“É bobagem emprenhar novilha de 13 meses”, diz um dos maiores pecuaristas do Xingu

O futuro da pecuária de corte divide opiniões: enquanto uns defendem a tecnologia da superprecocidade — com a prática de emprenhar novilha de 13 meses como símbolo de modernização e eficiência —, outros alertam que a verdadeira revolução pode estar na marmorização da carne e na busca por sistemas mais equilibrados, sustentáveis e lucrativos.

A busca incessante por encurtar o ciclo produtivo e aumentar a rentabilidade na pecuária de corte colocou a novilha superprecoce no centro das estratégias de produção. Contudo, vozes experientes do setor, como a que participou do debate no MF Cast, alertam para os perigos de uma abordagem que, segundo eles, pode ser “bobagem” e desconsiderar a fisiologia fundamental do animal.

O ponto central do pecuarista que defende o método mais tradicional no podcast é a maturidade estrutural e reprodutiva da fêmea. “A fêmea Nelore, ela não foi feita para isso”, argumenta. A lógica apresentada é direta: uma novilha emprenhada aos 13 meses parirá por volta dos 22 meses. Nesta idade, ela ainda está em fase de crescimento. O desafio de nutrir um bezerro ao pé enquanto precisa completar seu próprio desenvolvimento corporal se torna um dreno metabólico gigantesco. Siga a leitura e acompanhe o Compre Rural, aqui você encontra informação de qualidade para fortalecer o campo!

“Ela vai falhar. Ela não tem estrutura para reenxertar”, crava o produtor. Essa “falha” significa que, após o primeiro parto, a vaca primípara não conseguirá conceber novamente na estação de monta seguinte, quebrando o ciclo ideal de um bezerro por ano. A recomendação dele é clara: “Deixa ela enxertar com 20, 24 meses, para ir lá parir com seus 30 meses. E, daí uns 90 dias, ela está prenha de novo.”

A tecnologia por trás da superprecocidade

Do outro lado da discussão estão os defensores da intensificação, que veem a prenhez aos 13 meses não como um acaso, mas como o resultado de um pacote tecnológico robusto. Para que a superprecoce seja viável, não basta apenas colocar o touro com as novilhas. É preciso um tripé de excelência:

  • Genética de Ponta: A seleção de linhagens com alta precocidade sexual é o primeiro passo.
  • Nutrição de Precisão: Desde o creep-feeding até um pós-desmame com suplementação de alto nível, a nutrição é a chave para que a novilha atinja o peso mínimo para reprodução sem comprometer seu desenvolvimento.
  • Manejo Sanitário e Reprodutivo: Um protocolo sanitário rigoroso e o uso de técnicas como a IATF são cruciais para garantir altas taxas de concepção.

Para os adeptos, a novilha precoce é o reflexo de um sistema de produção moderno e preciso.

Um novo paradigma no horizonte: Marmorizar a carne

Curiosamente, o debate levanta uma terceira via, um novo foco que pode redefinir as prioridades da seleção Nelore. O pecuarista veterano sugere que a obsessão pela precocidade pode estar ofuscando o próximo grande salto de qualidade para a raça: a marmorização da carne.

“Nós temos que agora trabalhar para marmorizar a carne do Nelore”, afirma. Essa declaração aponta para uma pecuária que busca agregar valor ao produto final. A carne marmorizada alcança preços superiores, e focar nessa característica pode ser mais lucrativo a longo prazo do que simplesmente “fazer precocinho”.

vaca novilha e bezerra nelore com brincos de identificacao - rastreabilidade fotao
Foto: Marcus Mesquita/Divulgação

Não existe resposta única

O debate expõe uma verdade fundamental da pecuária brasileira: não há uma “receita de bolo”. A decisão entre emprenhar uma novilha aos 13 ou aos 24 meses depende radicalmente do sistema de produção de cada fazenda.

  • A superprecocidade é uma estratégia de alta tecnologia e alto investimento.
  • O ciclo tradicional (24 meses) representa um caminho mais seguro e resiliente para sistemas mais extensivos.

No fim, a discussão popularizada pelo MF Cast é um sintoma saudável da evolução do setor, mostrando o equilíbrio constante entre inovação tecnológica e os fundamentos da biologia animal.

Escrito por Compre Rural

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ℹ️ Conteúdo publicado pela estagiária Ana Gusmão sob a supervisão do editor-chefe Thiago Pereira

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