O Departamento de Agricultura dos EUA (USDA) não prevê incentivos financeiros diretos para reconstruir rebanho bovino;
Apesar do anúncio recente do Departamento de Agricultura dos EUA (USDA) sobre um plano “significativo” para revitalizar o rebanho nacional de bovinos, o programa não incluirá, ao menos por ora, pagamentos diretos aos pecuaristas. A afirmação foi feita por Colin Woodall, CEO da National Cattlemen’s Beef Association (NCBA), durante participação no programa AgriTalk, da Farm Journal, em 25 de setembro.
Na ocasião, Woodall foi enfático ao afastar rumores de incentivo monetário para retenção de bezerras reprodutoras ou recompra de vacas: “Não há programa de incentivo financeiro. Independentemente do que você tenha ouvido, esse programa não existe.”
A secretária de Agricultura, Brooke Rollins, havia mencionado em release à imprensa no dia 21 de setembro que o USDA “em breve divulgará um plano significativo para ajudar a reconstruir o abastecimento bovino americano, incentivando nossos grandes pecuaristas”. No entanto, segundo Woodall, essa declaração gerou expectativa imediata no setor, “espalhando-se como fogo em pasto seco”.
Woodall afirma que ainda que a equipe de Rollins tenha mantido diálogo com a NCBA sobre apoio aos pecuaristas, o conceito de incentivo direto ainda não consta nos planos atuais. “Você nunca pode descartar o que o governo federal pode fazer”, disse ele, “mas com base nas conversas que tivemos, não há um programa iminente.”
Como alternativas, o dirigente sugere que o USDA possa revisar regulações, reduzindo encargos regulatórios para criadores de bovinos. Ele também alerta que apenas a especulação sobre incentivos já pode afetar os mercados com significativa volatilidade.
Durante o Ag Outlook Forum em Kansas City, Rollins reafirmou que, embora reconheça que o número de produtores de gado caiu muito nas últimas décadas, não há plano para pagamentos diretos (incentivos): “Nenhum plano de pagamento direto está sendo considerado — o governo intervir no mercado pode facilmente atrapalhar as coisas.”
Ela indicou que o plano deverá priorizar ferramentas de mitigação de risco e medidas que atraiam jovens para a pecuária, com divulgação de detalhes previstos para meados de outubro. 
Situação atual da pecuária bovina nos EUA
A indústria pecuária dos EUA enfrenta desafios estruturais e conjunturais que moldam o cenário atual:
- O rebanho bovino dos EUA está em seu nível mais baixo desde 1951, resultado de anos de seca prolongada, aumento dos custos de alimentação, pressões regulatórias e vendas antecipadas de cabeças em função de margens apertadas.
- O preço da carne bovina e do gado alcançou patamares recordes, impulsionado por escassez de oferta e demanda firme.
- Segundo a Tyson Foods, produtores já começaram ou estão próximos de iniciar a reconstrução do rebanho, o que costuma ser um processo gradual que pode levar dois anos ou mais.
- A recuperação, no entanto, é dificultada por fatores adversos como a retomada de secas em regiões de pastagem e restrições ao uso de terras.
- O USDA pretende retomar importações de gado mexicano até o fim de 2025, suspensas em razão do risco do parasita New World screwworm, cujo controle envolve medidas sanitárias rigorosas.
- No anúncio recente, a secretária Rollins sinalizou que o plano incluirá abertura de mais terras produtivas e ampliação de ferramentas de gestão de risco, em vez de incentivos diretos.
Em resumo, embora o setor reconheça a necessidade urgente de reconstrução do rebanho, o modelo de apoio governamental ainda está sendo desenhado e evitam-se intervenções que distorçam mercados. A expectativa é que, com persistência da alta demanda e pressão sobre estoques, estímulos financeiros possam ser reavaliados futuramente — mas por enquanto, o foco está em medidas estruturais e regulatórias.
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