COP30 fecha acordo histórico e coloca o agro no centro da adaptação climática global foco e transição justa

Pacote de Belém traz 29 decisões que ampliam metas de adaptação, reforçam apoio a países vulneráveis e colocam o agronegócio no centro da agenda climática global; veja os detalhes do acordo histórico da COP30

A 30ª Conferência das Partes (COP30), realizada em Belém (PA), encerrou suas atividades com um anúncio histórico: a aprovação do Pacote de Belém, um conjunto de 29 decisões que reposiciona a governança climática mundial, prioriza adaptação, impulsiona a transição justa e remodela a arquitetura de financiamento climático.

O documento, aprovado por 195 países, consolida a COP30 como uma “COP de Implementação”, conceito reforçado pelo presidente da conferência, o embaixador André Corrêa do Lago, durante a plenária final. Para ele, o encontro marca não apenas o encerramento de mais uma edição, mas “o início de uma década de mudança”, destacando a urgência de transformar compromissos em ações concretas.

COP30 define meta global de adaptação: financiamento triplicado e foco no produtor rural

Um dos pilares do Pacote de Belém é a decisão de triplicar o financiamento global da adaptação até 2035, um avanço que pressiona países desenvolvidos a ampliarem recursos voltados para as nações mais vulneráveis — particularmente afetadas por eventos climáticos extremos, escassez hídrica e perdas agrícolas.

Segundo o documento, a medida é decisiva para agricultura, gestão de água, infraestrutura rural, saúde e ecossistemas, setores diretamente ligados ao agronegócio brasileiro e à vida no campo.

Outro avanço foi a conclusão de um conjunto de 59 indicadores voluntários que servirão para monitorar o progresso da Meta Global de Adaptação. Eles englobam temas como segurança alimentar, manejo sustentável do solo, resiliência de comunidades rurais e preservação de meios de vida.

Transição justa: povos tradicionais e trabalhadores no centro das decisões

O acordo também reforça a criação de um mecanismo de transição justa, que coloca trabalhadores rurais, comunidades tradicionais e populações vulneráveis como parte estratégica da descarbonização.

A COP30 ampliou ainda o Plano de Ação de Gênero, direcionando recursos financeiros e institucionais para lideranças femininas, incluindo mulheres indígenas, afrodescendentes e rurais, reconhecidas como essenciais para a gestão sustentável do território.

22.11.2025 - Belém - COP30 - Presidente da COP30 Andre Correa do Lago posa para foto durante plenária de encerramento da 30ª Conferência das Partes (COP30). Foto de Ueslei Marcelino/COP30 22.11.2025 - Belem - COP30 President Andre Correa do Lago poses for a photo during closing plenary meeting of the 30th Conference of the Parties (COP30). Photo by Ueslei Marcelino/COP30
22.11.2025 – Belém – COP30 – Presidente da COP30 Andre Correa do Lago posa para foto durante plenária de encerramento da 30ª Conferência das Partes (COP30). Foto de Ueslei Marcelino/COP30 22.11.2025 – Belem – COP30 President Andre Correa do Lago poses for a photo during closing plenary meeting of the 30th Conference of the Parties (COP30). Photo by Ueslei Marcelino/COP30

Decisão Mutirão: o esforço global para acelerar a implementação climática

Para dar tração às metas negociadas, a COP30 aprovou a chamada Decisão Mutirão, que formaliza uma mobilização global inédita com dois instrumentos principais:

  • Acelerador Global de Implementação: criado pelas presidências da COP30 e COP31, ajudará países a cumprir suas metas de mitigação e adaptação.
  • Missão Belém para 1,5ºC: iniciativa multissetorial que busca elevar a ambição climática e promover avanços em mitigação, financiamento e adaptação.

Essas ferramentas se conectam com mais de 480 iniciativas já existentes dentro da Agenda de Ação da ONU — envolvendo governos, empresas, organizações financeiras e sociedade civil.

Agro, florestas e economia azul: protagonismo na COP da Amazônia

Entre os anúncios mais marcantes está o lançamento do Fundo Florestas Tropicais Para Sempre, que mobilizou US$ 6,7 bilhões em sua fase inicial. O mecanismo pagará continuamente países que preservam florestas tropicais, valorizando a manutenção da vegetação nativa.

Também foram apresentadas iniciativas com forte impacto no Brasil e no setor produtivo:

  • Acelerador Raiz, inspirado em programas brasileiros de agroecologia e restauração de áreas degradadas.
  • Políticas para integrar o oceano às metas climáticas, promovendo empregos sustentáveis na chamada economia azul.
  • O Plano de Ação de Saúde de Belém, com US$ 300 milhões para fortalecer sistemas de saúde resilientes ao clima no Sul Global.

Roteiros de Belém: rumo ao desmatamento zero e à transição energética

A presidência da COP lançou os Roteiros de Belém, que irão orientar negociações futuras em dois temas centrais:

  • Estratégias para deter e reverter o desmatamento, com foco nas florestas tropicais.
  • Transição dos combustíveis fósseis, abordando custos econômicos, fiscais e sociais da mudança.

Esses documentos serão a espinha dorsal dos debates até a COP31.

Reforma financeira global: Roteiro Baku–Belém e novas formas de crédito climático

A remodelação da arquitetura financeira internacional ganhou espaço de destaque. A COP30 reconheceu o Roteiro Baku–Belém para US$ 1,3 trilhão, que propõe ampliar o financiamento climático anual até 2035 por meio de:

  • Reformas em bancos multilaterais de desenvolvimento
  • Expansão de instrumentos como garantias, blended finance e fundos concessionais
  • Mecanismos de transparência estabelecidos pelo novo Quadro Global de Responsabilização do Financiamento Climático

Para países agrícolas como o Brasil, essas linhas de crédito podem impulsionar tecnologias de baixa emissão, restauração produtiva, irrigação eficiente e sistemas integrados de produção.

Brasil na liderança até 2026

O embaixador Corrêa do Lago reforçou que o Brasil seguirá na presidência da COP até novembro de 2026, guiado por três eixos:

  • Fortalecimento do multilateralismo
  • Conexão entre clima e qualidade de vida das populações
  • Aceleração da implementação do Acordo de Paris

Segundo ele, “o trabalho está apenas começando”, em uma clara sinalização de continuidade do protagonismo brasileiro nas discussões climáticas.

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