Copiando modelo americano, Marfrig deve aumentar gado próprio

Marfrig vai importar modelo americano de fornecimento de gado para o Brasil; frigorífico quer garantir 25% do abastecimento com contratos de fornecimento de longo prazo

A Marfrig vai importar dos Estados Unidos para o Brasil um modelo de verticalização no fornecimento de gado para a indústria. É uma espécie de integração, parecida com a dos frigoríficos de aves e suínos, com algumas adaptações. A referência vem de sua controlada americana National Beef, que tem pecuaristas entre seus acionistas minoritários. Eles são responsáveis por garantir cerca de 25% dos animais abatidos pela empresa, por meio de contratos de fornecimento de longo prazo.

Para cobrir 25% da demanda de suas plantas no Brasil, a Marfrig espera desembolsar entre R$ 2 bilhões e R$ 3 bilhões ao longo dos próximos anos, a depender do valor do gado. A ideia é fornecer aos pecuaristas parceiros o bezerro para engorda e touros que garantam uma melhora genética do rebanho.

“Isso vai funcionar como um pulmão de equilíbrio da oferta quando a disponibilidade de animais for menor e o ciclo da pecuária no Brasil virar”, disse Marcos Molina, fundador e presidente do Conselho de Administração da Marfrig, durante teleconferência com analistas e investidores nesta quinta-feira.

Por enquanto, o projeto está dentro de casa. Isso porque a MFG Agropecuária, grupo que reúne as fazendas pessoais de Molina e sua família, já abastece 10% da necessidade das indústrias que permaneceram com a Marfrig após a venda de ativos da companhia para a Minerva.

Hoje, essas unidades têm capacidade para abater 5,1 mil cabeças por dia. Com os investimentos realizados e que ainda serão feitos, essa capacidade vai chegar a 7,6 mil cabeças em 2024, e alcançar seu ápice em 2025 (8,4 mil animais por dia).

Vemos uma oferta de animais ainda saudável [no Brasil] para 2025. O ciclo de gado para 2026 pode ser mais desafiador. Estamos nos posicionando para enfrentar a baixa oferta de gado no país”, disse Molina. Em sua avaliação, hoje o preço do boi no Brasil é o mais baixo do mundo.

A expectativa de Molina é que o modelo garanta um nível de ocupação dos frigoríficos acima de 90% ao longo dos 12 meses do ano. Esse é um patamar superior ao registrado atualmente.

Cerca de R$ 1,5 bilhão do valor total estimado para chegar aos esperados 25% de “gado próprio” em 2025 virá dos R$ 6 bilhões que a Marfrig ainda tem a receber da Minerva.

Em agosto do ano passado, a Marfrig vendeu a maior parte de seus ativos na América do Sul para a concorrente, por R$ 7,5 bilhões. Por enquanto, recebeu um adiantamento de R$ 1,5 bilhão. O restante entra no caixa após a aprovação da operação pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade).

MFG Agropecuária

No ano passado a MFG Agropecuária, uma dos maiores boiteis do país, alcançou a marca de 2,5 milhões de bovinos confinados em 16 anos. Atualmente, a gigante da pecuária têm em suas unidades de confinamento uma capacidade estática de 139.000 bovinos confinados (dados divulgados pela empresa). A empresa, que encerrou 2022 com 270 mil cabeças confinadas.

A MFG conta com seis unidades: Tangará da Serra/MT, Campo Novo do Parecis/MT, Campo Verde/MT, Mineiros/GO, Pereira Barreto/SP e Terenos/MS. Com infraestrutura moderna e eficiente para engorda de bovinos, boa localização e uma equipe capacitada e treinada para o manejo nutricional e sanitário, a MFG proporciona aos seus parceiros o sistema ideal para garantir o máximo desempenho de seus animais, com segurança e respeito socioambiental.

A MFG Agropecuária projetou encerrar o ano de 2023 com 350 mil cabeças confinadas. Em média, 85% desses animais pertencem a pecuaristas parceiros. Já a divulgação do volume de animais terminados no sistema de confinamento por um dos maiores boiteis do país, confirma novamente a grande referência que se tornaram as fazendas da empresa.

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