Dupla é sugada por secador de soja e acabam mortos

Foi constatado, em primeiro momento, que os dois homens morreram asfixiados por conta da grande quantidade de soja que havia no recipiente; Eles estavam sem EPI.

Dois funcionários morreram após serem sugados por um secador de soja em uma fazenda na BR-174, em Pontes e Lacerda (a 441 km de Cuiabá). Mizael Lucas Duarte Lopes, de 22 anos, e Elison Carlos Ferreira, de 38 anos, estavam trabalhando, quando caíram dentro do equipamento e foram sugados.

O acidente aconteceu no último sábado (12). Segundo o boletim de ocorrência, funcionários da fazenda acionaram a Polícia Militar e o Corpo de Bombeiros. Ao chegar na fazenda, as equipes encontraram os funcionários empenhados, com tratores e maçarico, tentando abrir a lateral do secador para retirar os dois colegas de trabalho.

À polícia, as testemunhas contaram que Mizael e Elison estavam dentro do secador retirando a soja que fica nas laterais, para jogar no funil, quando uma das ferramentas caiu. De acordo com os funcionários do local, ninguém utilizava equipamento de proteção, apesar de ser indispensável o uso de equipamento de proteção individual (EPI) para esse tipo de tarefa.

Elison tentou pegar a pá, mas escorregou e foi sugado pela soja. Nesse momento, o outro trabalhador, Mizael, tentou salvar o colega e também acabou escorregando, sendo sugado pela soja em seguida. Outro funcionário contou ainda que tentou jogar uma corda para socorrer os dois, mas eles afundaram muito rápido na quantidade de soja.

Após algumas horas de muito trabalho, os bombeiros conseguiram retirar os corpos das vítimas, que foram asfixiadas pela grande quantidade de soja que tinha no recipiente de secagem.

A Polícia Civil e a Politec foram acionadas para a apuração e perícia no local. Levantamento inédito da BBC News Brasil revela que ao menos 106 pessoas morreram em silos agrícolas no país na última década; ‘dados são estarrecedores’, diz especialista em acidentes de trabalho, que aponta descumprimento de normas de segurança como principal causa.

Levantamento inédito revela que ao menos 106 pessoas morreram em silos agrícolas

Acidentes como esse em armazéns agrícolas têm se tornado frequentes conforme o agronegócio brasileiro bate sucessivos recordes – expondo um efeito colateral pouco conhecido da modernização do campo.

Um levantamento inédito feito pela BBC News Brasil revela que, desde 2009, ao menos 106 pessoas morreram em silos de grãos no país, a grande maioria por soterramento. Cada vez mais comuns nas paisagens rurais do país, silos são grandes estruturas metálicas usadas para armazenar grãos, evitando que estraguem e permitindo que vendedores ganhem tempo para negociá-los.

Foram contabilizados apenas casos noticiados pela imprensa – o que, segundo especialistas, indica que as ocorrências sejam ainda mais numerosas, pois nem todas as mortes são divulgadas.

O ano com mais acidentes fatais foi 2017, quando houve 24 mortes, alta de 140% em relação ao ano anterior. Em 2018, houve 13 ocorrências até julho – sinal de que as mortes devem se manter no mesmo patamar de 2017, considerando-se o histórico de distribuição das ocorrências ao longo do ano.

Os Estados que tiveram mais casos são os mesmos que lideram o ranking de produção de grãos: Mato Grosso (28), Paraná (20), Rio Grande do Sul (16) e Goiás (9). Houve mortes em 13 Estados distintos, em todas as regiões do país.

Sorriso (MT), o município brasileiro com maior valor de produção agrícola – R$ 3,2 bilhões em 2016, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) – foi também o que registrou mais mortes em silos, empatado com a também mato-grossense Canarana, com sete casos cada.

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