Demanda interna continua estável, diz CEO da BRF

O executivo reiterou que a queda da demanda do food service foi “drástica”, mas o aumento da demanda no varejo compensou esse efeito, indicou.

A demanda agregada pelos produtos da BRF no mercado doméstico é “estável”, afirmou nesta quarta-feira o CEO da companhia, Lorival Luz, em live promovida pelo Itaú BBA.

O executivo reiterou que a queda da demanda do food service (alimentação fora do lar) foi “drástica”, mas o aumento da demanda no varejo compensou esse efeito, indicou. “Aqueles restaurantes menores, por quilo,fecharam. A redução de consumo foi para zero, literalmente”, disse Luz.

No casos das grandes redes — o que inclui lanchonetes como o McDonald’s —, a queda da demanda ficou entre 70% e 80%, a depender da relevância do delivery para cada uma dessas companhias. A BRF fornece nuggets para essas redes.

Ele negou, ainda, que a BRF tenha feito projeções iniciais de queda de 20% nas vendas no Brasil em abril, como o Valor reportou na edição desta quarta-feira, com base em entrevista com fontes que pediram para não ter o nome revelado. “Aqui não existiu nenhum estudo”, rebateu Luz.

Conforme a reportagem informou, o início de abril acendeu o alerta nas agroindústrias de aves e suínos, mas há esperança de que a piora da última semana de março e do começo de abril seja apenas uma “ressaca” depois do período de estocagem mais forte de março. O pagamento do auxílio emergencial do governo, a partir de amanhã, pode contribuir.

Durante a live, o CEO da BRF também argumentou que o comportamento “muito errático” do consumo que se vê “semana a semana”, e que provoca movimentos de estocagem seguidos de menores compras, é menos relevante para produtos perecíveis como os feitos pela BRF.

“Nosso consumidor não tem uma capacidade muito grande de estocagem. [Compra] o que cabe no freezer e na geladeira”, afirmou o executivo, sinalizando que a frequência de compras desses alimentos nos supermercados não segue a lógica de outros segmentos.

Em relação às mudanças de hábitos dos consumidores, que ficam mais tempo em casa, Luz disse que, em momentos de recessão e piora da renda dos trabalhadores, proteínas mais baratas tendem a ser favorecidas. É o caso da carne de frango, o que beneficia a BRF. Produtos como a carne bovina, mais caros, são substituídos, lembrou o CEO da empresa.

“Em algum momento, essa migração tende a acontecer. É muito recente, mas é uma questão econômica do poder de compra da população em geral”, ressaltou o executivo da BRF.

Luz também afirmou que, com as pessoas em casa, a demanda do consumidor por produtos de maior praticidade, como salsichas, tende a aumentar. Quando questionado sobre o possível aumento da participação de mercado, Luz foi cauteloso. Não está claro qual será o efeito do preço — a marca Sadia é mais cara que as concorrentes — sobre o consumidor.

“Não sei se, na hora que houver essa migração, quem [estiver] comprando vai querer o mais barato. Não sei o poder de influência que isso vai ter”, admitiu.

Fonte: Valor Econômico.

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