Crédito privado do agro dispara e CPRs se aproximam de R$ 530 bilhões

Safra 2025/26 marca avanço expressivo dos instrumentos de financiamento privado, com destaque para as CPRs, LCAs e fundos Fiagro

O crédito privado no agronegócio brasileiro vive um ciclo de expansão vigoroso, sinalizando uma reconfiguração no modelo de financiamento do setor. Dados atualizados do Boletim de Finanças Privadas do Agro, divulgados pelo Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) em outubro, revelam que instrumentos como as Cédulas de Produto Rural (CPRs), as Letras de Crédito do Agronegócio (LCAs) e os fundos Fiagro têm ganhado ainda mais espaço, reforçando a autonomia do agro frente às linhas públicas tradicionais.

O crescimento DO crédito privado no agronegócio acompanha um cenário de maior demanda por capital, modernização produtiva e busca por liquidez, especialmente em meio à alta dos custos e à volatilidade dos mercados internacionais.

CPRs ultrapassam R$ 527 bilhões e acumulam alta de 461% desde 2021

As Cédulas de Produto Rural (CPRs) continuam como o principal pilar do crédito privado no campo. Somente em setembro de 2025, o volume atingiu R$ 527,4 bilhões, o que representa um crescimento de 27% em relação ao mesmo mês do ano anterior. Quando comparado ao acumulado desde 2021, a alta é ainda mais expressiva: 461%.

Entre julho e setembro deste ano, as CPRs financiaram R$ 105,6 bilhões, com aumento de 22% no número de contratos. O valor médio das operações gira em torno de R$ 1,35 milhão, refletindo a escala e a sofisticação das transações.

O instrumento tem sido amplamente utilizado para financiar grãos, frutas, hortaliças, pecuária, insumos, máquinas agrícolas e projetos de sustentabilidade, mostrando sua versatilidade e adaptação às diferentes realidades do campo brasileiro.

Outro destaque do boletim é o desempenho das Letras de Crédito do Agronegócio (LCAs), que chegaram a R$ 608,1 bilhões em setembro, representando uma alta de 23% em comparação a 2024.

O salto do crédito privado no agronegócio está diretamente ligado a mudanças nas regras de reaplicação impostas pela nova regulamentação da safra 2025/26. A partir deste ciclo, 60% dos recursos captados via LCA devem obrigatoriamente ser aplicados no financiamento rural — antes, essa exigência era de 50%.

Desse montante, 45% precisam ser direcionados para operações diretas de crédito rural, o que equivale a R$ 164,2 bilhões — 33% a mais que no ano anterior.

A distribuição entre as instituições financeiras mostra liderança dos bancos públicos (44%), seguidos por bancos privados (30%) e cooperativas de crédito (26%), reforçando a importância da participação do sistema financeiro como um todo na alavancagem do agro.

Fiagro avança e atrai capital para o campo

O setor também acompanha de perto o avanço dos Fundos de Investimento nas Cadeias Agroindustriais (Fiagro), que já somam R$ 43,1 bilhões em patrimônio líquido, distribuídos em 142 fundos ativos. O crescimento no último ano foi de 13%, e, desde 2023, o salto acumulado já chega a 253%.

Entre os modelos de Fiagro, os fundos imobiliários representam 44,6%, seguidos pelos fundos de participações (39,4%) e fundos de direitos creditórios (16%).

Mesmo com pausas temporárias na atualização de dados, o segmento vem se consolidando como alternativa estratégica de investimento para o setor, ligando o campo ao mercado de capitais com instrumentos mais acessíveis e diversificados.

Agro privado mais forte e diversificado

A explosão dos números relacionados às CPRs, LCAs e Fiagros revela um agronegócio cada vez mais financeiramente sofisticado, com capacidade de atrair capital fora dos tradicionais canais públicos. Essa diversificação é vista como essencial para dar suporte ao crescimento da produção, inovação tecnológica e sustentabilidade das cadeias produtivas.

Mais do que cifras, o avanço do crédito privado sinaliza um reposicionamento do agro brasileiro como agente protagonista nas decisões de financiamento — com maior autonomia, velocidade e capacidade de adaptação aos desafios globais.

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