Estudos da Embrapa revelam que as pastagens cultivadas no Brasil ocupam cerca de 177 milhões de hectares, e a escolha correta das forrageiras pode aumentar significativamente a produtividade dos rebanhos, com a melhoria da qualidade e quantidade de carne e leite produzidos
A escolha do capim ideal para a alimentação animal é um fator determinante para o sucesso na pecuária brasileira. Com um setor que abrange mais de 200 milhões de cabeças de gado, como estima o IBGE de 2024, a eficiência na nutrição e no manejo das pastagens impacta diretamente na produtividade, rentabilidade e saúde do rebanho. Diversos fatores devem ser levados em conta na seleção das forrageiras, como as condições climáticas da região, o tipo de solo, a finalidade da criação e, sobretudo, as necessidades nutricionais específicas de cada espécie animal.
Estudos da Embrapa revelam que as pastagens cultivadas no Brasil ocupam cerca de 177 milhões de hectares, e a escolha correta das forrageiras pode aumentar significativamente a produtividade dos rebanhos, com a melhoria da qualidade e quantidade de carne e leite produzidos. Este artigo traz um panorama das melhores opções de capim para diferentes tipos de criação, abordando desde a produção de carne até a produção de leite e outras atividades pecuárias.
Capins para gado de corte (Criação, Recria e Engorda)
O manejo das pastagens para gado de corte deve ser cuidadosamente planejado para garantir o desenvolvimento saudável dos animais em todas as fases de criação. Em 2024, com um aumento na demanda por carne bovina, especialmente no mercado interno e de exportação, a escolha do capim adequado se tornou ainda mais relevante.
Capins recomendados para gado de corte:
- Brachiaria brizantha (Marandu): Ideal para a fase de engorda, com excelente produção de massa verde e boa resistência à seca, sendo capaz de cobrir até 20 toneladas por hectare ao ano. Sua adaptabilidade a solos de baixa fertilidade e sua capacidade de resistir à seca são fatores que garantem o bom desempenho em diversas regiões do Brasil.
- Brachiaria decumbens: Adaptada a solos menos férteis e com boa cobertura do solo, é uma das forrageiras mais utilizadas para cria e recria, proporcionando boa produção de forragem com até 15 toneladas por hectare ao ano.
- Capim Tanzânia: Com alto teor proteico (até 16%) e excelente palatabilidade, o Tanzânia é um capim ideal para engorda intensiva, com produção de até 30 toneladas de forragem por hectare.
- Mombaça: Caracteriza-se pela elevada produção de forragem (mais de 25 toneladas por hectare) e sua adaptação a diferentes tipos de solo, sendo uma escolha eficaz para regiões que enfrentam períodos secos e outras variações climáticas.
- BRS Paiaguás: Com excelente desempenho em períodos secos, o BRS Paiaguás é uma opção para regiões com clima mais árido, mantendo a qualidade nutricional das forragens com até 20% de proteína bruta.
Capins para gado de Leite
Para a produção de leite, a qualidade nutricional da forragem é ainda mais crítica. A Embrapa, em suas últimas pesquisas, ressalta que o bom manejo de pastagem para gado leiteiro pode resultar em aumento de até 15% na produção de leite, o que representa um impacto significativo na rentabilidade do produtor.
Capins recomendados para gado de leite:
- Tifton 85: Apresenta alto teor de proteína (até 18%) e excelente digestibilidade, sendo uma das forrageiras mais indicadas para sistemas de pastejo intensivo, além de ter resistência ao pisoteio, permitindo o pastejo contínuo em áreas com grande número de animais.
- Coastcross: Ideal para pastejo e produção de feno, essa forrageira também se destaca pela boa resistência ao pisoteio, sendo uma excelente opção para rebanhos leiteiros de grande porte.
- Mombaça: Com alta produção de massa verde e teor proteico, o Mombaça é altamente recomendado para áreas com alta demanda de forragem, além de ter grande resistência ao pastejo intenso.
- Jiggs: Ideal para feno e pastejo, apresenta recuperação rápida após o corte, sendo altamente eficiente em períodos críticos, como durante a seca.
- Estrela-africana: Apresenta boa cobertura do solo e resistência ao pastejo intensivo, além de adaptação a climas mais quentes e secos, sendo uma excelente opção para áreas de clima tropical.
Capins para Equinos (Esporte e Lazer)
Os equinos, conhecidos por sua seletividade alimentar, exigem cuidados especiais na escolha das forrageiras. Em 2024, com o crescimento do mercado de esportes equestres e das competições, é essencial garantir que os cavalos recebam uma alimentação que favoreça seu desempenho atlético e saúde geral.
Capins recomendados para equinos de esporte e lazer:
- Tifton 85: Além de ser uma excelente opção para feno e pastejo, o Tifton 85 é amplamente utilizado em haras, devido ao seu alto valor nutricional e boa digestibilidade.
- Coastcross: Uma forragem de alta digestibilidade, ideal para cavalos de esporte, proporcionando boa energia e nutrientes necessários para o desempenho atlético.
- Coast Bermuda: Excelente opção para haras, com baixo risco de problemas digestivos devido à sua baixa quantidade de fibra, o que facilita a digestão dos equinos.
- Rhodes: Com boa palatabilidade e uma mistura equilibrada de nutrientes, o Rhodes é altamente recomendado para cavalos de lazer, que demandam uma alimentação mais simples, mas nutritiva.
- Hemártria: Ideal para pastagens em áreas mais secas, oferece excelente cobertura do solo e resistência ao pisoteio, o que contribui para a manutenção da qualidade do pasto.
Capins para Caprinos e Ovinos
Caprinos e ovinos têm comportamentos de pastejo distintos, com maior seletividade em relação às partes mais nutritivas das plantas. Para atender a essas necessidades, a escolha de capins com características específicas é essencial para garantir uma produção de carne e leite de qualidade.
Capins recomendados para caprinos e ovinos:
- Tanzânia: Ideal para pastejo, com excelente relação folha/colmo, garantindo uma forragem macia e nutritiva, com boa resistência à seca e alta produção de massa.
- Massai: Apresenta folhas mais finas e maior densidade, sendo perfeita para caprinos e ovinos que exigem forragem mais macia e nutritiva.
- Aruana: Ótima opção para sistemas intensivos, com boa produção de massa e adaptação a solos mais áridos, além de alta resistência ao pisoteio.
- Tifton 85: Além de ser uma excelente opção para feno, o Tifton 85 também se adapta bem ao pastejo direto, fornecendo nutrientes essenciais para pequenos ruminantes.
- Panicum maximum cv. BRS Tamani: Com porte baixo e alta qualidade nutricional, essa forrageira se destaca pela resistência a pastejo contínuo e por seu baixo custo de manutenção.
Adaptação ao Solo e Clima
A adaptação das forrageiras às condições edafoclimáticas de cada região é um fator primordial para garantir a sustentabilidade das pastagens. De acordo com estudos da Embrapa de 2024, o uso correto de capins adaptados às condições locais pode aumentar a eficiência das pastagens e reduzir os custos com suplementação.
Para solos arenosos:
- Brachiaria decumbens
- Massai
- Andropógon
- Buffel
Para solos argilosos:
- Mombaça
- Tanzânia
- BRS Zuri
- Tifton 85
Para áreas úmidas:
- Humidícola
- Tangola
- Hemártria
- Estrela-africana
Para regiões secas:
- Buffel
- Andropógon
- BRS Paiaguás
- Massai
Manejo de pastagem
A escolha das forrageiras é apenas uma parte do sucesso na criação a pasto. O manejo adequado do solo e das pastagens é essencial para maximizar a produtividade e garantir a sustentabilidade da pecuária. A Embrapa recomenda práticas como:
- Análise e correção do solo para garantir uma melhor absorção de nutrientes pelas plantas.
- Estabelecimento adequado da pastagem e escolha das variedades mais apropriadas para o clima e solo da região.
- Manejo correto do pastejo, incluindo a implementação do pastejo rotacionado para garantir que o pasto recupere suas condições.
- Suplementação estratégica, especialmente em períodos de baixa oferta de forragem, como na seca ou durante a lactação.
- Monitoramento constante da qualidade e quantidade de pastagem, adaptando as práticas de manejo conforme necessário.
A implementação de técnicas adequadas de manejo, aliada à escolha correta das forrageiras, resulta em ganhos expressivos de produtividade e bem-estar animal. A assistência técnica especializada é essencial para garantir a eficiência do sistema de pastejo e adaptar as práticas ao contexto regional e às necessidades específicas de cada tipo de criação.
Escrito por Compre Rural
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ℹ️ Conteúdo publicado pela estagiária Ana Gusmão sob a supervisão do editor-chefe Thiago Pereira
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