Ajuste pós-anos de bonança revela margens apertadas e inadimplência crescente. No Norte de Goiás, Sindicato Rural de Porangatu cobra ações urgentes diante de falhas no Plano Safra e logística precária.
O agronegócio brasileiro, motor da economia nacional, enfrenta um período de ajuste severo após um ciclo de expansão e rentabilidade elevada. A “tempestade perfeita” — formada pela combinação de custos de produção ainda altos, queda acentuada nos preços das commodities e aumento do endividamento — começa a elevar os índices de inadimplência no campo, gerando forte preocupação em toda a cadeia financeira, de fornecedores de insumos a grandes bancos.
O cenário de “vacas magras” é um reflexo direto do fim do superciclo das commodities. Segundo Eric Emiliano, sócio da L.E.K. Consulting, a fase de margens largas deu lugar a uma realidade de caixa pressionado.
“O agronegócio teve anos muito bons, especialmente nas culturas de soja e milho, mas já vem há duas ou três safras com margens mais curtas. Os custos subiram, os preços das commodities caíram e isso pressiona o caixa do produtor”, explica Emiliano.
Essa pressão sobre a capacidade de pagamento, analisada em nível nacional pela consultoria, já se materializa em crises regionais agudas, exigindo mobilização dos representantes do setor.
Norte de Goiás: O Retrato da Crise
Um exemplo claro dessa conjuntura desafiadora vem do Norte de Goiás. Em nota oficial, o Sindicato Rural de Porangatu manifestou sua “profunda preocupação” com o cenário enfrentado pelos agropecuaristas da região.
O sindicato detalha que os problemas locais vão além da questão mercadológica. A entidade cita o “crescente endividamento dos produtores”, a “ausência de recursos efetivos do Plano Safra” e a “irregularidade das chuvas” como fatores críticos que têm imposto sérias dificuldades ao campo.
A situação é agravada pela instabilidade nos preços da arroba do boi e pela média baixa da saca de soja na região. Segundo o sindicato, o Norte de Goiás “está em patamar inferior e sofre penalidades de transporte/logística”, o que corrói ainda mais a rentabilidade que já está espremida pelos custos.
Sindicato cobra ações e busca soluções
Diante da gravidade da situação, o Sindicato Rural de Porangatu anunciou que não está inerte. A entidade já solicitou um “estudo técnico sobre o impacto climático na produção agrícola e pecuária da região”, que servirá para subsidiar pedidos de apoio emergencial.
Paralelamente, a diretoria informou que está “em busca de novas fontes de recursos bancários, com condições diferenciadas”, visando facilitar o acesso ao crédito rural neste momento crítico, quando o Plano Safra se mostra insuficiente.
A pressão política também foi intensificada. O sindicato afirma que mantém diálogo com representantes estaduais e federais, cobrando “ações urgentes para minimizar os efeitos do endividamento, garantir linhas de renegociação e ampliar o apoio institucional ao produtor rural”.
A nota é concluída com uma mensagem de comprometimento:
“Reafirmamos nosso compromisso com os produtores do norte de Goiás e seguimos firmes na defesa do setor, buscando soluções reais para garantir a continuidade e a dignidade da atividade rural em nossa região.”
Escrito por Compre Rural
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ℹ️ Conteúdo publicado pela estagiária Ana Gusmão sob a supervisão do editor-chefe Thiago Pereira
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