
No primeiro semestre do ano foram embarcadas 958 mil toneladas, o que representa aumento de 332,6% na comparação com 2022
Em meio à polêmica sobre a decisão dos argentinos de cobrarem pedágio das embarcações que descem pelo Rio Paraguai com minérios e grãos, dados da Agência Nacional de Transportes Aquaviários (ANTAQ) mostram que os embarques de soja no terminal de Porto Murtinho dispararam no primeiro semestre deste ano, superando em 332,6% o volume do mesmo período do ano passado e ultrapassando a soma de tudo o que foi embarcado ao longo dos últimos quatro anos inteiros.
De janeiro até o fim de junho de 2023 foram despachadas 957.891 toneladas de soja pelo porto de Murtinho, ante 221.452 em igual período do ano anterior. Isso equivale a cerca de 20 mil carretas bi-trem que deixaram de percorrer as estradas rumo ao porto de Paranaguá ou outros portos brasileiros.
Por outro lado, isso significa que diariamente chega a Porto Murtinho mais de uma centena de carretas. Considerando que toda a soja tenha sido levada em bitrens com capacidade para 50 toneladas, chegaram à cidade diariamente uma média de 106 carretas, inclusive aos sábados, domingos e feriados ao longo de todo o primeiro semestre.
Mas, como boa parte dos caminhões leva volume menor, em torno de 35 toneladas, a quantidade de motoristas na cidade ultrapassa essa média diária. Além, disso, os embarques só começaram em meados de fevereiro e dispararam a partir de abril. Então, levando em consideração somente os embarques do segundo trimestre, a cidade recebeu, em média, 250 carretas por dia.
E geralmente estas carretas ficam longas horas ou até dias à espera para conseguir descarregar, o que automaticamente faz com que estes caminhoneiros aqueçam a economia da cidade pantaneira, localizada na região sudoeste do Estado, a 440 quilômetros de Campo Grande.
Para ter noção melhor do tamanho do crescimento em 2023 basta comparar com a movimentação dos quatro anos anteriores, cujos dados estão disponíveis no site da ANTAQ. Entre 2019 e 2022 foram embarcadas 863 mil toneladas de soja. Ou seja, o volume do primeiro semestre deste ano superou em 11% todos os embarques dos quatro anos anteriores inteiros.
Do total de 15 milhões de toneladas de soja colhidas neste ano no Estado, quase 7% já saíram por Porto Murtinho e previsão recente feita pelo secretário Jaime Verruck, da Semadesc, é de que o volume possa chegar a dois milhões de toneladas neste ano, o que elevaria esse pertual para perto de 15% da safra passando por esse novo corredor logístico. EXPLICAÇÕES
Uma das explicações para esta “explosão” nos embarques é a cheia do Rio Paraguai, que desde o final de janeiro está acima dos dois metros e em meados de março chegou a quase seis em Porto Murtinho, conforme dados disponibilizados diariamente pela Marinha.
Neste sábado (19), o rio amanheceu com 4,62 metros. No ano passado, no mesmo dia, estava em 2,84 metros e no ano anterior, apenas 1,67 metro. Naquele ano chegou a ficar com apenas 77 centímetros, acabando com qualquer possibilidade de transporte hidroviário.
E, como o nível também atingiu o maior patamar dos últimos cinco anos em Ladário, alcançando os 4,24 metros, existe a certeza de que ainda tem muita água para descer pelo Pantanal e a navegabilidade tende a se manter pelo menos até o final de outubro entre Corumbá e a região de Buenos Aires, na Argentina.
E está justamente na Argentina uma outra explicação para o repentino sucesso do terminal de Porto Murtinho. A estiagem no país vizinho derrubou drasticamente a produtividade das lavouras e por isso as indústrias argentinas estão sendo obrigadas a importar soja daqui.
O grande movimento surpreendeu até mesmo os operadores do terminal, o Grupo FV Cereais. Até meados de março haviam sido contratadas 650 mil toneladas, o que já era um montante histórico para o terminal. E, a expectativa otimista da empresa era chegar a até um milhão de toneladas. Os embarques ainda estão longe de acabar e essa ambiciosa meta já foi batida em julho.
E para dar conta da demanda, os embarques passaram a ser feitos durante as 24 horas do dia e os espaços para descarga dos grãos tiveram de ser ampliados, já que no local não existem silos para estocagem dos grãos.
Minérios
E não foi somente o transporte de soja que “explodiu” neste ano. Nos primeiros seis meses do ano também desceram pelo Rio Paraguai 3,4 milhões de toneladas de minério, o que é um volume em torno de 60% superior ao do primeiro semestre do ano passado e o maior já registrado pela ANTAQ.
A não ser que falte água no rio, a tendência é de que os números se mantenham ao longo dos próximos anos. Conforme previsão do secretário Jaime Verruck, as mineradores extraem atualmente em torno de 7 milhões de toneladas por ano e a previsão é de que este total chegue a 14 milhões nos próximos anos.
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