hectare — menor produtividade, com possível impacto da amostra reduzida
A média nacional entre os 100 maiores produtores foi de aproximadamente 24.600 litros por hectare, evidenciando as grandes variações de eficiência entre as regiões brasileiras.
Confinamento é predominante nas maiores fazendas do país
O confinamento total ou quase total foi utilizado em 86% das fazendas, indicando uma preferência crescente por modelos mais intensivos, voltados à padronização da produção e maior controle nutricional e sanitário. Em 2024, esse índice era de 84%.
Outras formas de manejo ainda têm presença no cenário nacional:
- Pastagem predominante: 9% das propriedades
- Piquetes rotacionados com pastagem: 6%
- Piquetes para descanso apenas: 1%

Estrutura de alojamento: free stall domina, mas compost barn avança
No que diz respeito ao tipo de alojamento utilizado, a maioria das propriedades (53%) adota o sistema free stall, que permite que os animais permaneçam em ambiente coberto, com baias individuais para descanso, acesso contínuo à alimentação e água.
O compost barn, presente em 33% das fazendas, ganha espaço como uma alternativa mais sustentável. O sistema utiliza material orgânico no solo, como serragem e palha, que se decompõe naturalmente, criando um ambiente confortável e higiênico para os animais.
Outras propriedades (7%) utilizam modelos mistos, combinando diferentes formas de alojamento conforme o manejo. Já 6% utilizam piquetes com rotação de pasto e 1% reservam áreas externas apenas para o descanso dos animais.
Holandesa domina, mas Girolando segue como alternativa estratégica
Quando o assunto é genética, a raça Holandesa continua soberana entre os maiores produtores do país, presente em 82% das fazendas do Top 100. A escolha se justifica pelo alto rendimento leiteiro da raça, sobretudo em sistemas de confinamento, onde as condições de manejo são otimizadas.
A Girolando aparece em segundo lugar, com 15% de participação. Sua rusticidade, resistência ao calor e boa produção a tornam especialmente adaptada aos sistemas mistos e às regiões tropicais.
Outras raças, como Jersolanda e KiwiCross, estão presentes em 3% das fazendas, mostrando que há espaço para alternativas genéticas conforme o perfil produtivo e climático das propriedades.

Uma fotografia da transformação da pecuária leiteira nacional
O levantamento mais recente sobre os 100 maiores produtores de leite do Brasil revela mais que números. Ele mostra uma pecuária em transformação, com aumento expressivo da produtividade, maior adoção de tecnologias de manejo e estruturas intensivas que permitem alcançar escalas competitivas.
Mesmo com desigualdades regionais e desafios logísticos e climáticos, a tendência é clara: a produção de leite no Brasil está cada vez mais eficiente, profissionalizada e estrategicamente distribuída, consolidando o país como um dos protagonistas do setor lácteo global.
Escrito por Compre Rural
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ℹ️ Conteúdo publicado pela estagiária Ana Gusmão sob a supervisão do editor-chefe Thiago Pereira
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