COP30: Embrapa anuncia AgriZone com vitrine de inovação global

O anúncio foi feito na sexta-feira (10) durante o evento “AgriZone e a Agenda da Agricultura e Alimentação na COP30”.

Ao liderar a AgriZone, a Embrapa levará para Belém (PA) uma grande vitrine de tecnologias, ciência e cooperação internacional voltada à agricultura sustentável e ao combate à fome. O espaço, instalado na área da Embrapa Amazônia Oriental, funcionará como ponto de encontro entre ciência, inovação e saberes locais, em sintonia com a Aliança Global contra a Fome e pela Agricultura Sustentável. 

Na foto, a presidente da Embrapa, Silvia Massruhá, com o ministro do Itamaraty Saulo Ceolin (à direita) e a chefe da Assessoria Extraordinária para a COP30, Alice Amorim.
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O anúncio foi feito na sexta-feira (10) durante o evento “AgriZone e a Agenda da Agricultura e Alimentação na COP30”, que reuniu, na sede da Empresa, em Brasília (DF), embaixadores, representantes dos ministérios das Relações Exteriores (MRE), da Agricultura e Pecuária (Mapa), do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar (MDA) e do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA), da Presidência da COP30, da Fundação Gates, chefes de Unidades e a Diretoria-Executiva da Embrapa.

Durante os debates e apresentações, os participantes declararam que o melhor caminho para aproximar a população da agenda climática é levar à sociedade o entendimento que as mudanças do clima impactam diretamente na segurança alimentar e na agricultura mundial.

AgriZone

O chefe da Embrapa Amazônia Oriental, Walkymário Lemos, explicou como funcionará a AgriZone na COP30 e sua interação com as áreas Green Zone (Zona Verde), espaço público e aberto à sociedade civil, focado em diálogo, inovação e investimentos sustentáveis relacionados às mudanças climáticas, palco também de debates culturais e exposições, e Blue Zone (Zona Azul), reservada às negociações oficiais. 

A AgriZone ficará a cerca de 1,8 km dos pavilhões oficiais da COP30 e apresentará vitrines vivas e digitais com mais de 45 cultivares desenvolvidas pela Embrapa, 30 sistemas agropecuários sustentáveis, tecnologias de baixo carbono, agricultura de precisão, sistemas agroflorestais e bioeconomia. A programação prevê cerca de 400 atividades durante o evento, reunindo governos, fundações, universidades, empresas e organizações sociais.

  • Conheça os detalhes da AgriZone no box desta matéria

A AgriZone trará vitrines de tecnologia, debates sobre novos desafios para uma agricultura mais sustentável, resiliente e preditiva, e políticas que integram produtividade, sustentabilidade e inclusão. “A Embrapa trabalha com todas as culturas e sistemas — de açaí a zebu — e enxerga a AgriZone como janela para fortalecer a cooperação Sul–Sul e implementar ações alinhadas à Aliança Global, garantindo segurança alimentar e sustentabilidade”, afirmou a presidente da Embrapa, Silvia Massruhá. Ela considera o espaço uma ponte entre países e saberes. “A Embrapa reafirma sua identidade de ciência agropecuária de excelência, capacidade de adaptação e compromisso com futuro sustentável. A COP30 é o início de uma jornada, não o fim. É um convite à colaboração internacional para unir forças, elevar a qualidade de vida e sustentar o planeta. A Embrapa, como empresa pública voltada à segurança alimentar, mantém-se à disposição”, enfatizou em sua fala aos embaixadores.

Foco global: financiar quem alimenta o mundo

De acordo com o coordenador-geral de Segurança Alimentar e Nutricional do Itamaraty, ministro Saulo Ceolin, presente aos debates, a COP30 se insere no movimento internacional da Aliança Global contra a Fome e pela Agricultura Sustentável, lançada com o apoio do Brasil e de parceiros do Sul Global, em 2024, quando o país liderava a presidência do G20. O objetivo é ampliar o financiamento climático para agricultores familiares e populações rurais, que hoje recebem menos de 2% dos recursos globais disponíveis.

“A ideia também é mobilizar financiamentos em escala e compartilhar soluções que funcionam. A Aliança que foi construída a partir das discussões do G20 partiu de uma constatação fundamental de que a pobreza é majoritariamente rural. Isso é um pouco menos verdade na América Latina e Caribe onde a pobreza é também urbanizada. Mas se tomarmos o mundo como um todo, ou seja, esses 700 milhões de pessoas que passam fome no planeta, pelo menos 80%  são pessoas que vivem da agricultura de pequena escala, da pesca artesanal, do pastoreio tradicional. E são ao mesmo tempo o grupo mais forte às conseqüências da mudança climática do mundo”, disse.

A ideia da Aliança é fazer com que uma fração maior de recursos financeiros internacionais possam chegar a esses produtores de menor escala. É justamente onde entra o papel estratégico da ciência. Transformar os sistemas alimentares em direção à maior resiliência climática e à inclusão social depende da ciência, da tecnologia e do conhecimento local.

“O esforço visa integrar ciência, tecnologia e saberes tradicionais para criar soluções locais e escaláveis”, disse o ministro. E é nesse espírito que o Brasil está propondo a Declaração de Belém, em preparação pelo Itamaraty, sobre fome, pobreza e ação climática centrada nas pessoas, que será apresentada durante a Cúpula de Líderes que acontece no dia 7 de novembro, em Belém, importante evento pré-COP30. 

A Declaração afirma, entre outras coisas, que não basta mitigar emissões, é necessário proteger vidas e garantir meios de subsistência sustentáveis sobretudo às populações rurais.

Embrapa na Aliança

A Embrapa integra formalmente a Aliança Global contra a Fome e pela Agricultura Sustentável e figura entre as instituições destacadas na Declaração de Compromisso do Brasil. A empresa vem ampliando parcerias estratégicas com governos e fundações filantrópicas, como a Fundação Gates, que participa do Conselho de Campeões da Aliança.

“A colaboração entre ciência pública e filantropia é essencial para levar soluções à escala. A pesquisa agropecuária é base de soberania alimentar e resiliência climática — e o sucesso da Aliança depende desse protagonismo” disse Neil Watkins, diretor de Política Global e Advocacy da Fundação Gates.

Alimentação e agricultura, temas-chave para aproximar a agenda climática da vida das pessoas

Sob presidência brasileira, a COP30 quer ser lembrada como a COP da implementação. A prioridade será deslocar o foco do debate exclusivamente sobre mitigação para ações concretas de adaptação e resiliência, evidenciando soluções do Sul Global e experiências que já geram resultados no campo. 

“O clima já está mudando, e isso exige uma transformação social e econômica profunda. Alimentação e agricultura são as chaves para aproximar a agenda climática da vida das pessoas”, afirmou a chefe da Assessoria Extraordinária para a COP30 do Ministério do Meio Ambiente, Alice Amorim.

Segundo ela, historicamente, o centro gravitacional das COPs esteve em energia e mitigação. Em 2025, com impactos já presentes, a transformação exigida é profundamente econômica e social, deixando de ser um tema exclusivo de meio ambiente. “Trabalhamos para que a agenda de ação evidencie planos de aceleração de soluções existentes que precisam ser conhecidas, escaladas e testadas na COP. A Embrapa tem muito a contribuir; é momento de dar visibilidade a soluções do Sul Global”, disse Alice Amorim.

Ela ressalta que o chamado da COP30 é tratar a adaptação como novo normal, sem abrir mão da mitigação. “Todos os investimentos devem induzir resiliência e sustentar a adaptação, independentemente de esperarmos resultados da mitigação”, explica.

Sessões técnicas

No evento, agricultura e a segurança alimentar ganharam destaque com a sessão “Agenda da Agricultura e da Alimentação”, moderada por Kamyla Borges (Instituto Clima e Sociedade). O encontro reuniu especialistas do governo e da pesquisa, incluindo o chefe da Assessoria de Relações Internacionais da Embrapa, Marcelo Morandi, Jorge Caetano, do Mapa, e Eric Moura, do MDA.

A sessão técnica apresentou iniciativas práticas e escaláveis para fortalecer a produção agrícola e a segurança alimentar, com contribuições do chefe da Embrapa Mandioca e Fruticultura, Francisco Laranjeira (melhoramento preventivo transfronteiriço), o chefe de Transferência de Tecnologia da Embrapa Pecuária Sudeste, André Novo (Programa “Balde Cheio”), e a chefe da Embrapa Agrobiologia, Cristhiane Amâncio (acesso a tecnologias). Entre os temas discutidos estavam prevenção de doenças em plantas, produção de leite, bioinsumos e estratégias inovadoras de tecnologia agrícola.

AgriZone, a casa das agriculturas sustentáveis na COP30

Localizada dentro da Embrapa Amazônia Oriental, em Belém, a AgriZone será um dos espaços mais dinâmicos da COP30, reunindo ciência, tecnologia, cultura e gastronomia amazônica em uma experiência imersiva inédita. A cerca de 1,8 km dos pavilhões oficiais da conferência, o espaço foi concebido como a “casa das agriculturas sustentáveis” — um ponto de encontro entre produtores, pesquisadores, governos, empresas e povos tradicionais.

Vitrines vivas e experiências interativas

Combinando demonstrações de campo e ambientes digitais, a AgriZone apresentará vitrines vivas que ilustram soluções integradas de baixo carbono, inclusão socioprodutiva e segurança alimentar. Entre os destaques estão:

  • Meliponário com abelhas nativas sem ferrão, símbolo da bioeconomia amazônica e dos serviços ambientais de polinização;
  • Capoeira do Black, área florestal de 60 anos com trilhas interpretativas e uso de drones com inteligência artificial (Netflora, da Embrapa Acre) para monitoramento ambiental;
  • Núcleo de Responsabilidade Socioambiental (Nures), dedicado a tecnologias sociais, sistemas agroalimentares sustentáveis, biofortificação e inclusão produtiva;
  • Demonstrações do Sisteminha Embrapa, hortaliças e PANCs, compostagem e minhocário, pimenta em tutor vivo (gliricídia) e fossa séptica biodigestora, integrando práticas de saneamento rural e agricultura sustentável.

Fazenda Álvaro Adolpho, a vitrine da intensificação sustentável

A Fazenda Álvaro Adolfo, uma das áreas centrais da AgriZone, foi transformada em uma vitrine de intensificação sustentável e diversificação de sistemas produtivos. Ali estarão reunidas mais de 45 cultivares com genética Embrapa e 30 sistemas agropecuários integrados — incluindo ILPF com eucalipto e teca, consórcios de gramíneas e leguminosas (como os sistemas “Gravataí” e “Guaxupé”), além de cultivos de soja, milho, trigo, arroz, caupi e amendoim em arranjos de baixo carbono.

As áreas também exibem arranjos agroflorestais com café robusta amazônico, açaí, cacau, banana e bacuri, representando uma amostra concreta do potencial produtivo e sustentável da Amazônia.

Ciência aplicada e cooperação

A AgriZone reflete o papel da Embrapa como articuladora da cooperação científica Sul–Sul, conectando países, empresas e instituições multilaterais em torno da inovação agrícola sustentável. Além da vitrine tecnológica, o espaço sediará debates, painéis científicos, exposições e demonstrações digitais, reforçando o compromisso do Brasil com a ciência como motor de adaptação e resiliência climática.

“Estamos aguardando vocês na AgriZone — um espaço vivo de encontro entre o campo, a cidade e o planeta. Aqui mostramos que inovação e sustentabilidade caminham juntas”, finalizou Walkymario Lemos.

Conheça a Jornada pelo Clima

A Agrizone integra a Jornada pelo Clima, iniciativa da Embrapa que visa debater e esclarecer os desafios e as soluções para uma agricultura de baixo carbono, inclusiva e resiliente à mudança do clima, nos diferentes biomas, e evidenciar a ciência na agropecuária brasileira como um pilar essencial para a transformação sustentável.

A Jornada tem o patrocínio Master do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar) e da Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB); a Parceria Institucional do Sebrae; o Apoio Institucional do Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar (MDA); o patrocínio Diamante da Nestlé, do IICA; da Gates Foundation e da Bayer; o patrocínio Ouro da Caixa Econômica Federal; o patrocínio Biomas do Ministério da Pesca e Aquicultura (MPA); o patrocínio Vitrine do Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome (MDS), da Morfo e da OCP Brasil; e a Parceria de Conteúdo do Canal Rural. A administração dos patrocínios está a cargo da Faped.

>> Saiba mais sobre a Jornada pelo Clima aqui

Serviço – AgriZone / COP30

  • Local: Embrapa Amazônia Oriental – Belém (PA)
  • Distância da Green & Blue Zone: 1,8 km
  • Período: 10 a 21 de novembro de 2025
  • Organização: Embrapa e parceiros
  • Contato: cop30@embrapa.br 
  • Mais informações: www.embrapa.br/cop30

Fonte: Embrapa

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ℹ️ Conteúdo publicado por Myllena Seifarth sob a supervisão do editor-chefe Thiago Pereira

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