Conheça a única central brasileira de biotecnologia

A Seleon, central paulista, recebe o touro, coleta, processa e distribui o sêmen. Agora, está também aspirando os óvulos das fêmeas para produção de embriões in vitro.

Prestação completa de serviços. Essa é uma das propostas básicas da única central brasileira de biotecnologia de capital nacional, a Seleon, localizada em Itatinga, cidade paulista distante 230 quilômetros da capital, São Paulo. Ela recebe o touro, faz a coleta e o processamento do sêmen e distribui as ampolas entre os clientes das empresas proprietárias dos reprodutores. “Montamos um rebanho aqui dentro”, ilustra Bruno Grubisich, presidente da companhia. Segundo ele, para ampliar o pacote de operações, a Seleon passou a aspirar as fêmeas, neste ano, a fim de produzir embriões in vitro no seu laboratório. Não bastasse, ela faz também sexagem de embriões. Enfim, é uma cesta de moderna tecnologia.

Fundada em 2014, a Seleon experimenta um crescimento expressivo e já ocupa posição relevante na relação das grandes centrais de genética do Brasil. Em 2015, a Seleon produziu meio milhão de doses de sêmen. “Para este ano, esperamos superar a casa de 1 milhão de doses”, prevê Bruno, entusiasmado. Já para 2017, a expectativa é chegar a 2 milhões de doses. Bruno atribui a evolução rápida da central a três fatores: o atendimento em todas as fases da produção; a presença numerosa de touros com Certificado Especial de Identificação e Produção (CEIP), dado pelo Ministério da Agricultura e que garante a qualidade e a procedência do material genético; e, por fim, a demanda forte dos criadores e invernistas durante a estação de monta (outubro a março), período de chuvas e maior disponibilidade de forragens. Tempo de emprenhar as vacas.

“Desde o fim da estação de monta nas fazendas de corte, em março/abril, estamos recebendo uma grande quantidade de touros oriundos de vários criatórios espalhados pelo país e também das próprias centrais de inseminação que necessitam de atendimento especializado para os seus raçadores,” diz Bruno. Segundo ele, a empresa contabilizou o ingresso rotativo de 200 touros em 2015. Virou o ano com 100 reprodutores em seus piquetes.

Tempo fixo

A Seleon investe fortemente em pesquisa e desenvolvimento, informa Bruno. Essas pesquisas são feitas tendo como parâmetro a realidade brasileira e as necessidades próprias de sua pecuária tropical. No Brasil, foi desenvolvida, por exemplo, a “revolucionária” técnica da inseminação artificial em tempo fixo (IATF), entre outras novidades. “Nossos estudos têm como escopo o Brasil. A IATF é uma tecnologia que ajuda a mudar o perfil da pecuária nacional. Por essa razão, ela está no foco das pesquisas da Seleon”, afirma Bruno. O propósito de trabalhar pautado pelo contexto tropical e adverso do Brasil garantiu que toda a estrutura da Seleon fosse montada com custeio da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), empresa pública vinculada ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação.

Lario, reprodutor Angus, faz parte da bateria que chegou a 200 animais (Foto: divulgação)

Bruno Grubisich, de 33 anos, é advogado formado pela Universidade de São Paulo (USP), mas tem a pecuária no sangue. Sua família é historicamente ligada ao campo. Segundo ele, a área total da central é de 70 hectares. Os 180 touros alojados hoje por lá ocupam número igual de piquetes. No total, a Seleon possui 220 piquetes. “Em 2017, creio que todos eles estarão ocupados”, informa Bruno.

Neste ano, Bruno comemorou a parceria feita com o Delta Gen, um dos mais renomados programas de seleção de touros candidatos ao recebimento de CEIP. A Seleon faz a coleta, o processamento e a distribuição das doses de sêmen. Segundo Cassiano Pelle, gerente técnico da Delta Gen, a parceria trará bons frutos graças à excelente estrutura da Seleon. “A empresa realmente é a mais moderna e melhor equipada.” Ele observa que a Seleon possui a expertise de manipulação do sêmen, fechando as brechas para a ocorrência de falhas no processo de distribuição.

A Seleon tem várias raças em seus piquetes. Zebuínas, como nelore, guzerá, brahman, gir. Taurinas, como angus, hereford, senepol. E até a japonesa wagyu. Acolhe também touros girolando e braford, produtos de cruza.

Bruno Grupisich, da Seleon, à frente dos touros alojados em Itatinga (SP) (Foto: divulgação)

O ponto forte da Seleon é sua localização. Está situada em uma área serrana, a 900 metros de altitude e com temperatura amena. A média anual é de 19 graus centígrados. “O boi se sente muito bem aqui”, afirma Bruno. “É um ambiente ideal para a produção de sêmen tanto para as raças zebuínas, que são mais rústicas, como para as de origem taurina. Como é sabido, essas últimas têm dificuldade para adaptação ao forte calor tropical do Brasil, afinal, elas vieram do frio”, diz Bruno.

Carimbo Naviraí

A ExpoGenética, realizada em Uberaba (MG), no mês passado, reuniu o melhor dos programas de melhoramento genético realizados no Brasil. É natural, assim, que as empresas de inseminação artificial aproveitem o evento para adquirir os touros de alta qualidade expostos, principalmente agora na estação de monta.

(Foto: divulgação)

E a Alta Genetics não deixou passar a oportunidade. Comprou, por R$ 240 mil, 50% do touro Naviraí Camparino, o qual, como o nome diz, é oriundo do criatório marca Naviraí, do lendário selecionador mineiro Claudio Sabino Carvalho, que morreu em 2012.

Contratou ainda os touros Fenômeno JHV, da Fazenda Camparino, de Cáceres (MT), Mukesh COL, da Fazenda Colonial, de Arcos (MG), e EAO 9366, da Fazenda EAO, de Itagibá (BA).

POR SEBASTIÃO NASCIMENTO (EDIÇÃO)

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