Criação de gado em sistema intensivo, é o mais lucrativo?

O sistema intensivo tem sido cada vez mais incorporada em diversos contextos da criação de gado, apresentando vantagens, desvantagens e fatores determinantes para o êxito; entenda melhor

A evolução do modelo de produção na pecuária brasileira, abrangendo todas as atividades de criação animal, passou por um processo significativo de intensificação ao longo do tempo. Esse movimento, embora demande uma quantidade substancial de insumos, resulta em uma produção mais robusta em comparação ao valor dos ativos envolvidos, como terras, máquinas e equipamentos.

Diante desse cenário, a gestão tornou-se um elemento crucial para o sucesso, especialmente considerando a intensificação que requer um aporte financeiro mais expressivo e muitas vezes opera com margens de lucro bastante ajustadas. Surge, então, a pergunta: seria a intensificação o caminho para tornar a pecuária mais rentável?

Dentre as estratégias amplamente adotadas na produção animal, destaca-se a intensificação dos sistemas produtivos. Essa abordagem tem sido cada vez mais incorporada em diversos contextos, apresentando vantagens, desvantagens e fatores determinantes para o êxito.

Ampla alocação de recursos financeiros

No âmbito das vantagens, destaca-se, de maneira evidente no contexto econômico, a obtenção de uma quantidade maior de produtos finais em comparação com a quantidade de ativos mobilizados, como terras e máquinas. Isso implica em uma aceleração nas operações, mesmo que a rentabilidade unitária seja menor. A intensificação demanda mais insumos, mão-de-obra e recursos, resultando em uma necessidade correspondente de um aumento significativo no capital de giro investido no setor agropecuário, o qual precisa gerar benefícios proporcionais.

A Maximus Agronegócio é um dos boitéis referência no Brasil
Foto: Divulgação / Maximus

Como é sabido, o aumento do emprego de capital impõe maiores exigências de retorno, dado que eleva os riscos associados à produção. Quanto maior o investimento, maior é a expectativa de retorno. Este fato ressalta um fator determinante para o sucesso dessa estratégia: a eficiência. Sistemas intensivos demandam uma eficiência mais elevada em relação aos recursos, abrangendo não apenas a eficiência técnico-produtiva, que se limita à melhoria dos indicadores zootécnicos e agronômicos, mas também englobando a eficiência de máquinas, mão-de-obra, instalações, entre outros elementos.

Em outras palavras, é fundamental garantir a eficiência na utilização de todos os recursos, ciente de que cada ponto de ineficiência pode comprometer tanto o sistema quanto o lucro de forma abrangente.

Diminuindo margens e aumentando giros

Reduzindo margens e incrementando rotatividade Um aspecto frequentemente interpretado de maneira equivocada em operações intensivas é a percepção de que as margens, muitas vezes, são mais estreitas do que aquelas em sistemas extensivos. Contudo, o que é erroneamente considerado como uma desvantagem nem sempre corresponde à realidade.

Apesar da redução nas margens unitárias observada em produções intensivas, decorrente da implementação de mais tecnologias, a produção final é substancialmente maior. Quando essa produção é proporcionalmente superior ao capital investido, resulta em uma ampliação na rotatividade de ativos. O aumento na rotatividade de ativos pode ser explicado pelo incremento na receita gerada com os mesmos ativos utilizados, ou até mesmo proporcionalmente maior, caso haja um aumento nos ativos.

criação de gado em sistema intensivo
Foto: Marcella Pereira

Ao considerarmos tanto a margem quanto a rotatividade, torna-se possível avaliar se a intensificação foi benéfica para o setor agroindustrial, analisando o retorno sobre o capital empregado (ROCE). A avaliação desse indicador é crucial para determinar o sucesso econômico da estratégia, sendo necessário que tenha aumentado em comparação com outras abordagens para efetivamente configurar benefícios.

É importante destacar que, para a geração de valor, o retorno deve superar o custo do capital empregado, seja este capital próprio ou de terceiros. Além disso, é essencial ponderar fatores qualitativos ao tomar decisões.

O elemento-chave para o sucesso da intensificação: a gestão

O aumento significativo no uso de capital na produção, como mencionado anteriormente, demanda retornos econômicos mais substanciais, os quais são medidos pelo resultado da margem multiplicada pela rotatividade, ou seja, o retorno sobre o capital empregado (ROCE).

No entanto, talvez o aspecto mais crucial para o êxito da estratégia de intensificação seja, na verdade, a profissionalização da gestão. É a gestão eficaz de todos os recursos empregados que determinará o sucesso da intensificação. A profissionalização garante que todos os recursos estejam gerando benefícios que superem seus custos, ou seja, que estejam sendo utilizados de forma eficiente.

A gestão do agronegócio planeja a utilização e alocação dos recursos de forma coordenada, o que resultará em retornos mais elevados. Além disso, por meio do monitoramento de indicadores específicos, a gestão avaliará se os resultados da estratégia adotada estão de acordo com o planejado. Ela identificará pontos de alerta e implementará medidas preventivas e corretivas para garantir o alcance dos resultados esperados.

Intensificar ou não

Em resumo, o processo de intensificação na pecuária brasileira transcende a mera melhoria técnico-produtiva, envolvendo o aumento substancial na utilização de todos os recursos, o que por sua vez eleva os riscos associados. A eficiência na gestão de todos esses recursos emerge como um fator crucial para o sucesso da atividade, sendo sua medida realizada pelo retorno sobre o capital empregado (ROCE). Destaca-se que a gestão profissionalizada desempenha um papel fundamental, garantindo a eficiência no uso desses insumos e, assim, torna-se um fator-chave para o êxito da intensificação da produção.

Dessa forma, ao considerar a intensificação, é imperativo garantir que os recursos estejam sendo empregados de maneira eficiente. Além disso, a profissionalização da gestão é essencial. Deve-se também explorar continuamente estratégias alternativas para comparação, visando maximizar o retorno sobre o capital empregado no setor agroindustrial. Este processo de tomada de decisão, fundamentado em eficiência e gestão competente, contribui para uma abordagem mais informada na busca pela otimização do retorno sobre o capital empregado no agronegócio.

Escrito por Compre Rural

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ℹ️ Conteúdo publicado pela estagiária Ana Gusmão sob a supervisão do editor-chefe Thiago Pereira

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