
No acumulado da safra, o lucro líquido subiu 15,3% em comparação com a temporada 2023/24, para R$ 175,677 milhões.
São Paulo, 23 – O Centro de Tecnologia Canavieira (CTC) registrou lucro líquido de R$ 42,042 milhões no quarto trimestre da safra 2024/25, encerrado em março, alta de 8,5% ante igual período da temporada anterior, quando o resultado foi positivo em R$ 38,742 milhões. O Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) recuou 5,3% na mesma comparação e atingiu R$ 48,033 milhões. A margem Ebitda recuou 8,1 pontos porcentuais, para 42,3%. A receita líquida cresceu 12,8% no trimestre, para R$ 113,525 milhões.
No acumulado da safra, o lucro líquido subiu 15,3% em comparação com a temporada 2023/24, para R$ 175,677 milhões. O Ebitda avançou 6,6%, para R$ 198,165 milhões, com margem de 46,9%, queda de 1,7 ponto. Já a receita líquida cresceu 10,6%, para R$ 422,648 milhões, impulsionada pela maior penetração de suas variedades mais recentes de cana-de-açúcar, que hoje já representam 70% do plantio.
A companhia, que é referência em biotecnologia aplicada à cana, reforçou sua posição de liderança com um market share de 27% – 3 pontos porcentuais mais do que na safra anterior. “Seguimos focados na execução do nosso planejamento estratégico de longo prazo, sendo a única empresa brasileira com infraestrutura e recursos humanos capacitados globalmente, investindo em larga escala no aperfeiçoamento genético e comercialização de cana-de-açúcar no Brasil”, afirmou a administração da empresa no release de resultados.
Entre os destaques do ciclo anterior está o avanço do projeto de Sementes Sintéticas, que teve sua planta demonstrativa aprovada com investimento estimado de R$ 100 milhões. O projeto é visto como uma revolução no sistema de plantio, com maior sanidade, velocidade de renovação e ganhos operacionais.
A companhia também lançou a plataforma de biotecnologia VerdPRO2, com dupla proteção contra pragas e herbicidas, e deu início à construção de novas variedades com foco em produtividade e resistência ao Sphenophorus, praga que tem causado perdas significativas ao setor.
O portfólio da empresa tem mostrado desempenho superior, com produtividade média de 11,8 toneladas de açúcar por hectare (TAH), frente à média de mercado de 10,7 t/ha. Quatro novas variedades foram lançadas, incluindo a primeira da série CTC Advana, que mira um patamar mais elevado de produtividade genética.
Os investimentos em pesquisa e desenvolvimento (P&D) somaram R$ 233,9 milhões na safra anterior, alta de 13,8%, e corresponderam a 55,3% da receita líquida da companhia. Com caixa líquido de R$ 493,9 milhões e dívida com custo médio de 5,2% ao ano, o CTC reforça sua capacidade de continuar investindo em inovação mesmo diante de um cenário climático adverso na safra, que registrou queda de 10,7% na produtividade (TCH) e queimadas no Estado de São Paulo, destacou e empresa no release de resultados.
Segundo estimativas da companhia, as receitas futuras oriundas de áreas já plantadas, mas ainda não colhidas, somam R$ 885 milhões a valor presente – uma cifra não contabilizada nos resultados atuais, mas que ilustra o potencial previsível da operação.
Lançamentos e sementes
O Centro de Tecnologia Canavieira (CTC) projeta um ciclo promissor para os próximos anos, com a expectativa de lançar quatro novas variedades de cana-de-açúcar na temporada 2026/27. Segundo o CEO da companhia, César Barros, os materiais atualmente em fase de pré-lançamento já passaram pelos principais critérios de performance e agora são testados em condições reais de campo.
“Quando falamos em pré-lançamento, significa que o ciclo de melhoramento se encerrou – ou seja, o time de pesquisa chegou a quatro produtos que atingiram os targets desejados”, explicou Barros. Ele ressaltou que, apesar de ainda não serem considerados oficialmente lançados, esses materiais já começam a ser multiplicados por produtores parceiros. “Às vezes o pré-lançamento acaba funcionando quase como um lançamento. O cliente já vê os resultados em sua fazenda e decide multiplicar os materiais”, disse.
Dois dos quatro pré-lançamentos têm foco específico no Nordeste, o que sinaliza uma ampliação do escopo geográfico da empresa. “Já começamos a ter produtos específicos para lá, o que reforça nosso compromisso com o investimento em melhoramento genético para aquela região”, declarou.
A evolução da frente de sementes também foi destacada por Barros, que vê 2025 como um ano fundamental para a coleta de dados e validação dos materiais. “Ampliamos o número de locais plantados e o número de variedades testadas. Voltamos bastante otimistas com o desempenho observado, comparando a performance da semente com o plantio convencional”, explicou.
Na área de biotecnologia, o CTC mantém o desenvolvimento de 12 produtos. O foco também está na regulamentação, explicou Barros. “Nosso objetivo é conseguir, ainda neste ano, submeter pelo menos uma variedade, o que é fundamental para o nosso pipeline de lançamentos”, disse.