Crise de confiança na Indústria é generalizada no Brasil

Juros altos e instabilidade econômica freiam investimento e espalham pessimismo, paralisando planos de expansão em quase todos os setores

O sonho de crescimento para a indústria brasileira esbarra, cada vez mais, na dura realidade de um cenário econômico adverso. Um novo levantamento da Confederação Nacional da Indústria (CNI), divulgado nesta quinta-feira (25), joga luz sobre as imensas dificuldades que as empresas enfrentam para expandir seus negócios, com a falta de confiança atingindo impressionantes 27 dos 29 setores industriais.

O Índice de Confiança do Empresário Industrial (ICEI) Setorial serve como um termômetro da capacidade de investimento e crescimento das empresas. Sua queda em 12 setores apenas em setembro, reforça o clima de incerteza que sufoca as iniciativas empresariais. Apenas os segmentos farmoquímico/farmacêutico e de produtos diversos conseguiram manter algum otimismo, sublinhando que a exceção, e não a regra, é o crescimento sustentável neste momento.

O Freio de Mão dos Juros Altos

O principal motor desse pessimismo generalizado, que paralisa o crescimento em todos os portes de empresas, continua sendo o elevado patamar da taxa de juros. Como explica Marcelo Azevedo, gerente de Análise Econômica da CNI, “Os juros altos reduziram a demanda por produtos cujas compras costumam ser parceladas pelos consumidores. Como a indústria é bastante encadeada e uma empresa depende da outra, esse efeito se espalhou entre os setores.”

Essa queda na demanda, causada pelo encarecimento do crédito ao consumidor, cria um efeito dominó que se propaga por toda a cadeia produtiva. O resultado é um ritmo de produção em desaceleração desde o início do ano, dificultando o planejamento de longo prazo, a contratação de pessoal e os investimentos em inovação, essenciais para a competitividade em um mercado global.

Pessimismo enraizado em 4 regiões

As dificuldades para crescer não poupam a maioria das regiões do país. O pessimismo (ICEI abaixo de 50 pontos) se mantém firme no Sul (43,5 pontos), Sudeste (45,3 pontos) e Norte (47,9 pontos), regiões com grande concentração industrial.

Apesar de haver uma ligeira melhora no Sudeste e Sul em setembro, ela não foi suficiente para tirar os empresários do estado de desconfiança. Isso indica que os desafios estruturais e o Custo Brasil, somados à política monetária, estão criando barreiras significativas para que as empresas nessas regiões voltem a ter ambição de expandir.

Embora o Centro-Oeste tenha conseguido inverter a situação e voltar a demonstrar confiança (50,8 pontos) e o Nordeste (51,5 pontos) se mantenha otimista, a disparidade regional apenas destaca o quão heterogêneas e complexas são as condições para o empreendedorismo industrial no país.

A falta de confiança, que atinge pequenas, médias e grandes empresas, é o retrato de um Brasil onde crescer se tornou um desafio monumental, exigindo que as companhias operem com máxima cautela e adiem planos de expansão até que o cenário macroeconômico ofereça condições mais estáveis e favoráveis.

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