Do confronto ao diálogo: Lula sinaliza nova era nas relações com Trump e os EUA

De olho em aliviar o “tarifaço” de Trump, Lula prega entendimento e diz que Brasil e EUA devem atuar “como parceiros, não rivais”; Trump elogiou Jair Bolsonaro na frente de Lula

Os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Donald Trump se encontraram na tarde deste domingo (26), madrugada no horário de Brasília, na Malásia. “Vamos chegar a um acordo”, garantiu o presidente dos EUA sobre as negociações com o Brasil. O petista ainda declarou que “haveria boas notícias” depois do encontro.

O encontro, que durou cerca de 45 minutos, é o primeiro entre os dois desde uma rápida conversa durante a Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), em setembro, e ocorre na esteira da imposição de tarifas de 50% sobre a exportação de produtos brasileiros para os EUA e de sanções a autoridades brasileiras em razão do julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

Mauro Vieira, Márcio Elias Rosa, do MDIC, e Audo Faleiro, diplomata da equipe do assessor especial da presidência Celso Amorim, acompanham a conversa ao lado de Lula. Do lado americano, estavam o secretário de Estado, Marco Rubio, o secretário do Tesouro, Scott Bessent, e o representante do Comércio, Jamieson Greer.

reuniao de trump com lula na malasia
Foto: Divulgação / X.com

Destaques da reunião

Questionado se os Estados Unidos reduziriam as tarifas sobre o Brasil, Trump indicou: “Vamos discutir isso por um tempo. Sabemos o que cada um quer”.

É uma grande honra estar com o presidente do Brasil — um grande país. É um país grande e lindo. Acho que conseguiremos fechar alguns bons acordos, como temos conversado, e acho que acabaremos tendo um ótimo relacionamento”, ressaltou o presidente norte-americano.

Donald Trump elogiou Jair Bolsonaro na frente de Lula. “Sempre gostei dele. Me sinto muito mal pelo que aconteceu com ele. Sempre achei que ele era direto, mas ele passou por muita coisa”, sugeriu. Contudo, quando perguntaram se ele discutiria do ex-presidente brasileiro com o petista, ele respondeu: “Não é da sua conta”.

Além de Bolsonaro, foi questionado se havia algo que o Brasil poderia oferecer para melhorar as relações com os EUA. “Provavelmente. Saberemos em 15 minutos. Eles podem oferecer muito e nós podemos oferecer muito”, reforçou.

Quando Lula reclamou que eles estavam perdendo tempo falando com a mídia, Trump rebateu: “A mídia nem precisa demorar tanto”. E completou: “suas perguntas são muito entediantes”.

O dólar é outro ponto sensível da discussão bilateral. Lula propõe a diminuição do uso da moeda em relações comerciais do Brics, bloco econômico que integra Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul.

Por outro lado, o presidente norte-americano discorda do projeto e já ameaçou elevar as tarifas dos produtos dessas nações caso a iniciativa avançasse no bloco.

Expectativas sobre as tarifas

Após a reunião, o chanceler brasileiro, Mauro Vieira, disse que a reunião “foi muito positiva” e que os dois países concordaram em negociar o tarifaço imposto ao Brasil. “A reunião foi muito positiva e esperamos em pouco tempo agora concluir uma negociação bilateral que trata de cada um dos setores da atual tributação americana ao Brasil”, disse Vieira.

Segundo Vieira, Trump disse que daria instruções à sua equipe para iniciar um processo de negociação bilateral ainda neste domingo. A expectativa do governo brasileiro é que, durante a negociação, as tarifas venham a ser suspensas, segundo Vieira.

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