É possível ganhar 1,1 kg por dia na recria? Veja como produtores estão conseguindo

Jovem pecuarista, detalha em entrevista os três pilares essenciais para transformar a recria e engorda em uma fase de alta lucratividade, superando a marca de 1 kg de Ganho Médio Diário (GMD)

A fase de recria e engorda é, sem dúvida, um dos momentos mais decisivos na pecuária de corte. É nela que o potencial do bezerro é consolidado e o lucro do produtor é definido. No entanto, é também uma etapa de alto risco: um pequeno erro pode levar a grandes prejuízos. A boa notícia é que, com estratégia e planejamento, é possível não apenas mitigar os riscos, mas alcançar resultados extraordinários, como um Ganho Médio Diário (GMD) superior a 1,1 kg.

O segredo para essa performance foi detalhado pelo jovem pecuarista e empresário Victor Darido, que já orientou mais de 30 mil alunos em 19 países. Durante entrevista ao programa Giro do Boi, exibida no YouTube, Darido, que acumula mais de uma década de experiência prática, compartilhou a metodologia que o permite ter margens constantes e um negócio pecuário em contínua evolução. Siga a leitura e acompanhe o Compre Rural, aqui você encontra informação de qualidade para fortalecer o campo!

“A gente engrossa o couro à medida que vai tomando umas ‘lapadas’ no caminho. Eu apanhei bastante para aprender, e hoje trago a prática, o que funciona”, afirmou o especialista.

Segundo ele, o sucesso não depende de fórmulas mágicas, mas sim da aplicação consistente de três pilares fundamentais.

Os 3 pilares da recria e engorda lucrativa

Para Darido, a estabilidade e a rentabilidade do negócio, mesmo diante da volatilidade do mercado, se sustentam em três conceitos-chave:

Preço Médio:

O primeiro pilar é fugir da tentação de tentar “acertar” o melhor momento do mercado. A estratégia consiste em comprar e vender animais e insumos todos os meses. “Com isso, eu aumento minha exposição ao mercado. Ele sobe, ele desce, e quem faz média não se expõe a riscos exagerados. A gente está sempre compondo uma margem constante”, explica.

Baixo Custo de Produção por Arroba:

O segundo pilar desafia a ideia de que é preciso apenas “gastar pouco”. O foco deve ser em produzir uma arroba mais barata. Isso é alcançado com estratégias para diluir os custos fixos e maximizar o desempenho dos animais. “Muitas vezes, o gastar pouco resulta em baixo desempenho e uma arroba produzida cara demais. O objetivo é ter um ponto de equilíbrio baixo, que nos protege mesmo em cenários de mercado desfavoráveis”, ressalta.

Trava de Preços:

O terceiro pilar é a proteção. Utilizar ferramentas como contratos a termo com a indústria ou o seguro de preço mínimo para garantir a receita da operação de terminação é crucial. Questionado se trava 100% dos animais que entram na fase final, Darido foi enfático: “Na terminação, sim”.

Da pastagem ao cocho: A estratégia na terminação

Um dos pontos altos da entrevista foi a abordagem sobre a fase de terminação. A escolha entre Terminação Intensiva a Pasto (TIP), semiconfinamento ou boitel (confinamento terceirizado) não é fixa, mas sim uma decisão estratégica tomada a cada ciclo.

“Eu avalio o custo de oportunidade, a relação de troca, o investimento e o retorno de cada sistema. A flexibilidade é o caminho da pecuária lucrativa”, pontua Darido.

Para quem opta pela TIP, ele deixa um alerta valioso, baseado em seus próprios erros: “O erro mais comum é usar o pior pasto da fazenda para a TIP. Funciona? Sim. Engorda? Sim. Mas o custo de produção aumenta e a margem diminui.” A recomendação é clara: pasto de qualidade, água limpa e rigor nos horários de fornecimento do concentrado são inegociáveis.

A regra de ouro: “A Seca Começa nas Águas”

Para o período de entressafra que se inicia, Victor Darido deixou sua orientação mais importante: o planejamento é soberano e precisa ser antecipado.

“A seca começa nas águas, e as águas começam na seca. Se você entra na estação chuvosa com o pasto rapado demais, suas águas demoram a dar um pico de produção. Quando você vai explorar o potencial, a seca já voltou”, adverte.

A estratégia para uma seca produtiva e lucrativa envolve um tripé de ações planejadas ainda no final do período chuvoso:

  • Ajuste de lotação;
  • Diferimento de pastagens;
  • Ajuste na suplementação.

Ao final, a mensagem é clara: alcançar um GMD de mais de 1,1 kg na recria é perfeitamente possível, mas não é fruto do acaso. É o resultado de um trabalho baseado em planejamento, gestão e na execução extraordinariamente bem feita do básico, todos os dias.

Escrito por Compre Rural e com base na Entrevista concedida por Victor Darido ao programa Giro do Boi.

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ℹ️ Conteúdo publicado pela estagiária Ana Gusmão sob a supervisão do editor-chefe Thiago Pereira

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