Dia Internacional do Café: segunda bebida mais consumida do mundo vive incertezas e preços altos

Tarifaço dos EUA, leis europeias e consumo em queda acendem alerta para o futuro do grão; Brasil segue como líder global e aposta em sustentabilidade e qualidade para manter competitividade no mercado do café

O café, símbolo de tradição, cultura e sabor, é celebrado neste 1º de outubro, Dia Internacional do Café, data criada em 2015 para valorizar o legado de uma das cadeias produtivas mais importantes do planeta. Presente em 98% dos lares brasileiros e consumido por bilhões de pessoas diariamente, o café é a segunda bebida mais ingerida no mundo, ficando atrás apenas da água. No entanto, apesar da relevância e do prestígio, o setor enfrenta desafios globais que podem comprometer seu futuro.

Crise silenciosa: preços altos e retração do consumo de café

O Brasil, maior produtor e exportador mundial de café, vive desde 2020 uma fase marcada por eventos climáticos extremos, custos de produção em alta e tensões geopolíticas. A combinação desses fatores tem pressionado o mercado e encarecido o produto para o consumidor final.

Segundo a Associação Brasileira da Indústria de Café (ABIC), 24% dos brasileiros afirmaram ter reduzido o consumo da bebida — a maior taxa da série histórica. O principal vilão é o preço: nos últimos dois anos, o café acumulou alta superior a 70%, figurando entre os itens que mais contribuíram para a inflação, conforme dados do IBGE.

Esse encarecimento no varejo preocupa a indústria e ameaça a presença diária da bebida na mesa do consumidor. Mesmo fiel ao hábito, o brasileiro começa a sentir o peso no bolso, o que pode impactar a produção e as exportações a médio prazo.

Tarifaço dos EUA e lei antidesmatamento europeia: o peso das políticas internacionais

Além da pressão interna, o setor enfrenta barreiras externas que colocam em risco sua competitividade. Desde agosto, os Estados Unidos impuseram tarifas de 50% sobre as exportações brasileiras de café, medida que vem sendo chamada de “tarifaço” e já acende alertas em toda a cadeia.

De acordo com Marcos Matos, diretor-geral do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé), o país atua para reverter o imposto e abrir diálogo com as autoridades norte-americanas. “Nos EUA, o setor atua de forma decisiva para abrir o diálogo com as contrapartes norte-americanas”, afirmou o executivo.

Na União Europeia, outro obstáculo desafia o setor: a nova lei antidesmatamento, que proíbe a importação de produtos provenientes de áreas desmatadas. O Cecafé reforça que a cafeicultura brasileira é carbono negativo, ou seja, sequestra mais carbono do que emite, e está alicerçada em práticas de sustentabilidade social, ambiental e econômica.

Qualidade e confiança: o trunfo brasileiro

Apesar das incertezas, o café brasileiro continua sendo referência mundial. Segundo Celírio Inácio, diretor-executivo da ABIC, 87% dos consumidores reconhecem o selo de qualidade da entidade — um sinal de confiança mesmo em tempos de crise.

“O café está presente na rotina de quase todos os brasileiros, e nosso papel é garantir que ele continue chegando à mesa com qualidade e segurança alimentar”, destaca Inácio.

Matos reforça que o grão representa um legado nacional e que a data é uma oportunidade de reafirmar o compromisso com a excelência: “Neste Dia Internacional do Café, um produto que é orgulho do Brasil e que, em 2027, completará 300 anos no país, reafirmamos o compromisso em promover a sustentabilidade, competitividade e eficiência do setor”.

Perspectivas para o futuro

O cenário de altos preços, consumo em queda e protecionismo internacional impõe desafios à cadeia produtiva. No entanto, a liderança do Brasil, a qualidade reconhecida mundialmente e o investimento contínuo em sustentabilidade indicam que o país segue preparado para enfrentar as turbulências.

Vale lembrar nesse Dia Internacional do Café, que ele é mais do que uma bebida: o café é um símbolo da identidade brasileira, e o fortalecimento de políticas públicas, certificações e inovação pode garantir que ele continue sendo motivo de orgulho nacional e de competitividade global.

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