Crise do boi se alastra, mas boi China vale R$ 240/@

A pressão baixista sobre o mercado do boi gordo ganhou uma nova intensidade, levando a grande instabilidade nos preços, segundo a Consultoria Agrifatto. Diante das dificuldades enfrentadas pelos produtores, existem algumas medidas que podem ajudar a mitigar o impacto da crise; confira

Com os pecuaristas cedendo em suas posições, a pressão baixista sobre o mercado do boi gordo ganhou uma nova intensidade, levando a quedas significativas nos preços, segundo a Consultoria Agrifatto. Embora os negócios tenham se mantido estáveis em grande parte do país, as ofertas dos frigoríficos no mercado “balcão” estão diminuindo cada vez mais.

Na Bolsa de Valores de São Paulo (B3), as quedas também foram acentuadas. O vencimento para maio de 2024 registrou uma desvalorização de 0,81% em comparação com o dia anterior, alcançando o patamar de R$ 225,40 por arroba. Esse valor representa o menor nível desde meados de agosto de 2023.

Os preços da arroba do boi gordo seguem acomodados nas principais praças de produção e comercialização do país. Segundo o analista da Consultoria Safras & Mercado, Fernando Henrique Iglesias, o ambiente de negócios ainda sugere tentativas de compra abaixo da referência média; no entanto, o pecuarista mostra-se mais relutante em negociar.

“O contraponto segue nas escalas de abate, que no momento atendem entre oito e nove dias úteis em média, e no comportamento dos preços no atacado, que permanecem fragilizados durante a segunda quinzena do mês”, diz Iglesias.

Já os analistas da Scot Consultoria, apontaram em seu boletim diário que os frigoríficos seguem esperando a definição do mercado para abrirem as compras. Portanto, o mercado está estável.

A cotação da arroba do boi gordo está em R$235,00, a da vaca em R$208,00 e a da novilha gorda em R$225,00, preços brutos e a prazo. O “boi China” está sendo negociado em R$240,00/@, preço bruto e a prazo. Ágio de R$5,00/@.

Exportações em queda

As exportações de carne bovina in natura da última semana totalizaram 38,56 mil toneladas, resultando em uma média diária de 7,71 mil toneladas. Este número representa uma queda significativa de 57,70% em comparação com a média diária da semana anterior. Nos primeiros 15 dias úteis de fevereiro de 2024, os envios atingiram 143,48 mil toneladas, o que corresponde a uma média diária de 9,56 mil toneladas.

Diante desse cenário, as estimativas apontam que até o final do mês as exportações podem atingir cerca de 172 mil toneladas, o que representa um aumento de 8,51% em relação ao recorde estabelecido em fevereiro de 2022.

Essa redução nas exportações contribui para a pressão de baixa no mercado interno, intensificando os desafios enfrentados pelos produtores de bovinos. O setor agora aguarda por movimentos que possam trazer estabilidade e equilíbrio ao mercado nos próximos meses.

Preços da arroba do boi pelo Brasil

  • São Paulo (Capital): R$ 236
  • Goiânia (GO): R$ 218
  • Uberaba (MG): R$ 232
  • Dourados (MS): R$ 221
  • Cuiabá (MT): R$ 209

Consequências para os produtores

As consequências para os produtores de bovinos diante desse cenário de pressão baixista e queda nas exportações podem ser significativas e abrangentes:

Redução da receita: Com os preços do boi gordo em declínio, os produtores enfrentam uma redução na receita proveniente da venda de seus animais. Isso pode impactar diretamente a rentabilidade das operações pecuárias.

Margens de lucro apertadas: A diminuição dos preços combinada com os custos de produção pode resultar em margens de lucro ainda mais apertadas. Isso pode dificultar a manutenção das operações e investimentos necessários no negócio.

Endividamento: Produtores que dependem de financiamentos ou empréstimos para operar suas fazendas podem enfrentar dificuldades para cumprir com suas obrigações financeiras, especialmente se a receita gerada pela venda de gado diminuir.

Ajustes na produção: Diante de preços mais baixos, os produtores podem ser obrigados a ajustar suas estratégias de produção, como reduzir o tamanho do rebanho, postergar investimentos em melhorias na propriedade ou buscar alternativas de mercado.

Impacto psicológico: A incerteza e o estresse causados pela instabilidade no mercado podem ter um impacto significativo no bem-estar mental dos produtores, afetando sua qualidade de vida e motivação para continuar na atividade.

Necessidade de diversificação: Para mitigar os riscos associados à volatilidade do mercado de bovinos, os produtores podem considerar a diversificação de suas atividades, investindo em outras fontes de renda ou explorando novos nichos de mercado.

Estratégias para mitigar os impactos

Diante das dificuldades enfrentadas pelos produtores, existem algumas medidas que podem ajudar a mitigar o impacto nas operações pecuárias:

Diversificação de fontes de renda: Os produtores podem explorar outras atividades complementares à pecuária, como a produção de grãos, silvicultura, turismo rural ou agroturismo. Isso pode ajudar a reduzir a dependência exclusiva da venda de gado.

Aumento da eficiência produtiva: Investir em práticas de manejo mais eficientes e tecnologias inovadoras pode ajudar a reduzir os custos de produção e aumentar a produtividade do rebanho, tornando o negócio mais rentável mesmo em condições adversas de mercado.

Planejamento financeiro e controle de custos: Manter um rigoroso controle financeiro e elaborar um planejamento detalhado pode ajudar a identificar áreas de desperdício, reduzir custos desnecessários e garantir uma gestão mais eficiente dos recursos disponíveis.

Negociação de contratos futuros: Utilizar contratos futuros ou outras ferramentas de hedge pode ajudar os produtores a proteger seus preços de venda contra a volatilidade do mercado, oferecendo uma certa garantia de receita mesmo em momentos de baixa.

Associativismo e cooperação: Participar de associações ou cooperativas de produtores pode oferecer benefícios em termos de negociação conjunta de insumos, acesso a tecnologias e mercados, além de compartilhamento de conhecimentos e experiências.

Capacitação e atualização profissional: Investir em capacitação e atualização profissional pode ajudar os pecuaristas a adquirir novas habilidades, conhecimentos e técnicas que possam melhorar a gestão de suas propriedades e aumentar sua competitividade no mercado.

Essas medidas podem não apenas ajudar os produtores a enfrentar os desafios atuais, mas também a fortalecer suas operações e prepará-los para enfrentar futuras adversidades no mercado pecuário.

Escrito por Compre Rural.

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ℹ️ Conteúdo publicado pela estagiária Juliana Freire sob a supervisão do editor-chefe Thiago Pereira

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